Energia nuclear: falsa solução para um falso problema
Professor da UFPE expõe as falácias, na sua visão, dos argumentos favoráveis ao uso deste tipo de matriz no Brasil. Para ele, o país não precisa de usinas nucleares
Heitor Scalambrini
Heitor Scalambrini
Existe uma ação de manipulação da opinião pública – concatenada pelo lobby nuclear – com foco em Pernambuco (nordeste), voltada a propagandear e defender a necessidade de se instalar usinas nucleares na região. Isso ocorre através de editoriais nos jornais, reportagens autopromotoras, entrevistas com “especialista”, tudo dirigido para subverter a opinião pública com informações no mínimo dúbias sobre esta fonte energética tão polêmica. Infelizmente não se pratica um jornalismo informativo, nem investigativo. Não se ouve e nem se dá o mesmo destaque ao outro lado da questão, aos críticos.
A falácia maior é a afirmativa de que não produz gases de efeito estufa, sendo assim uma “fonte limpa” de energia. Não levam em conta que para se obter o combustível nuclear são utilizados diversos processos industriais (mineração e produção do concentrado, conversão, enriquecimento, reconversão, fabricação de pastilhas e de elementos combustíveis…) que contribuem para a produção e emissão de considerável quantidade de CO2. Fonte limpa coisa nenhuma.
Não se justifica, tampouco, a afirmação de que essas usinas vão incrementar o desenvolvimento regional através de aumento do emprego e da renda, pois estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) comprovam que as indústrias ligadas às cadeias produtivas de energia eólica e de energia solar geram mais emprego e renda do que a cadeia da indústria nuclear.
Têm-se ainda os resíduos – o chamado lixo atômico – um dos enormes problemas dessa tecnologia de produção de energia elétrica. Esses resíduos são deixados para as gerações futuras, uma vez que não se sabe qual destinação dar a eles, cuja radiação permanece ativa por milhares de anos.
Concluindo: temos que dizer, em alto e bom som, que o Brasil, o Nordeste, e Pernambuco não precisam de usinas nucleares. Xô Nuclear.
Heitor Scalambrini Costa é professor na Universidade Federal de Pernambuco
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