O músico afirmou que os “sequestradores de aviãozinho” e os “arrancadores de unha” da ditadura
militar deveriam receber o mesmo tratamento da Comissão da Verdade
Redação
Redação
Sobre as manifestações de junho, Lobão culpa o PT por acomodar a população. Segundo ele, não houve movimentação contra os médicos cubanos, medida que o deixa indignado. “Todas as manifestações reivindicavam um Estado fornecedor”, analisou, e ainda reclamou que os protestos acabavam com seu direito de ir e vir. Quando se colocou na posição de político, ele disse que acabaria com o Bolsa Família e com a meia entrada. “A própria UNE falsifica a carteira de estudante”, acusou.
Quando questionado se era de direita, Lobão negou. “Dizer que sou de direita parece que digo que sou a favor da ditadura, da tortura, do racismo. Isso não cabe dentro de mim. Eu sou a favor do capitalismo”. Antes, porém, ele contou quais eram as suas bandeiras: “Sou a favor da livre iniciativa, da propriedade privada, da liberdade de expressão, do livre mercado e da diminuição do Estado”. E, quanto à esquerda, Lobão acha cafona: “Nunca fui de esquerda. Sempre achei deplorável aquela coisa ‘cachaça com linguiça’ do Luiz Gonzaga Junior”. Logo depois, ele afirmou que Gonzaga Junior, o Gonzaguinha, é sinônimo de esquerda.
Para o novo colunista da Veja, que se considera um “analista imparcial”, o Golpe de 1964 foi “necessário”. “Os militares pegaram armas e foram para o governo exclusivamente por causa do perigo de um golpe comunista, isso é óbvio”, contou, “comparando Cuba, Venezuela e Coreia do Norte, vejo que com a ditadura militar nós nos livramos de uma coisa pior. Você acha que aquilo ia acabar em boa coisa?”. Entretanto, em 1989, Lobão participou do Comício da Candelária, junto com Luiz Carlos Prestes, pedindo Diretas Já no Brasil.
Ao citarem uma entrevista para a Folha de S. Paulo na qual Lobão afirmou não acreditar em vítima da ditadura, o cantor mudou a versão do jornal. “Eu não acredito é na indústria da ditadura. Quem é de um lado da coisa é mais beneficiado do que o outro”. Para explicar, ele disse que a Comissão da Verdade deveria anistiar “quem sequestra aviãozinho, e também anistiar quem arranca unha”, sob a alegação de que tortura e sequestro eram crimes hediondos.
O comunismo para acabar com a competição
O músico fez uma análise confusa sobre o capitalismo de Estado. “Os grandes magnatas do capitalismo querem eliminar a concorrência, como a Odebrecht e o Eike Batista. Esses grandes capitalistas adotam o comunismo para acabar com a competição. Essa onda socialista está no Brasil e no mundo todo, até nos Estados Unidos”, relatou Lobão.
Quanto à legalização das drogas, ele disse: “Já militei pela legalização da maconha, mas hoje eu tenho muitas dúvidas”. O cantor também contou que, ao contrário do que acredita Mano Brown, ele já foi o “Rei da Favela” por conta de sua aproximação com traficantes de cocaína. Sobre a regulamentação da maconha no Uruguai, Lobão disse ter medo devido à guerrilha da Colômbia: “Pelo andar da carruagem, isso vai favorecer as Farc”. Ainda durante o programa, ele contou que os participantes da Marcha da Maconha o julgam pela utilização de drogas e que os militantes LGBT o acusam de ter tido um caso com Cazuza.
Lobão não costuma a aceitar as críticas que recebe. Para ele, elas são “fúria de idiotas”. “Eles não têm como me derrubar”, acredita. “Transformei minha história sórdida a meu favor”, alegou o cantor em referência aos seus problemas com drogas, ao suicídio de seus pais e à falta de contato com a própria filha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário