Café ajuda na melhora da memória e concentração, proteção contra a cirrose hepática, diabetes tipo 2, doença de Parkinson e depressão
Os benefícios do café
A bebida ajuda na melhora da memória e concentração, proteção contra a cirrose hepática, diabetes tipo 2, doença de Parkinson e depressão
Mário Cândido de Oliveira Gomes
Conforme o texto bíblico, entre 1010 a 970 a.C. foi oferecido ao rei David de Israel uma bebida feita a partir de grãos torrados. O próprio Maomé (570-632 a.C.) consumia uma bebida denominada qahwah, em árabe. Diz a lenda que a bebida foi descoberta por um pastor do lêmen - Kaldi, que observou a excitação das cabras após
a ingestão de frutas de um arbusto. Mas demorou treze séculos para a cafeína ser identificada pelo químico alemão Ferdinand Rounge, em 1820. Além da cafeína, foram isolados mais de mil produtos químicos no café, sendo alguns, como os ácidos clorogênicos, bem mais abundantes. Também possui um grande número de compostos voláteis (quinidinas, niacina, magnésio, etc.), que lhe dão aroma e sabor. Até o momento não se sabe exatamente quais os derivados do café após a torra responsáveis pelos efeitos benéficos da bebida (proteção das células, estimulação, aumento da sensibilidade à insulina, etc). Porém, seguramente não é a cafeína, embora seja a mais estudada.
Também é completamente infundada a afirmação de que a cafeína faz mal à saúde. Em quantidades moderadas - o equivalente a 400-500mg/dia, dose de três a quatro xícaras -, a cafeína não é prejudicial ao organismo, desde a gestação até o fim da vida. Por isso, o consumo não está associado ao infarto do coração, nem a qualquer tipo de câncer ou má formação fetal, doença fibrocística da mama ou aborto. Ainda não é responsável pelo descompasso do coração (arritmias) ou úlceras gástrica e duodenal, em pessoas normais.
Entre os benefícios do café, citam-se melhora da memória, concentração e atenção, proteção contra a cirrose hepática, diabetes tipo 2, doença de Parkinson e depressão, diminuição no risco de inflamação do pâncreas e
redução do suicídio.
Em relação à cirrose do fígado, "os indícios de que o café protege o órgão não autorizam o consumo exagerado de bebidas alcoólicas", nem a falta de tratamento das hepatites B e C. Todavia, o consumo de chá, que também tem cafeína, não faz a prevenção da cirrose, indicando que não é essa substância a responsável por tal benefício. Por outro lado, a troca do café preparado em cafeteiras para o café filtrado reduz os níveis do mau colesterol (LDL) e pode ter contribuído para a diminuição da incidência de doença arterial coronária na Finlândia. O risco de aparecimento do diabetes tipo 2, que surge após os 40 anos de idade, principalmente em pessoas obesas, é menor nas pessoas que consomem café diariamente. Neste caso, o café funciona à semelhança de alguns antidiabéticos orais, isto é, aumentando a sensibilidade das células à insulina. O lado negativo da ingestão habitual de café é o aumento da pressão arterial e a maior incidência de câncer de bexiga.
Finalmente, é bom ressaltar que os efeitos do café sobre o organismo são objeto de estudo há décadas, "existindo muitos pontos obscuros entre seu consumo e a saúde". Também há dúvidas a respeito dos processos químicos responsáveis pelos benefícios já comprovados. Discussões científicas à parte, a ingestão de uma xícara fumegante de café é sempre apreciada durante uma reunião de negócios, para receber uma visita ou dar uma pausa durante a rotina do trabalho.
Artigo extraído do livro "Doenças, conhecer para prevenir" (volume 1 - Ottoni Editora - págs. 256 a 257), de autoria do médico infectologista Mário Cândido de Oliveira Gomes, falecido aos 77 anos no dia 6 de junho de 2013.
Notícia publicada na edição de 06/01/14 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 006 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
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