Qual a melhor maneira de combater a obesidade?10 fotos A obesidade é considerada a doença epidêmica do século 21 para a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, metade dos adultos são obesos, número similar ao encontrado nos países ricos. Por isto, foi criado o Dia Internacional de Combate à Obesidade, celebrado em 11 de outubro, para conscientizar a população dos malefícios causados à saúde pelo excesso de peso. A educação é o primeiro passo
Rémi Barroux
Rémi Barroux
Inúmeros fatores explicam essa mudança. A "transição nutricional", ou seja, a mudança de comportamento e da alimentação se deu rapidamente. "Mais densidade calórica e energética, mais gordura e açúcar, o aumento do tamanho das porções, uma alimentação mais acessível e disponível, a perda dos modelos culturais tradicionais são todos fatores que caracterizam essa transição nutricional", analisa o professor Arnaud Basdevant, do serviço de nutrição no Hospital de Pitié-Salpêtrière. As migrações para as cidades, a sedentarização com mobilidade reduzida, os poluentes urbanos agravaram o fenômeno.
Segundo diferentes estudos, a obesidade representaria entre 2% e 5% dos gastos com saúde nos países industrializados. Na Europa, a Comissão Europeia havia calculado esse montante em 7% dos gastos com saúde pública: "Um número que continuará a aumentar diante da tendência crescente da obesidade", afirmou a Comissão no final de 2005. Na França, em um estudo publicado no "La Presse Médicale" em 2007, a soma variava entre 2,6 e 5,1 bilhões de euros (R$ 8,4 a R$16,5 bilhões), mais de 6 bilhões se forem levados em conta os custos das interrupções no trabalho associadas a essa patologia.
Em seu relatório "A obesidade e a economia da prevenção" (2010), Franco Sassi, economista da saúde na Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômicos, observou que "uma pessoa obesa gera gastos com saúde 25% maiores do que uma pessoa de peso normal". Sassi apontava para o fato de que os mais afetados eram as pessoas mais vulneráveis do ponto de vista social e econômico: "Os indivíduos obesos ganham até 18% a menos que os não-obesos".
Nos países emergentes, as pessoas mais expostas aos riscos da obesidade em muitos casos foram afetadas primeiro pela desnutrição. "As crianças cuja mãe sofreu desnutrição ou que elas mesmas a tenham vivido se tornam obesas ou diabéticas com mais facilidade; isso foi constatado na Índia", explica o professor Basdevant. "Quanto mais rápidas são as mudanças de comportamento alimentar, mais rapidamente a obesidade se instala". É uma forma de dupla punição. "Nos países da América do Sul, observa-se a coexistência, em uma mesma região, uma mesma cidade ou até mesmo uma mesma família, de casos de desnutrição e de sobrepeso", ele diz.
A obesidade não é mais um problema de responsabilidade individual. "Em geral, e particularmente nesses países, o combate não se dá no nível do indivíduo, pois se trata de uma doença crônica, associada à evolução dos modos de vida e do meio ambiente", analisa Basdevant. "Cabe aos governos pensar as políticas de saúde e de nutrição, tanto nas escolas como nas empresas, mas também as políticas urbanas e de transporte."
O relatório da ODI insiste na insuficiência de políticas públicas para o combate à obesidade. "Os dirigentes devem ser menos temerosos em suas tentativas de influenciar o tipo de alimentação que vai parar em nossos pratos", afirma Steve Wiggins. Nestes tempos de globalização que uniformiza os costumes alimentares, os dois autores também ressaltam a responsabilidade dos mercados e dos preços agrícolas. Essa constatação foi feita pelo Banco Mundial, que observa que "com a persistência dos altos preços dos alimentos e provavelmente cada vez mais instáveis, as calorias 'ruins' tendem a custar mais barato que as boas."
Tradução: UOL
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