terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A guerra dos iogurtes: nada pode competir com o iogurte grego?


Por Juliana Santin - postado em 07/02/2014

No começo, havia iogurte. E era bom. Então, surgiu o iogurte grego e as pessoas declararam que ele era ainda melhor. Depois que o iogurte grego abriu as portas dos Estados Unidos, outros iogurtes estilo internacional seguiram o mesmo caminho. Dessa forma, os consumidores americanos estão encontrando produtos lácteos vietnamita, australiano, búlgaro e islandês nas prateleiras dos supermercados.

Os iogurtes “estilo internacional” continuam sendo lançados, cada um enfatizando suas qualidades únicas que os tornam uma excelente “alternativa” ao iogurte grego; seja seu teor de proteína, sua textura, sua baixa quantidade de açúcar ou seu sabor único. Porém, algum desses novos iogurtes pode realmente competir com a popularidade do iogurte grego?

O iogurte grego foi o maior direcionador das vendas de iogurtes em 2013 e em anos anteriores, de acordo com a Mintel. As vendas de iogurtes aumentaram em 40% desde 2008, à medida que os consumidores continuam demandando alternativas de lanches mais saudáveis, direcionados pela popularidade de variedades e marcas de iogurtes gregos.

 Parte do sucesso do iogurte grego está em sua característica de ser totalmente natural, uma clara atração para os consumidores mais afluentes, de acordo com a Mintel. O sucesso do iogurte grego, tipicamente com baixo teor de gordura ou totalmente sem gordura feito com ingredientes naturais é uma prova da crescente demanda por alternativas mais saudáveis. Muitos dos processadores de iogurte grego estão enfatizando seu aspecto saudável e seu alto teor de proteína quando o comercializa.

Porém, o iogurte grego não é mais o único iogurte do mercado que pode oferecer essas características. Muitos outros iogurtes internacionais estão surgindo com opções comparáveis, alguns deles com todas essas qualidades, alguns com algumas delas. A proteína é um ponto especialmente grande de apelo para o iogurte grego e muitos processadores estão respondendo à demanda por alto teor de proteína.

Um lançamento recente no mercado que tem esse apelo à proteína é o Tarté Asian Yogurt, produzido pela Tarte Foods LLC, Santa Monica, Califórnia. Esse iogurte estilo vietnamita tem uma textura mais leve e um sabor menos doce comparado com a maioria dos iogurtes, tendo um alto teor de proteína (aproximadamente 13 a 14 gramas de proteína por porção de 170 gramas). Está disponível em sabores únicos, como chá verde e mel, manga e coco. De acordo com o fundador da Tarté Asian Yogurt, Winston Lee, o iogurte estilo vietnamita é feito com o açúcar e o leite cozidos e caramelizados juntos antes da cultura; criando um sabor levemente doce e cozido, muito similar à forma de fazer doce de leite. O resultado é um sabor tradicionalmente menos doce, sem adição de frutas, com uma textura leve e cremosa, similar ao iogurte estilo francês.

Outro com ênfase na proteína é o Smári Organics, de Petaluma, Califórnia, que criou o iogurte orgânico, de vacas criadas a pasto, que tem 17 a 20 gramas de proteína por porção de 170 gramas.

O consumidor pode encontrar iogurte de todo lugar do mundo atualmente. Existe o iogurte búlgaro Trimona, que é feito com leite orgânico de vacas criadas a pasto, com baixo teor de açúcar; os iogurtes estilo europeu Müller Corner e Müller FrütUp, da MüllerQuaker Dairy; e o Noosa Finest Yoghurt, estilo australiano, com sabores exóticos, como maracujá.

Posicionar o iogurte como uma sobremesa, como a Tillamook County Creamery fez com seu iogurte, está levando ao lançamento de sabores além dos tradicionais morango, framboesa e limão. Os processadores estão agora lançando sabores exóticos, como maracujá e morango com graviola.

As companhias de iogurtes estilo internacionais não são as únicas que estão tentando competir com o mercado de iogurte grego. Os processadores de iogurtes convencionais estão fazendo o que podem para se manter, seja com novas embalagens, seja criando sabores únicos ou blends especiais, ou simplesmente lançando uma opção de iogurte grego em sua linha de produtos.

 É o caso da Tillamook que recentemente adicionou o iogurte Farmstyle Greek à sua linha. Trata-se de um iogurte grego natural e com alto teor de proteína (14 gramas de proteína em ma porção de 150 gramas).

As gigantes do setor de iogurte Dannon e Yoplait lançaram novas opções de iogurte grego a suas linhas no ano passado, a Dannon com o Activia Greek e a Yoplait com uma nova linha de iogurtes gregos, com sabores como coco e abacaxi.

A essência de tudo isso é que, embora o iogurte grego domine o assunto, isso no final das contas tem ajudado a categoria de iogurtes como um todo. Essa é a razão da abertura das portas para esses novos produtos estilo internacionais, que entraram no mercado.

“O iogurte grego mostrou que há um prêmio no mercado que as pessoas estão dispostas a pagar por um iogurte de alta qualidade”, disse Lee. “Antes do iogurte grego, a categoria de iogurtes era commoditizada, sem diferença entre o iogurte de marca própria dos supermercados e os das principais marcas, como Dannon e Yoplait. Todos custavam US$ 0,50 o copo e as pessoas compravam o que estava à venda. Então, surgiu o iogurte grego custando US$ 1,79-US$ 2,00 e toda a categoria mudou, por causa da proposta de valor que eles ofereceram; maior teor de proteína, ingredientes naturais, sem amido, etc”.

Isso deu à Lee a confiança de experimentar e lançar novos estilos internacionais e realmente competir com as principais companhias. “A guerra de preços do iogurte grego que vem ocorrendo agora está começando a tornar a subcategoria do iogurte grego um tanto quanto commoditizada e é por isso que eu acho que estamos começando a ver mais estilos internacionais. Eles são novos, únicos e diferentes dos gregos. Você pode ter agora iogurte australiano, islandês, estilo Quark alemã e vietnamita”.

Uma questão que ainda permanece é se alguma dessas outras companhias de iogurtes será capaz de abocanhar uma porção maior do mercado e competir com o mercado de iogurte grego. O artigo é da editora associada da revista Dairy Foods, Sarah M. Kennedy.

Direitos reservados
Este conteúdo é de uso exclusivo do autor, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem a prévia autorização do mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário