Mais uma vez a forte estiagem e altas temperaturas registradas no início do ano seguem influenciando a produção do café. Desta vez, o verão mais quente e seco dos últimos 71 anos, está contribuindo para o amadurecimento prévio dos cafés cerejas.
Esse fator resulta em duas situações: por um lado, o adiantamento da colheita, por outro, muitos grãos apresentam defeitos. “Os cafés estão chochos, parecendo isopor de tão leves”, explicou Carlos Paulino, presidente da Cooxupé – maior cooperativa de cafeicultores do mundo – que tem sede em Guaxupé-MG.
Por conta dessas deformidades apresentadas, a maioria dos produtores está precisando de um volume muito maior de café para encher a saca de 60 quilos. No caso da Cooxupé, as lavouras velhas tem tido melhor rendimento com cerca de 620 litros para preencher uma saca beneficiada, enquanto nas lavouras novas, o número cresce para 670 litros. Em uma temporada normal, uma saca encheria com 420 a 500 litros de café.
Segundo o engenheiro agrônomo Celso Scanavachi da Coopinhal (Cooperativa dos Cafeicultores da Região do Espírito Santo do Pinhal). “Os grãos estão miúdos e isso está afetando também nossa exportação. Para as plantações mais novas estamos precisando de mais de 1.000 litros para encher uma saca, enquanto que para as adultas são necessários de 700 a 1.000 litros”.
A Coopemar (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Marília) divulgou que os pequenos produtores associados já colheram cerca de 70% do total, enquanto os médios e grandes estão na faixa de 50 a 60%. Mesmo índice colhido pela Coopinhal.
Já a Cooxupé declarou que os cooperados do estado de São Paulo estão com 29% da colheita realizada, enquanto o sul de Minas Gerais (região muito afetada pelo calor e pela seca) segue bem adiantado para 37%, ante uma expectativa de 25% e o cerrado mantém a normalidade com 14%.
O que já pode ser analisado por algumas cooperativas e estudiosos do mercado nacional é de que a quebra na safra brasileira será grande. “As baixas no sul de Minas devem chegar a 30%, no cerrado talvez um pouco menos”, projetou Carlos Paulino.
O que já pode ser analisado por algumas cooperativas e estudiosos do mercado nacional é de que a quebra na safra brasileira será grande. “As baixas no sul de Minas devem chegar a 30%, no cerrado talvez um pouco menos”, projetou Carlos Paulino.
A estimativa inicial da Coopemar era de 100.000 sacas, mas com os defeitos apresentados nos grãos e a maior quantidade utilizada para conseguir uma saca beneficiada, esse número deve descer para cerca de 80.000 sacas.
Números mais surpreendentes têm a Coopinhal. “Teremos cerca de 30 a 40% de quebra na produção porque o grão não granou”, previu Alexandre Huseman, presidente da cooperativa.
A safra do ano que vem também deve ser comprometida, já que o café é uma cultura perene. Sendo assim, a grande estiagem e as altas temperaturas afetaram o desenvolvimento de novos ramos, que consequentemente darão menos quantidade de cafés. “Nós temos verificado, que em muitas regiões, ao invés de 10 a 12 internódios (intervalos entre as gemas do crescimento do caule), que seria o normal, estão aparecendo apenas de 4 a 5”, completou Huseman.
Qualidade do café
Apesar das baixas detectadas na maioria das regiões do país, apenas o rendimento do café deve ser afetado. A qualidade da bebida segue boa e o clima tem sido preponderante para isso. A falta de chuvas contribui para um melhor preparo do grão, assim como temperaturas médias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário