Foto: Carol Da Riva/ Café Editora
O mercado global do café está cada vez mais especulativo, de acordo com o Bureau de Inteligência Competitiva do Café, um dos programas desenvolvidos pela Universidade Federal de Lavras (Ufla). Na análise dos estudiosos, esse efeito deriva das incertezas da safra 2014-15, gerada pelos problemas climáticos e presença de pragas nas plantações.
Para manter condições de produção, o setor busca se mobilizar em diversos países, destacados no Relatório Internacional de Tendências do Café, divulgado ontem, 16 de junho. Confira abaixo um trecho da análise:
Sobre a Produção
Na América Central, as políticas de mitigação dos impactos negativos provocados pelo surto de ferrugem têm mudado o foco de suas ações. O receio de alterar a qualidade da bebida reconhecida mundialmente tem feito com que muitos produtores busquem soluções alternativas à substituição das lavouras por variedades resistentes, como nutrição adequada das plantas, assistência técnica de qualidade, utilização correta e aplicação eficiente de defensivos, controle preventivo, dentre outros.
A diferenciação dos produtos aliada à união entre produtores na busca por maior poder nas transações, é um importante meio de aumento da competitividade. Neste contexto, o aumento da demanda por cafés especiais, assim como os orgânicos, tem garantido uma melhor remuneração aos agricultores, que estão se unindo em cooperativas e sindicatos especializados neste segmento.
É cada vez maior a interferência governamental nas questões da cadeia do café, assim a iniciativa pública se tornou uma importante aliada dos produtores. Quando realizadas de maneira consciente, focada nas reais necessidades de cada país, esta parceria tem garantido o sucesso da atividade, o que beneficia toda a sociedade e economia local, principalmente das regiões mais dependentes da atividade cafeeira.
Clima
Meteorologistas e vários estudiosos de várias partes do mundo afirmam que a ocorrência do fenômeno El Niño irá prejudicar a produção cafeeira em diversos países. Segundo eles todos os principais produtores serão afetados de alguma forma, mesmo que em intensidades diferentes. Estas informações vêm influenciando no mercado global do produto, gerando uma série de especulações nas previsões de safra e nos preços futuros.
América Central
Preocupado com a redução na oferta de cafés especiais da América Central ao mercado norte-americano e com a elevação nos preços do produto que isso pode causar, o governo dos Estados Unidos, através da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciou um projeto de 5 milhões de dólares, em parceria com o Centro Mundial de Pesquisa de Café no Texas, para ajudar a mitigar os impactos da ferrugem e recuperar a produção de café na região. As medidas focarão na pesquisa de variedades resistentes à doença que se adaptem bem às condições da região e mantenham a qualidade do produto. Segundo Mark Feierstein, diretor adjunto da USAID, além da questão econômica há também grande preocupação com problemas sociais como desemprego, desnutrição e aumento da produção de ilícitos, e além deste projeto, outras medidas de apoio vêm sendo tomadas pela agência, totalizando um investimento de aproximadamente 14 milhões de dólares.
Costa Rica
Um plano desenvolvido por quatro agências governamentais, em conjunto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), investirá aproximadamente 2 milhões de dólares na implementação de uma série de medidas durante três anos. O objetivo é melhorar a competitividade da cafeicultura do país através do aumento da produção e da utilização eficiente de recursos, a fim de otimizar o processo produtivo e mitigar os impactos ambientais.
O projeto trabalhará com cerca de 800 pequenos produtores e 3 centros de processamento locais, que receberão tecnologia e assistência técnica para produzirem mais e com maior consciência ambiental.
Dentre as principais medidas a serem tomadas para atingir o objetivo estão: melhor uso de insumos, sombreamento de lavouras com árvores de grande porte e melhoria dos fornos em eficiência energética para secagem do café. Com tudo isso, espera-se que a Costa Rica torne-se um país NAMA (Nationally Appropriate Mitigation Actions ) podendo ser elegível a receber apoio financeiro do programa internacional de mitigação das mudanças climáticas, patrocinado pelos governos da Alemanha e da Inglaterra.
Honduras
A Secretaria de Agricultura e Pecuária de Honduras anunciou que investirá aproximadamente 18 milhões de dólares para o desenvolvimento e ampliação do segmento de cafés especiais do país. O projeto visa ampliar o reconhecimento da qualidade do produto no mercado internacional e os investimentos serão voltados para assistência técnica em produção com qualidade, aquisição de equipamentos pós-colheita, processamento de dejetos, produção e processamento de fertilizantes foliares orgânicos, construção de estruturas para funcionários, dentre outros.
El Salvador
A crise provocada pela ferrugem na cafeicultura afetou drasticamente o país tanto no âmbito econômico quanto no social. A produção da última safra foi a menor dos últimos 100 anos o que gerou grande queda na receita por exportações e aumento no índice de desemprego. A demora na tomada de medidas mitigadoras prejudicou bastante o controle e agora o governo realizou a compra de insumos para matar os fungos. Segundo o Ministério da Agricultura (MAG), foram destinados mais de 2 milhões de dólares para aquisição de defensivos através do mecanismo de leilões eletrônicos da Bolsa de Produtos (BOLPROS).
O relatório completo está disponível no site do Bureau.
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