Quem assistiu à Copa do Mundo na tela da Globo se deparou com um mar de entrevistas exclusivas com a Seleção Brasileira. Quase todos os programas da programação do canal tiveram seus privilégios com os jogadores e comissão técnica do Brasil durante o torneio. Entrevistas e informações exclusivas fizeram parte de toda a cobertura do canal na Copa.
Para quem tenta encontrar culpados pelo vexame do Brasil no torneio Mundial, a Globo certamente é um dos alvos. Os privilégios cedidos pela CBF à emissora carioca foram vários. Logo no começo da preparação da Seleção, Luciano Huck invadiu o treino do Brasil com um garoto que sonhava conhecer os jogadores. O restante da imprensa, quase mil credenciados, ficou em um ambiente reservado aos jornalistas olhando o apresentador global dentro do campo.
Nas demais Seleções favoritas à Copa, isso não aconteceu. Pelo contrário, todas elas fecharam os treinos à imprensa.
O programa “Esquenta” também teve seu dia de “estrela”. Mumuzinho invadiu o vestiário dos jogadores e conversou com exclusividade com vários atletas como Neymar, David Luiz, Daniel Alves e outros. Além disso, enquanto as demais Seleções se concentravam na Copa, o repórter da atração de Regina Casé fazia pagode com os jogadores.
Além disso, enquanto jornalistas ligados à outros veículos aguardavam as coletivas de imprensa para terem, às vezes, oportunidade de uma pergunta ao entrevistado, a Globo desfrutou de Felipão, técnico do Brasil, no “Jornal Nacional”, com absoluta exclusividade. Direto da Granja Comary, Galvão Bueno e Patrícia Poeta entrevistaram Luiz Felipe Scolari.
Mas tudo isso não foi de graça. Nos 30 dias de Copa do Mundo, a Globo deflagrou pouquíssimas críticas à Seleção comandada por Felipão. As raras que existiram, eram suaves, quase imperceptíveis. Uma mão lava a outra.
A campanha da Globo a favor da Seleção e dos comandantes foi tamanha que acreditou-se que o Brasil tinha, de fato, um time capaz de ganhar a Copa do Mundo. As vitórias sofridas em adversários fracos foram tratadas como “heroicas” e jogadores abaixo do nível dos companheiros alemães, holandeses e argentinos caracterizados como verdadeiras “lendas”.
Vide Neymar. O grande astro da Seleção Brasileira não é sequer titular absoluto do Barcelona.
Quando o Brasil foi massacrado e esmagado pela Alemanha, sem dó nem piedade, o brasileiro enfim tomou o choque de realidade. Mudou de canal, assumiu o controle, chorou e pôde se dar contra do mar de ilusões no qual foi mergulhado, inconscientemente.
Quanto à Globo, coube lamentar e mudar de postura, tirar debaixo do tapete os defeitos de Felipão, a fragilidade do elenco e a realidade escondida em troca de privilégios e exclusividade.
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Breno Cunha escreve sobre televisão e entretenimento. É também correspondente de um site de notícias na Bahia. No RD1, escreve sobre famosos e atualiza a coluna “O Observador“. Para falar com ele é simples: breno@rd1audiencia.com ou @cunhabreno
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