sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Resumo mensal de notícias sobre o tabagismo e o alcoolismo



Especial Dia Nacional de Combate ao Tabagismo
Neste 29 de agosto de 2014, Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Brasil comemora mais um ano de redução do número de tabagistas, e, consequentemente, de fumantes passivos.
Contudo, três fatos negativos são dignos de nota.
O primeiro, a triste situação de agricultores do tabaco no sul do país, sob a dependência técnica e comercial da Souza Cruz. A questão é bem abordada pela segunda e terceira de uma série de quatro reportagens do jornal O Globo, entre os dias 2 e 5 deste mês.
Semelhantemente ao combate ao trabalho escravo, a economia escrava desse setor precisa urgentemente da fiscalização e regulamentação dos poderes executivo e legislativo, de todos os níveis.
O segundo, o grande perigo do cigarro contrabandeado, inclusive o legalmente fabricado no Paraguai, de acordo com pesquisa desenvolvida desde 2012 pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que mostra a concentração mais alta de metais cancerígenos que dos produtos nacionais, como chumbo, um vaso constritor poderosíssimo e relacionado inclusive à malformação de fetos, em níveis até 116 superiores, de níquel, que pode causar mutações no DNA, de cromo, causador de diminuição da função dos pulmões, em concentrações até 33 vezes superiores, de manganês, causador de doença com sintomas semelhantes ao Parkinson e que pode ser neurodegenerativo, e da viciante nicotina, em quantidades 10 a 20 vezes maiores, além de agentes de contaminação como colônias de ácaros e fungos, que vão diretamente aos pulmões, pelo de animais, terra, areia, restos de insetos, e, encontráveis em 99% dos cigarro analisados, pedaços de plásticos.
Por último, é uma pena não haver sido divulgado o relatório do Grupo de Trabalho criado pela Anvisa em 26/12/2013, previsto para ser entregue na última quarta-feira (27), sobre as 121 substâncias inseridas na fabricação do tabaco, proibidas e com proibição suspensa pela própria Anvisa, em especial por deixar passar este dia nacional de combate ao tabagismo, que mata mais do que qualquer outro vício no mundo.
A Amata não participa e nem interfere no trabalho dessa Agência Reguladora. No entanto, pede licença pois vê-se na obrigação de alertar que uma vez retirados da composição do cigarro os, para resumir, venenos como os acima citados, constata a necessidade de se acrescentar aos maços de cigarro um prazo de validade, como, por sinal, existente em qualquer outro  produto ingerível. 
Digno de nota, ainda, o fato da Ministra do STF, que liminar e unilateralmente, ao arrepio da letra da lei, suspendeu a proibição de se adicionar ao cigarro outros aditivos, como os saborizantes, pediu na última segunda-feira (25/08), pela terceira vez, o adiamento do julgamento da ação (ADI 4874), que havia sido incluído na pauta de hoje do Tribunal.
Enquanto isso, novas gerações vão sendo viciadas e intoxicadas! 
Boa leitura!
Silvio Tonietto 
Diretor-Geral
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06/08/2014 - Correio Web - Cigarros contrabandeados tornam o tabagismo ainda mais perigoso. Pesquisa desenvolvida desde 2012 na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) analisou 18 marcas contrabandeadas do Paraguai e mostra concentração ainda mais alta de metais cancerígenos e agentes de contaminação como colônias de ácaros e fungos. Pêlo de animais, terra, areia, vestígios de plásticos, restos de insetos, colônias de fungos, ácaros e metais cancerígenos como chumbo (quantidade até 116 superior aos vendidos legalmente, metal extremamente tóxico relacionado, inclusive, à malformação de fetos), cádmio, níquel (agente altamente genotóxico e pode causar mutações no DNA, alergias de pele, fibrose pulmonar, problemas nos rins e envenenamento do sistema cardiovascular), cromo (concentração 33 vezes superiores, causa também formação de úlceras, bronquite crônica e diminuição da função dos pulmões) e manganês (causa também doença conhecida como manganismo, com sintomas semelhantes ao Parkinson, e pode ser neurodegenerativo) estão por trás do cigarro que vem do Paraguai. Um dado assustador mostra que algumas marcas contrabandeadas têm quantidade de nicotina de dez a 20 vezes superior do produto nacional. (veja outros resultados ao final dessa matéria). "A probabilidade é de 99% de achar algum um pedaço de plástico no cigarro paraguaio. A gente encontrou a ponta de um filtro inundada de ácaros, isso vai direto para o pulmão", alerta Cleber Pinto da Silva, mestrando em química aplicada da UEPG, autor do trabalho, que lembra que no Paraguai esse produto é legalizado e tem, inclusive, registro
05/08/2014 - O Globo - Futuro da produção de fumo é tema central de debate de reguladores e ativistas. Reunião da ONU discutirá alternativas para fumicultores. Plantação de alimentos orgânicos é uma porta de saída. José Eupídio Nunes diz querer aumentar a produção de leite para interromper a de fumo na sua pequena propriedade na zona rural de São Lourenço do Sul (RS), município que é um dos maiores produtores de folhas de tabaco do país. Safra a preços incertos, condições precárias de trabalho e problemas na saúde da família estão entre as principais razões para o desejo de mudança. Mas que é seguido por um lamento: - Plantar tabaco parece um vício como o cigarro. Todo ano dizemos que é o último, mas continuamos no seguinte - admite. - É que, enquanto não tivermos garantia de compra, não temos como parar totalmente com o fumo
04/08/2014 - O Globo - Modelo de produção controlado pelas fabricantes de cigarros faz plantadores no RS se endividarem. Um produtor que trabalha desde os 7 anos tem débito de R$ 70 mil. - Há um alto investimento, que o produtor vai pagar em dez, 20 anos, e nesse período ele se torna refém da indústria. Acaba sendo um mecanismo de escravidão - denuncia Amadeu Bonato, pesquisador do Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (Deser). - Teria investido no leite, mas não acredito que dê para fazer isso agora - diz Lauro Leitzke, que contraiu dívida de R$ 40 mil, fala pouco e com semblante triste. Pesquisador do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Fiocruz, Marcelo Moreno entrevistou 71 mulheres do município de Palmeira (PR) e investigou como elas enxergavam a fumicultura. - Elas já conhecem a intoxicação por agrotóxico, o câncer relacionado à radiação solar, a doença da folha, os problemas osteomusculares pelo levantamento de peso, o trabalho extenuante... - comenta Moreno, que explica por que elas permanem no ciclo degradante: - Notamos um sistema integrado de produção que amarra o produtor. Existe uma dependência econômica. É um grande problema o medo de sair e achar que não vai conseguir sobreviver, mesmo sabendo que está adoecendo
03/08/2014 - IG (The New York Times) - (Que beleza!) Algodão doce e banana split: sabores atraem fumantes de cigarro eletrônico. Em todo o setor dos cigarros eletrônicos, existem mais de 7.000 sabores e algumas estimativas acreditam que quase 250 são acrescentados todos os meses. Embora a FDA tenha proposto uma regulamentação para os cigarros eletrônicos nos Estados Unidos, ela não limitou a venda de sabores, embora a agência ainda esteja estudando o que fazer a respeito. Durante uma audiência realizada pelo Senado americano no fim de junho, os legisladores denunciaram as fabricantes por acreditarem que suas práticas de marketing eram voltadas a crianças, incluindo a adoção de sabores que são proibidos em cigarros comuns. "Vocês me envergonham", afirmou o senador Jay Rockefeller, Democrata da Virginia Ocidental, a diversos executivos. "Vocês simbolizam tudo o que há de errado com este país"
03/08/2014 - O Globo - Plantação de tabaco emprega crianças e desmata, diz Ministério Público do Trabalho do Paraná. E não é só aí que recai a insustentabilidade do sistema: além do contato com nicotina e agrotóxicos, há frequentes denúncias de contaminação de solo e água. Quase 90% dos agricultores não completaram o ensino fundamental, segundo dados da Universidade de Santa Cruz do Sul (RS). Ao todo, cerca de 150 mil crianças são de famílias de agricultores de tabaco. Um levantamento de 2008 com 1.128 fumicultores do Sul feito pelo Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais (Deser) mostra que 40% dos filhos homens e quase 20% das mulheres, além de 9% dos filhos abaixo de 12 anos, auxiliam no cultivo. Um problema que não é só brasileiro. Em maio, a ONG Human Rights Watch denunciou o trabalho infantil nas lavouras americanas de fumo. - As crianças vão à escola e ajudam na lavoura no resto do dia. A colheita é no final do ano, quando elas estão de férias - explica a procuradora Regional do Trabalho no Paraná, Margaret Matos, que há quase duas décadas acompanha o modelo de produção no Sul. - A indústria sabe quantas pessoas são necessárias para produzir e sabe que a família acaba participando. Portanto, beneficia-se de mão de obra não remunerada. É um sistema perverso. De acordo com ela, estudos mostram que as crianças sofrem mais do que os adultos com os agrotóxicos. E outros sugerem até mesmo déficit de crescimento e de cognição, além de desnutrição. A fiscalização tem aumentando, por isso os agricultores já compreendem que é ilegal empregar os filhos pequenos. A função, entretanto, vem de pai para filho. Jovens e adultos contam ter começado cedo. O desmatamento foi constatado pelo Ibama, que, num relatório recente, contou 20 hectares de Mata Atlântica destruídos no entorno de Segredo (RS). - Além de limpar a área para plantar mais fumo, eles usavam a madeira para a secagem das folhas - relata o procurador federal Roberto Rigon. Uma das minhas propostas é estabelecer uma licença ambiental para as estufas, elas queimam lenha e liberam gás carbônico não monitorado, diz o procurador
02/08/2014 - O Globo - Guimbas de cigarro: 4 trilhões de ameaças à saúde e ao meio ambiente. Dos 5,6 trilhões de cigarros fumados anualmente no mundo, mais de 4 trilhões foram descartados em lugar inapropriado, poluindo o solo e a água, segundo levantamento do Projeto Cigarette Butt Pollution. Filtros costumam ser arremessados no mar e, assim, prejudicam a cadeia alimentar. Seus componentes químicos, que incluem uma série de metais pesados, são ingeridos por peixes e aves marinhas - e estes, depois, são consumidos pelo homem. A ameaça é agravada pelo tempo que essas substâncias passam expostas no oceano. A decomposição do filtro das guimbas pode demorar até cinco anos. Nos últimos 27 anos, o Programa Internacional de Limpeza das Zonas Costeiras recolheu mais de 52 milhões de filtros de cigarro, uma quantidade quase oito vezes maior que a de latas de bebida encontradas. As guimbas representaram 32% de todos os detritos coletados pela iniciativa. - É impressionante como este tema foi tão negligenciado até agora - criticou Thomas Novotny, Professor de Saúde Global da Universidade de San Diego. - Provavelmente não vemos discussões porque as pessoas veem as guimbas apenas como pequenos pedaços de lixo, que não causariam qualquer perigo. A solução, para o especialista, é simples: atacar o bolso das empresas

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