16/10/2014 09:15
Após superação da fome crônica, país inicia o desenvolvimento de ações que promovam
a alimentação saudável
Brasília, 16 – O Dia Mundial da Alimentação de 2014, comemorado em 16 de outubro, é uma data
especial para o Brasil. Pela primeira vez em 50 anos, o país está fora do Mapa Mundial da Fome,
segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Os
desafios de promoção da segurança alimentar no país, agora, são outros: melhoria da qualidade
da alimentação da população e prevenção da obesidade.
Escolher frutas, verduras e legumes nas feiras, preparar, esperar o cozimento dos alimentos. Hábitos
assim estão cada vez mais raros entre a população brasileira. O crescimento da renda do brasileiro
possibilitou a compra de alimentos industrializados e de preparo rápido. O resultado dessa mudança
foi o aumento no número de pessoas com excesso de peso ou obesas no país. Dados de 2013 da
pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico), do Ministério da Saúde, mostram que 50,8% da população está com excesso de peso,
sendo que 17,5% destes são obesos.
As nutricionistas Laurycéia Monteiro, 31 anos, e Fernanda Cherulli, 31 anos, do Programa de Alimentação
Escolar do Distrito Federal, têm observado essa nova tendência alimentar nas escolas em que trabalham.
“Nas escolas que têm lanchonete junto com a cantina, é visível a diferença. A fila da lanchonete lotada.
Poucos querem a merenda”, contou Fernanda. “Houve casos em que as verduras eram jogadas no lixo
pelas crianças”, lamentou Laurycéia.
A escola Classe 2, na região administrativa do Riacho Fundo, em Brasília, atende alunos do Ensino
Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos e adquire produtos da agricultura familiar. Lá, as
nutricionistas notam outro comportamento. “Na avaliação escolar, os pais escreviam que precisávamos
melhorar o lanche. Eles não gostavam das bolachas ou do leite ou mesmo da comida, dos vegetais”,
explicou a diretora Ana Célia Gadelha, 44 anos. Segundo a diretora, são poucas as famílias que têm
hábito alimentar saudável em casa.
Para resolver este impasse, Fernanda e Laurycéia fizeram uma oficina de alimentação saudável com
pais e alunos. “Quando mostrávamos o topo da tabela alimentar, que são frituras, açúcares, as crianças
reclamavam, diziam que aquele alimento que era bom”, lembrou Fernanda. Com as palestras e colocando
a mão na massa fazendo receitas saudáveis, os pais entenderam mais sobre alimentação.
Ações integradas – O secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arnoldo de Campos, reconhece que o problema da
obesidade é mundial, mas destaca que o Brasil está tomando medidas de combate ao sobrepeso com
várias frentes de atuação. “Estamos mobilizando nosso sistema de saúde, educação, assistência social,
desenvolvimento agrário e agrícola, para que a oferta de alimentos saudáveis cresça”, explicou.
Para ajudar no combate ao sobrepeso foi criado um comitê intersetorial junto a Câmara Interministerial de
Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan). Um dos resultados desse Comitê é o caderno de Estratégia
Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade, voltado a gestores de estados e munícipios, com
recomendações e orientações para uma alimentação saudável e estímulo a práticas de atividades físicas.
Outra estratégia é a campanha Brasil Orgânico e Sustentável. A iniciativa do governo federal chama a
atenção de consumidores e empresários atacadistas para a variedade de sabores e a qualidade dos
produtos da agricultura familiar e mostra as vantagens dos produtos orgânicos para a vida das pessoas
e do planeta. “Nós estamos tendo grande adesão do setor privado para essa campanha”, afirmou o
secretário do MDS.
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