Marco Damiani, 247 - O sábado foi de ruas lotadas em São Paulo. Ao longo do dia, milhares de pessoas ocuparam o entorno da 25 de março, tradicional centro de compras na capital paulistana, em busca das melhores oportunidades para os presentes de Natal. Diante do fluxo intenso de pessoas, a Companhia de Engenharia de Tráfego registrou 12 quilômetros de congestionamento na região central de São Paulo.
Pouco depois, no início da tarde, manifestantes começaram a se reunir no vão livre do Masp. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 2 mil pessoas desceram a Avenida da Consolação, em um protesto contra a presidente Dilma Rousseff. As palavras de ordem eram "Vai pra Cuba", "Dilma, cadê você, eu vim pra te prender" e até gritos em inglês, como "Dilma and Lula, go to jail" (Dilma e Lula vão à prisão). Não havia negros ou mulatos na passeata, apenas um público tipicamente de classe média.
O único político de peso que compareceu à manifestação foi o senador eleito José Serra (PSDB-SP). Ele discursou e defendeu os protestos "de ontem, de hoje e de amanhã". Questionado por 247 sobre seu apoio ao movimento 'Fora, Dilma', ele se calou. Ele também não quis se posicionar sobre eventuais problemas nas contas de campanha de Dilma poderiam levar ao impeachment. "Não sei se é por aí". Ele apenas enfatizou que faz "oposição democrática, dentro das regras constitucionais".
Ele, no entanto, parecia ser exceção. Dezenas de faixas pregavam intervenção militar ou, ao menos, impugnação do processo eleitoral, enquanto manifestantes protestavam contra as urnas eletrônicas. A tal ponto que até Serra se irritou. "Esse negócio de militar não tem nada a ver", disse ao 247. Mas logo depois de discursar, ele se juntou a manifestantes que cantavam a canção "Pra frente, Brasil", da década de 70, que foi símbolo do regime militar.
Um dos organizadores do protesto, o cantor Lobão protestou contra a ausência de políticos que defenderam os protestos e o excesso de militantes pró-ditadura. "Cadê os parlamentares? Só tem 'inimigo' aqui. Cadê o Aécio, o Caiado? Se eu passo aqui e vejo esse pessoal, acho que é tudo a mesma coisa. Estou pagando de otário."
Lobão só se acalmou quando soube que Serra estaria presente. Ele foi informado de que Aécio, que ontem convocou a passeata num vídeo postado no Facebook, não viria a São Paulo porque estava trabalhando.
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