segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

“Tenho que ensiná-los a sonhar o próprio sonho”

23/02/2015 10:40
A assistente social Caterine Pereira desenvolveu novas estratégias para
 melhorar os serviços oferecidos pelo Cras no município de Registro (SP)

Brasília, 23 – “Entendi que não tenho que sonhar o sonho dos outros. Tenho 
que ensiná-los a sonhar o próprio sonho.” É assim que a assistente social 
Caterine Costa Pereira construiu seu trabalho no município de Registro (SP) 
ao longo de seis anos. Há dois anos, ela é diretora técnica da Secretaria 
Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Economia Solidária.

Trabalhar com a assistência social sempre foi o interesse de Caterine. 
Ela conta que tudo mudou quando foi nomeada para o cargo de diretora. 
“A equipe era pequena. A gente só apagava fogo. Não conseguíamos
 acompanhar as famílias e dar cesta básica era o que dava pra fazer. 
Tínhamos que mudar.”

Ela e a secretária municipal de Assistência, Cristiane Marques, 
estudaram formas para aperfeiçoar o trabalho no Centro de Referência 
de Assistência Social (Cras). Cristiane conta que o primeiro passo foi 
conversar com o prefeito para convencê-lo da importância da assistência 
social para o município. “O caminho foi levar o prefeito ao Cras. 
Ele conheceu, participou de algumas atividades e viu como 


 


















estávamos crescendo”, falou Caterine.

Com o apoio da prefeitura, novas estratégias começaram a ser
 implementadas. A primeira foi aumentar o número de Cras – 
existiam apenas dois no município de 56 mil habitantes. Já 
foram construídos mais três centros de referência. Além disso,
 mais uma unidade está em construção. Caterine conta ainda 
que novas equipes foram contratadas e capacitadas para 
priorizar o acompanhamento das famílias em situação de 
vulnerabilidade. O resultado foi o aumento do número de
 beneficiários em todos os programas sociais. Em 2013, 
eram 540 beneficiários. Em 2014, esse número subiu para 1.083.

Outra ação foi aumentar a oferta de cursos de qualificação 
profissional para a população. “As vagas do comércio local
 eram preenchidas por profissionais de outras cidades. 
Percebemos que um dos motivos era a falta de estudos. 
Começamos então a incentivar a qualificação no Cras”, 
contou. Para isso, foram feitas parcerias com o Programa
 Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec),
 o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e 
algumas empresas da região.

Uma terceira ação, segundo Caterine, foi mudar a forma de 
atender as famílias. “Quem chega ao Cras é atendido de forma 
mais próxima, tem sua situação avaliada e é encaminhado para 
o melhor programa de acordo com seu perfil, além de ser 
orientado a fazer os cursos de capacitação”, explicou ela.
 “Criamos o seguinte lema: introduzir conhecimento na vida 
do indivíduo para que ele transforme todo seu mundo.”

Um caso interessante é o de Adriana Gonçalves de Oliveira,
 que chegou ao Cras de Registro em busca do aluguel social. 
O benefício é dado pela prefeitura para famílias de baixa renda 
que tenham casas em situação de emergência. “Fui expulsa de
 casa e estava prestes a perder meus três filhos. Por isso, 
procurei o Cras”, lembra.

Sem ter o perfil para receber o aluguel social, Adriana foi 
orientada a se inscrever no Programa Emergencial de Auxílio
 Desemprego em Registro, conhecida como Frente de Trabalho,
 e conseguiu uma vaga de trabalho no setor de limpeza da
 Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Elas me ajudaram 
muito. Foi tudo na minha vida. Para o futuro quero comprar 
minha casa. É o que toda mulher quer”, contou.

As mudanças surtiram efeito também no Centro de Referência 
Especializado de Assistência Social (Creas). “O que todos 
queriam era aumentar a equipe do Creas. Mas, com o nosso
 estudo, criamos uma estratégia para trabalhar com as pessoas
 e não deixar os casos (violência e drogas) chegarem até o 
centro”, explicou Caterine. O número de pessoas atendidas 
no Creas diminuiu de 480, em 2013, para 130, em 2014.

Diante de tantas novidades, a população passou a entender 
melhor o trabalho que é feito pelo Cras de Registro. “A população
 que, antes procurava o equipamento apenas para receber a cesta 
básica, hoje já sabe que pode encontrar diversos serviços para 
melhorar sua condição de vida.” Segundo Caterine, o desafio 
agora é “crescer mais”. “Chegamos num ponto que a gente 
organizou tudo e investimos muito. Agora, chegou o momento 
que podemos sair e buscar mais recursos. A gente quer crescer mais.”

Saiba mais
Em todo o país, são 7.511 Centros de Referência de Assistência
Social (Cras), principal porta de entrada do Sistema Único de
 Assistência Social (Suas). Nessas unidades, são identificadas
situações de vulnerabilidade e risco social. Também são realizados
 acolhimentos, reuniões com as famílias, visitas domiciliares,
atendimentos individuais e em grupo, ações comunitárias,
encaminhamentos e articulações com outras políticas para
atender a população, inclusive com o registro no Cadastro
Único para Programas Sociais do Governo Federal.
 

Informações sobre os programas do MDS:
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