Discussão sobre igualdade de gênero deve passar pela garantia de renda às famílias mais pobres
06/03/2015 16:55
Especialistas falaram sobre a participação feminina nas políticas públicas no Sexta com Debate
Brasília, 6 – A garantia de direitos para as mulheres, o acesso ao trabalho e renda e a construção de políticas de valorização de gênero foram abordados no Sexta com Debate especial para comemorar o Dia Internacional da Mulher. O encontro, promovido nesta sexta-feira (6) pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), contou com especialistas do governo e da Universidade de Brasília (UnB).
Para a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Luana Pinheiro, o programa Bolsa Família tem um papel importante para a participação das mulheres na renda familiar. “A partir do momento em que elas recebem o benefício, elas têm mais autonomia, tomam decisões e renegociam com o seu companheiro a questão da desigualdade dentro dos domicílios”, disse.
Flávia Biroli, professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), frisou que é necessário avançar muito ainda para que seja garantido o exercício dos direitos da mulher. “Não dá para discutir igualdade de gênero sem discutir a desigualdade social.”
O secretário executivo do MDS, Marcelo Cardona, ressaltou algumas conquistas sociais, entre elas a participação do sexo feminino no Bolsa Família. Hoje, as mulheres são responsáveis pelo recebimento da transferência de renda em 93% dos lares. Também representam 73% dos beneficiários do Programa Água para Todos e 76% do Programa de Fomento às Atividades Rurais. “Avançamos em muitas políticas, mas ainda é necessária uma grande vigilância para que não haja retrocesso”, afirmou.
Atendimentos – O combate à violência contra as mulheres também foi discutido no encontro. Segundo a secretária nacional adjunta de Assistência Social do MDS, Valéria Gonelli, a agressão física é a terceira maior ocorrência nos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Das mulheres que procuram as unidades, 88% relataram a violência.
“As mulheres que atendemos já estão em uma perspectiva de rompimento dessa situação. Elas recebem muito apoio e dedicação para que possam se fortalecer e buscar a reconstrução de suas vidas.”
Entre os principais desafios para o atendimento no Sistema Único de Assistência Social (Suas) e para a garantia dos direitos das mulheres estão, segundo ela, a qualificação e a permanência dos profissionais nos serviços e o entendimento dos gestores de que a assistência social às famílias é um direito a ser cumprido.
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