terça-feira, 28 de abril de 2015

Bolsa Família proporciona melhores condições de escolha às domésticas

27/04/2015 18:35
Diretor do documentário “Doméstica”, Gabriel Mascaro, participou da primeira
 edição do projeto Cine com Debate

Brasília, 27 – O documentário “Doméstica”, do cineasta pernambucano Gabriel Mascaro, 
foi exibido nesta segunda-feira (27), durante a primeira edição do projeto Cine com Debate, 
promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). 
O longa-metragem apresenta uma visão contemporânea sobre a relação de trabalho 
e afeto entre empregadores e empregados domésticos, a partir de cenas cotidianas
 capturadas pelos filhos dos patrões.

No Dia Nacional das Empregadas Domésticas, a exibição do filme resultou em um 
debate com participação do cineasta, da produtora Rachel Daisy Ellis e da gerente 
de programas da ONU Mulheres Brasil, Ana Carolina Querino. "A principal riqueza 
do filme é retratar os elementos que mostram o quão complexa é essa relação do 
trabalho doméstico. Dar visibilidade a isso é principal ponto positivo do documentário", 
enfatizou Ana Carolina.

Em entrevista, Gabriel Mascaro e Rachel Ellis falam sobre a vulnerabilidade social
 e as demais temáticas envolvidas no projeto. Leia a seguir a íntegra da conversa.

Como foi o processo de retratar as diferenças sociais entre patrões e empregados?
Gabriel Mascaro – Na nossa pesquisa, começamos a perceber que a relação do 
trabalho doméstico não é um fenômeno puramente da classe alta brasileira nem da 
classe média alta. Ele é transversal para as várias classes sociais. Essa relação 
escravocrata no trabalho do contemporâneo faz parte da cultura brasileira. Então,
 fazer esse filme também era problematizar isso e trazer uma discussão fundamental
 para superar essa relação de trabalho que a gente via como problemática, pois 
mistura o afeto dentro de casa. A potência do filme, inclusive, é mostrar como 
esse afeto é o agente mais problemático dentro dessa relação de trabalho.

Quais as temáticas sociais que estão destacadas no filme?
Rachel Ellis – O filme traz grandes temas, mas a preocupação principal é tentar 
acessar uma camada de relação de poder que é tão presente no dia a dia de muitas 
famílias brasileiras e as pessoas não percebem. A filmagem dos adolescentes mostra 
isso de uma forma sutil e toca as pessoas. Os temas de raça e gênero também são
 muito fortes, pois a maioria das domésticas são mulheres e negras.

Mascaro – Ao mesmo tempo, o filme não quis ficar batendo o martelo nessa questão 
de gênero e raça, mas também subverter um pouco isso. No filme, temos um 
personagem masculino, que é doméstico, branco e do olho claro. Curiosamente,
 quando exibimos o documentário, as pessoas se tocam com a história dele. 
O filme tenta, além de mostrar esses temas, desafiar esses paradigmas.

Muitas domésticas recebem Bolsa Família como complemento de renda. 
Como vocês veem isso?
Mascaro – Eu acho que é uma questão fundamental garantir as mínimas 
condições e, inclusive, de construir uma relação de independência dessas 
relações de poder. Se essa empregada tem uma ajuda como o Bolsa Família,
 ela terá condições melhores de escolha. É de capacidade de escolha que 
estamos falando, porque o grande problema é a falta de capacidade de 
escolha que as domésticas estão enfrentando.

Rachel – Eu acho que o Bolsa Família é incrível e fundamental, mas tem 
também uma questão muito importante, que foi tratada pela PEC das Domésticas: 
a garantia de direitos e salários justos. O Bolsa Família vai aliviar para as 
domésticas, mas essa quebra na cultura de trabalho é o fundamental.

Existem muitos mitos e preconceitos contra a população mais pobre. 
Esse documentário também promove o debate em relação ao assunto?
Mascaro – O filme mostra uma realidade brasileira e cada um vai reagir de 
uma forma. Ele é honesto e sutil. O que está em questão é o jogo de relação
 de poder e a apresentação do outro. O afeto é o grande problema na 
discussão do trabalho doméstico, porque é uma escala de valor que nos
 não conseguimos mensurar. O desafio mesmo é romper essa barreira 
histórica de relação de trabalho entre patrão e empregado doméstico.

Qual a importância dessas discussões sociais nesse novo projeto, 
que é o Cine com Debate?
Mascaro – É um espaço muito rico de intercâmbio de ideias. Sem dúvida 
é uma das exibições mais importante do filme, pois estamos encontrando 
pessoas que formulam políticas públicas que mudam o país.

Informações sobre os programas do MDS:
0800-707-2003
mdspravoce.mds.gov.br 

Informações para a imprensa:
Ascom/MDS
(61) 2030-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa

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