Neste domingo, o jornal O Globo, dos irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, voltou a defender a abertura do pré-sal brasileiro a empresas internacionais como Shell, Exxon, Chevron e BP; "O atual modelo restringe fortemente a possibilidade de atrair investidores e gerar mais receitas para o país", afirma o editorial
19 DE ABRIL DE 2015 ÀS 07:01
247 - Neste domingo, o jornal O Globo, dos irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, voltou a defender a abertura do pré-sal brasileiro a empresas internacionais como Shell, Exxon, Chevron e BP.
"O atual modelo para exploração de novas áreas na camada do pré-sal, por exemplo, restringe fortemente a possibilidade de atrair investidores e gerar mais receitas para o país. A situação financeira da Petrobras é um dos maiores obstáculos, porque o modelo exige que a estatal seja operadora única dos futuros blocos a serem explorados e ainda com a obrigação de participar em pelo menos 30% do consórcio vencedor, qualquer que seja", diz o texto.
Leia, abaixo, o texto do jornal O Globo:
Modelo do pré-sal foge à nova realidade da indústria
A situação financeira da Petrobras não é compatível com as obrigações impostas à empresa, pelo modelo em vigor, para exploração de futuras áreas do pré-sal
Na sequência do tão aguardado anúncio dos seus resultados relativos a 2014 (dando desfecho a uma polêmica que vem se arrastando há meses em torno da contabilização das perdas que a empresa teria sofrido por corrupção e superfaturamento dos serviços contratados), a Petrobras deverá divulgar a revisão do plano de negócios para os próximos anos. Embora o montante permaneça expressivo, a companhia vem antecipando que haverá uma redução de algumas dezenas de bilhões de dólares do valor originalmente programado.
A estatal está passando por um choque de realidade. Precisa reduzir seu endividamento para se tornar financeiramente viável. Terá também de ajustar à sua real capacidade de investimentos os projetos nos quais está comprometida. Para tal, deu partida a um programa de venda de patrimônio, recomendável para qualquer tipo de empresa que enfrente semelhantes dificuldades de caixa.
Não são apenas os problemas do passado que pesam nas decisões que estão sendo tomadas pela Petrobras. Olhando para o futuro, as cotações internacionais do petróleo e do gás tendem a se manter em patamares mais baixos, distantes dos preços acima de US$ 100 por barril que propiciaram um ambiente de bonança para a maioria das indústrias petrolíferas e seus fornecedores em todo o mundo.
Esse quadro mudou e o Brasil não pode ignorá-lo. O atual modelo para exploração de novas áreas na camada do pré-sal, por exemplo, restringe fortemente a possibilidade de atrair investidores e gerar mais receitas para o país. A situação financeira da Petrobras é um dos maiores obstáculos, porque o modelo exige que a estatal seja operadora única dos futuros blocos a serem explorados e ainda com a obrigação de participar em pelo menos 30% do consórcio vencedor, qualquer que seja.
São regras que não combinam com a necessidade de a Petrobras escolher sócios e projetos de acordo com seus interesses. E para o país, tanto melhor que haja uma diversificação de investidores e que os leilões de áreas sejam bem concorridos (o campo de Libra, na Bacia de Santos, considerado pelo governo como um “filé mignon” do pré-sal, sem praticamente risco, teve apenas um consórcio candidato, que arrematou o bloco na licitação pelo valor mínimo).
Essas regras poderão ser modificadas por iniciativa do Poder Executivo ou do Congresso. O ideal é que questões técnicas prevaleçam sobre as ideológicas para que vários objetivos simultâneos possam ser atingidos: autonomia operacional da Petrobras, diversificação de in vestimentos (com consequente transferência de tecnologia), aumento de produção e arrecadação de royalties, ampliação da cadeia produtiva do setor etc.
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