22/04/2015 19:25
Relatório mostra que políticas públicas do governo federal, como o Bolsa
Família e o Plano Brasil Sem Miséria, contribuíram para a redução da pobreza
extrema de 10% para 4%, entre 2001 e 2013
Brasília, 22 – O Programa Bolsa Família e o Plano Brasil Sem Miséria contribuíram
para a redução da pobreza extrema de 10% para 4%, entre 2001 e 2013. É o que
aponta o relatório "Prosperidade Compartilhada e Erradicação da Pobreza na América
Latina e Caribe", do Banco Mundial. Além das políticas públicas com foco na
erradicação da pobreza, o estudo mostra que o crescimento econômico e o
aumento nas taxas de emprego e no percentual de empregos formais contribuíram
para o bom desempenho do país.
Para a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello,
o relatório é animador e mostra que os avanços resultam de um conjunto de políticas
públicas organizadas de forma a enfrentar a pobreza em suas diferentes dimensões,
garantindo renda, mas também cuidando de melhorar as oportunidades para inserção
econômica dessas famílias, assim como o seu acesso a serviços.
“O estudo do Banco Mundial deixa claro que a redução da pobreza não aconteceu
gratuitamente. É resultado das políticas públicas que criamos, como o acesso à água
e a promoção de oportunidades de inclusão produtiva para a população mais pobre.
Mostra, portanto, que é possível construir políticas públicas que melhoram a vida
das pessoas e que alteram a realidade, especialmente a dos países da América
Latina e de outros em desenvolvimento no mundo”, afirmou.
De acordo com o estudo do Banco Mundial, a pobreza caiu mais rapidamente no
Brasil do que na América Latina e região do Caribe, o que "contribuiu substancialmente
para a redução da pobreza a nível regional”. Em 1999, as taxas de pobreza extrema
do Brasil e da região foram semelhantes, em torno de 26%. Enquanto a taxa na
região havia caído para 12% em 2012, a queda no Brasil era de 9,6%.
O documento do Banco Mundial também assinalou a maior queda da extrema
pobreza nas regiões Norte e Nordeste e na zona rural. O estudo considerou
pobres de renda aqueles que ganham até US$ 2,5 por dia – valor maior do que
a linha de extrema pobreza brasileira, de R$ 77 mensais (equivalente a US$ 1,25 diário).
Segundo o relatório, a pobreza multidimensional (ou crônica) caiu de 6,7% para
1,6% da população no período de oito anos – entre 2004 e 2012. A queda é de
76%. A pobreza multidimensional considera, além da renda, outras sete privações:
se as crianças e adolescentes até 17 anos estão na escola, os anos de escolaridade
dos adultos, o acesso à água potável e saneamento, eletricidade, condições de
moradia e, finalmente, a bens, como telefone, fogão e geladeira.
Superação – Regiane Severo da Silva, 36 anos, e o marido Jeferson Kennedy Pereira,
41, superaram a pobreza graças às políticas públicas do governo federal. Há sete anos,
eles enfrentaram tempos difíceis em Jacupiranga (SP), onde moram com dois filhos. Ele
trabalhou durante anos no cultivo da banana, comum na região. Mas o que ganhava não
era suficiente para sustentar a família. Depois, veio o desemprego.
Para reverter a situação, Regiane procurou ajuda no Centro de Referência de Assistência
Social (Cras) da cidade. Lá, ficou sabendo que tinha direito de receber o Bolsa Família
(R$ 166). Também teve a oportunidade de se qualificar. “O mais importante foi aprender
que não era só receber o Bolsa Família. Eu tinha que me qualificar e ir mais longe”,
afirma ela, que fez cursos de fuxico, patchwork, crochê e tricô.
Aos poucos, a família conseguiu superar as dificuldades. Regiane conseguiu emprego
em uma pré-escola e voltou a estudar – cursa Pedagogia –, mas não abandonou o
artesanato, que continua a complementar sua renda. Jeferson passou no concurso
da prefeitura, onde trabalha como guarda municipal. “Graças ao nosso esforço e à
ajuda que tivemos, consegui passar no concurso. Hoje tenho meu carro e posso
carregar a minha família. Eles não dependem de ônibus”, conta ele, relembrando
o quanto foi incerto manter a família como sempre sonhou.
Ele não esquece o dia que o filho caçula – na época com dois anos – pediu para ligar
a televisão. A energia elétrica tinha sido cortada por falta de pagamento. “Jurei que
isso nunca mais ia acontecer. Essa foi a maior dor da minha vida. Energia elétrica
dentro de casa eu não deixo faltar não”, garante ele.
Com a melhora de renda, Regiane devolveu o cartão do Bolsa Família. Agora ela
quer retribuir o apoio e a amizade que recebeu na fase mais dura de sua vida.
“Tenho esperança de crescer na minha profissão e uma vontade muito grande
de trabalhar com palestras de motivação. Penso também em escrever um livro
de como mudar de vida. Quero retribuir o que fizeram por mim”, conta, emocionada.
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