segunda-feira, 11 de maio de 2015

Engenheira agrônoma do Incra conclui pesquisa sobre tomate crioulo em Santa Catarina



Publicado dia 11/05/2015
foto: Rosa Silveira -  Incra/SC

Estudo desenvolvido pela engenheira agrônoma Rosa Silveira, do Incra de Santa Catarina, buscou resgatar as variedades de tomate crioulo conservadas por camponeses no município de Anchieta, no Oeste de Santa Catarina, ao longo de dois anos de pesquisa. O trabalho foi apresentado ao Mestrado Profissional em Agroecossistemas, residência agrária desenvolvida pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com subsídios do Incra e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Segundo Rosa, inicialmente a proposta da pesquisa foi de contribuir para projeto que o Laboratório de Educação do Campo e Estudos da Reforma Agrária (LECERA/UFSC) apresentaria ao Ministério da Educação (MEC) e por isso não teria ocorrido em área de assentamento. “Agora os resultados desse estudo apontam estratégias de conservação genética da agrobiodiversidade nas propriedades, conhecida como conservação on farm, que poderão ser aplicadas também nos assentamentos”, revela. A conservação on farm envolve as variedades crioulas cultivadas por agricultores familiares e comunidades tradicionais, detentoras de grande diversidade de recursos fito-genéticos essenciais para sua segurança alimentar.


No caso das sementes localizads no municipio de Anchieta, a pesquisa encontrou 64 famílias mantenedoras de 60 variedades de tomate crioulo. As variedades são conservadas, em pequenas propriedades rurais, 72,27% há mais de 6 anos, sendo que 30,25% há mais de 20 anos. A conservação é realizada por mulheres entre 36 e 78 anos de idade (95,31% dos casos) e grande parte delas (70,31%) participa de alguma organização social.

Arsenal genéticoAs conclusões do estudo apontam que o município, conhecido como a “Capital Nacional do Milho Crioulo”, tem muito a contribuir com seu “arsenal genético de hortaliças”, uma riqueza que vai além do milho, da mandioca e do feijão crioulos que são mais difundidos em todo o Brasil e, consequentemente, mais rotineiramente abordados em pesquisas científicas. “A pesquisa pode ser considerada inédita no país por ter abordado o tomate crioulo e por isso despertou o interesse de pessoas de diferentes áreas dentro e fora da universidade”, conta Rosa. Este interesse revela que o trabalho poderá servir de referencial para instituições que já trabalham com o resgate e a produção de sementes de hortaliças crioulas, viabilizando a melhora de práticas já adotadas de conservação feitas por estas instituições, que apoiam a agricultura de base camponesa.

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