Antes de voltar aos números da Pesquisa Brasileira de Mídia-2015, dou uma passada rápida em outra estatística da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, no caso os números sobre os investimentos em publicidade do governo federal em 2014. O relatório abrange os números da administração direta (ministérios) e indireta, esta dividida em empresas que vivem em ambiente de competição no mercado (Banco do Brasil, Caixa, Petrobras) e em que não vivem (BNDES, Eletrobras, Infraero etc). As tabelas divulgadas pela Secom são as seguintes:
Agora, vamos às minhas tabelas e, depois, à análise:
Tabela 1: Total bruto de investimentos em publicidade do governo federal por mídia – 2010/2014
Tabela 2: Variação da participação por mídia em relação ao total de investimentos em publicidade do governo federal – 2010/2014 (em %)
Tabela 3: Variação do investimento bruto por mídia (em%)
Análise
1. Salta aos olhos o crescimento da Internet nos planos de mídia do governo: 152,86% desde 2010; 22,86% de 2013 para 2014 (tabela 3). Resta saber quanto desse investimento seguiu para sites da grande imprensa, quanto para portais tipo Terra, UOL e iG e quanto para sites específicos. De qualquer forma, o patamar de participação da mídia no bolo da publicidade oficial federal mudou extraordinariamente em cinco anos – de 3,69%, em 2010, para 8,43%, em 2014 (tabela 2)
2. A TV continua campeã, sempre com mais de 60% das verbas (tabela 2), mas teve leve queda no comparativo entre 2013 e 2014 (-2,31%) (tabela 3), apesar de ter sido ano de Copa do Mundo, mesmo sendo ela aqui. Importante, para complementação dessa informação, seria a distribuição por veículo.
3. Situação desastrosa das revistas – queda de 33,53% em cinco anos, sendo 28,45% só de 2013 para 2014 (tabela 3), levando o meio a ter menos de 5% do total das verbas publicitárias do governo federal (tabela 2). Uma queda que daria muita razão ao ativismo antigovernamental das principais publicações desse meio.
4. A verba publicitária do governo federal para o meio Jornal também vem caindo aos trambolhões: 22,21% entre 2010 e 2014; 15,71% de 2013 para o ano seguinte (tabela 3). A participação no total do bolo publicitário federal do meio desceu a pouco mais de 6%, o que também parece ter deixado os donos das publicações de muito mau humor em relação do governo.
5. O rádio até tinha conseguido se recuperar em 2013, mas tomou tremendo tombo no ano seguinte ( -20,09%). Na variação de cinco anos, queda de 19,37% (tabela 3). Assim, terminou 2014 com 6,4% de participação total nas verbas, perdendo o segundo lugar que ostentou em 2012 e 2013 para internet (tabela 2).
6. O meio Outdoor parece caminhar para extinção, com queda de 78,05% de 2010 para 2014, sendo nada menos de 70% no comparativo dos dois últimos anos do período (tabela 3). É muito possível que o crescente cerco dos governos municipais e as campanhas para cidades visualmente limpas, tenha influência nesse resultado catastrófico.
7. A Mídia Exterior (anúncios em ônibus, relógios, paradas de coletivos, tótens etc) capturou uma parte dessa perda do Outdoor (23,55% de crescimento entre 2010 e 2014), mas sofreu inflexão brusca em 2014 (tabela 3). Os quebra-quebras promovidos nas Jornadas de Junho de 2013 – dos quais o mobiliário urbano foi grande vítima em muitos casos – podem ter influenciado.
8.O cinema nunca teve grande participação no bolo geral (assim como o Outddor, aliás) e tem registrado queda acentuada tanto no período de cinco anos (-34,25%), quanto no de um ano (-36,55%)
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