sexta-feira, 8 de maio de 2015

Uma exposição sobre a história do café


Entre as curiosidades da mostra em cartaz no Museu do Café, em Santos, estão os relatos sobre a origem do produto no Norte da África e o local da primeira cafeteria do mundo: Meca, na Arábia Saudita.


São Paulo - Brasil, Vietnã e Colômbia são hoje os principais produtores mundiais de café, mas o fruto que gera uma bebida saborosa e estimulante foi identificado primeiro no Norte da África e “apresentado” ao mundo pelos países do Oriente Médio. Essas são algumas das histórias contadas na exposição “Café, patrimônio cultural do Brasil: ciência, história e arte”, que está em cartaz no Museu do Café, em Santos, no litoral paulista. Nela, os visitantes podem conferir as plantas que dão origem aos mais tradicionais tipos de café, arábica e conilon, assim como aprender quais são os equipamentos e métodos para levar o produto da planta à xícara.
Divulgação
Ambiente da mostra: história narrada em detalhes
Os primeiros relatos da origem do café surgiram no Norte da África. Segundo a lenda de Kaldi, um pastor de cabras notou que seus animais ficavam agitados ao comer frutos e folhas de arbustos da região em que pastavam. Ele provou os mesmos frutos e comprovou os atributos do que depois seria conhecido por café. Essa é uma das lendas mais populares atribuídas à origem o café, ainda no ano 575.

Mudas das plantas foram levadas para o Iêmen, no Oriente Médio. O consumo se difundiu na região, que também se tornou um entreposto de distribuição do café. A primeira cafeteria do mundo foi aberta em 1475 em Meca, cidade sagrada para os muçulmanos, na Arábia Saudita. De acordo com a coordenadora técnica do Museu do Café, Marcela Rezek, o café era muito consumido nos países do Oriente Médio, mas seu consumo foi posteriormente reduzido devido aos seus efeitos estimulantes.

Seus polos de comercialização eram as cidades do Cairo, no Egito; Damasco, na Síria; e Istambul, na Turquia. De lá, seguiam para outros destinos. A estreia do café na Europa ocorreu, provavelmente, naquele que era o principal mercado de especiarias e artigos de luxo do continente: Veneza, na Itália.
Marcos Carrieri/ANBA
Linha do tempo da exposição: Cairo e Damasco foram centros de distribuição
Descobrir e contar essas e outras histórias foi uma tarefa demorada e trabalhosa, que começou ainda em 2010, quando os curadores e pesquisadores do museu decidiram pela realização desta exposição que foi inaugurada no fim de 2014 e ficará em cartaz por cerca de cinco anos.

“Algumas informações já eram conhecidas. Reproduzimos aquelas sobre as quais conseguimos comprovar. O papel do Oriente Médio e da Arábia Saudita na difusão do café, por exemplo, deve-se ao fato de que a região era um centro comercial e de distribuição de produtos para o mundo e também porque eles tinham o costume de se reunir em momentos em que bebiam o café, assim como nós fazemos hoje”, disse Rezek, que é descendente de sírios e de libaneses.

Criado em 1998, o Museu do Café fica no prédio onde funcionou até o fim dos anos 1950 a Bolsa do Café, entre o Centro e o Porto de Santos. O prédio foi construído em 1922. Ali, importadores, exportadores e produtores negociavam os preços das sacas de café. Dali saía a maior parte das exportações brasileiras do fruto, que no fim do século 19 e começo do século 20 foi um dos grandes indutores do crescimento e do processo de industrialização do Brasil. O café era produzido nas fazendas do interior dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná e enviado em trens para o Porto de Santos, de onde era, então, exportado.
Marcos Carrieri/ANBA
Antiga Bolsa do Café, que hoje abriga o museu: pregões eram realizados aqui
Ainda hoje, o Porto de Santos é grande exportador do produto, mas a Bolsa do Café não é mais um polo de negociação. O salão principal, onde eram realizados os pregões, é começo da visita pelo mundo do café. Já o fim desta visita pode terminar exatamente com um cafezinho.

O museu tem uma cafeteria especializada no preparo da bebida e de drinques que sempre utilizam o café como base. Lá, é possível encontrar grãos de áreas vulcânicas de Minas Gerais ou produzidos em altitudes elevadas ou, ainda, um blend (mistura) de grãos preparado pelos baristas da casa. No Museu do Café também há cursos de baristas.

Juntos, o prédio da bolsa, o museu e a cafeteria atraem 260 mil visitantes por ano. Parte deles chega pelo porto. Na temporada de cruzeiros, entre novembro e março, japoneses, alemães e italianos lotam os salões do museu e da cafeteria em busca de história e, claro, muito café.

Serviço

Museu do Café
Rua XV de Novembro, 95, Centro, Santos - São Paulo
Terça-feira a sábado, das 9h às 17h. Domingos, das 10h às 17h
Entre novembro e março, abre também às segundas-feiras
Ingressos: R$ 6 (aos sábados, entrada gratuita)
Informações: http://www.museudocafe.org.br/ e +55 13 3213-1750

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