11 de junho de 2015 | 13:07 Autor: Fernando Brito
Não conheço o empresário americano – nascido no Brasil – David Neeleman, dono da Azul Linhas Aéreas, mas tenho simpatia por ele por três coisas.
A primeira foi montar uma companhia Aérea ousando inovar com o uso de aviões brasileiros, da Embraer. Aliás, sua empresa nos EUA, a Jet Blue, comprou os aviões brasileiros muito antes da criação da Azul (fundada em 2008, quando as primeiras encomendas da Jet Blue foram 2003).
Segundo, sobre o que ele disse sobre o modelo brasileiro de economia, numa entrevista que deu a Kennedy Alencar (vídeo abaixo) que conheceu antes de ser empresário aqui: “a economia brasileira foi feita para as classes A e B”.
Terceiro, porque o ex-governador Sérgio Cabral o chamou de “gringo, lobista e safado”. Bem, acho que o Sérgio Cabral não se enquadra na categoria “gringo”, não é.
Neeleman não esconde a sua religião e passado de pregador.
Mas o empresário é “malandro brasileiro”, no melhor sentido, e trata e fala bem, ao menos nas palavras, do Brasil e os brasileiros. Coisa que muito empresário nacional não faz. De quebra, como você verá que é possível ser mórmom sem ser um fundamentalista chato.
Neeleman acaba de fazer a Azul compra a TAP, em sociedade com um grande grupo de transporte terrestre daquele país. Negócio que tem todas as sinergias para dar certo, pelas ligações intra-Europa e pela malha regional que a Azul tem e pretende expandir aqui.
Quem sabe pode ser o embrião do projeto de um avião wide-body – nome dos aviões de porte gigante, com mais de 200 lugares ou enorme capacidade de carga – mercado que hoje está quase todo nas mãos da Boeing e da Airbus.
O mercado brasileiro de aviação, que continua crescendo a taxas maiores que as mundiais, está destinado a ser um dos maiores da Terra. E o Brasil tem de ter, na parte internacional, um peso parecido com o que as estrangeiras têm voando para cá, como sempre foi a regra da aviação internacional de reciprocidade.
E o Brasil destruiu suas duas possibilidades de voar alto na aviação internacional, quando arruinou a Panair e a Varig.
Aí está uma boa demonstração de como xenofobia e nacionalismo não se confundem.
Vir para o Brasil criar uma empresa, gerar empregos, estimular a cadeia produtiva local e lucrar legitimamente, numa economia global, é algo positivo para todos.
E levar o nosso país a aproveitar uma oportunidade de fazer esta “ponte aérea” com a União Europeia – se é bom negócio para Portugal, que a privatizou, é outro assunto – com uma base real de sinergia e as facilidades da língua para a integração, melhor ainda.
Muito diferente de furar, chupar petróleo e levar embora.
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