As minhocas são um dos elementos-chave nas funções do solo e sustentação de ecossistemas. Justamente por esse motivo, uma pesquisa está sendo conduzida na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mata do Uru, com o propósito de caracterizar as comunidades de minhocas encontradas no local. "Elas são universalmente conhecidas como indicadoras de qualidade do solo. Ou seja, um solo com minhocas é saudável", explica a professora da pós-graduação em Gestão Ambiental da Universidade Positivo, Marie Bartz. Até o momento, foram identificadas seis espécies de minhocas: uma exótica e cinco nativas. "Quatro delas são novas espécies que precisam ser nomeadas e descritas", revela Marie. De acordo com a professora, a presença dos organismos é benéfico, sobretudo, sobre duas óticas: física (devido à formação de galerias e túneis) e química (concentração de nutrientes e matéria orgânica disponibilizada para plantas e outros animais nos excrementos das minhocas). "Há uma lacuna de conhecimento enorme sobre as minhocas no país. Só no Paraná são 65 espécies registradas entre nativas e exóticas, com apenas 11% dos municípios amostrados", conta. Encontrados em praticamente todo o tipo de solo - à exceção de locais com condições extremas, caso desertos, áreas polares, areia, ambientes muito salinos ou ácidos, por exemplo -, esses organismos necessitam de umidade e matéria orgânica para sobreviver. "A presença de espécies, contudo, varia conforme as condições do ambiente, o tipo de vegetação e o manejo do solo adotado", explica Marie. A preservação das características da mata - ainda mais da Floresta de Araucária, considerada oficialmente em extinção - é algo ainda mais relevante. Para chegar ao resultado parcial, foi realizada a coleta de verão, em fevereiro, em cinco diferentes tipos de vegetação da Mata do Uru: floresta, campo nativo, floresta em recuperação, gramado (da sede) e cultura anual adjacente à RPPN. Em julho, durante o inverno, será realizada outra expedição - sendo que a equipe deve permanecer por dois a três dias no local para fazer amostragens qualitativas em outros pontos da reserva. A pesquisa não deve ser encerrada neste ano, tornando-se, na prática, um monitoramento contínuo para compreender a dinâmica das populações de minhocas. Com 128 hectares, a Mata do Uru forma, ao lado do Parque Estadual do Monge, uma grande área preservada de Floresta Araucária. Em 2004, a propriedade se transformou em RPPN e, desde o ano passado, passou a receber visitas agendadas em um piloto do Programa de Educação Ambiental para crianças e jovens em um projeto organizado pelo Instituto Positivo, em parceria com a Universidade Positivo e a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Qualidade da água A análise das minhocas é apenas uma dos estudos realizados na Mata do Uru. Desde o ano passado, avalia-se a qualidade da água do Ribeirão Calixto, que conta com nascentes na RPPN, por meio da presença de organismos "macroinvertebrados" com dificuldades para sobreviver em locais poluídos. A pesquisa está autorizada até 2017 e deve ter os primeiros resultados até o fim do ano, com amostragens realizadas nas quatro estações do ano. Todas as informações servem de referência para os programas de educação ambiental realizados no espaço. Sobre o Instituto Positivo Alinhado à estratégia de sustentabilidade e em consonância com a principal vocação do Grupo Positivo, o Instituto Positivo tem a Educação como foco prioritário. Ele articula e promove iniciativas que contribuam para o aumento da qualidade da educação básica do País, direcionando os seus investimentos para ações sustentáveis e estruturantes. O IP atua por meio de três frentes: Fortalecimento da Gestão Municipal para a Educação, Produção e Disseminação de Conhecimento e Mobilização Social Estruturada. Sobre a SPVS A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) é uma instituição brasileira, fundada em 1984, em Curitiba. É reconhecida como uma das organizações não-governamentais conservacionistas mais atuantes no Brasil. Uma das características mais acentuadas das atividades desenvolvidas pela SPVS diz respeito à inovação, como prática para incorporar valor às ações de conservação de natureza, estabelecer uma conceituação adequada sobre o tema e dar escala para uma agenda de iniciativas que hoje começam a ser incorporadas nos negócios e percebidas como essenciais às atividades econômicas e à qualidade de vida das pessoas. Sobre o Programa Desmatamento Evitado O Programa Desmatamento Evitado, anteriormente chamado de Programa de Adoção de Floresta com Araucária, é um exemplo de ação bem sucedida envolvendo a iniciativa privada para a conservação de áreas naturais ameaçadas. Iniciado em 2003, o Programa apresenta como principal objetivo a conservação dos últimos remanescentes em bom estado de conservação da Floresta com Araucária, estabelecendo um mecanismo de "adoção de áreas", em que a SPVS identifica e cadastra proprietários, os aproximando de empresas interessadas em apoiá-los, bem como a conservação dos remanescentes em suas propriedades. Em 2007, o Programa ganhou escala por meio de novas parcerias firmadas e, desde então, apresenta um resultado de mais 4.500 hectares de remanescentes e cerca de 33 propriedades apoiadas - distribuídas nos três estados do sul do Brasil - viabilizadas pelo apoio de 17 instituições. |
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