Publicado dia 28/07/2015
Foto: Genaldo Vasconcelos
Na pequena Pacatuba (distante cerca de 110 Km de Aracaju), no território do Baixo São Francisco, em Sergipe, uma mudança importante no desenvolvimento de uma das principais culturas regionais começa a transformar as vidas de famílias de agricultores familiares.
Moradores do assentamento Padre Nestor, implantado pelo Incra no município, os agricultores, que têm na extração do coco nativo sua maior fonte de recursos, estão descobrindo na produção de óleos da fruta uma alternativa consistente para ampliar a renda familiar. “A gente, aos poucos, foi percebendo que com a venda do óleo era possível garantir um valor maior, melhorar a nossa renda”, conta o agricultor Petrônio da Silva, morador do assentamento.
Com a constatação em relação aos valores obtidos com o óleo e a demanda crescente pelo produto no próprio município, os agricultores se organizaram, buscaram o apoio da equipe do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra e decidiram investir em capacitação para melhorar a produção local. “Nós tivemos o apoio do pessoal da assistência técnica e procuramos uma professora que já trabalhava no Territórios da Cidadania, para tentar uma capacitação que nos ajudasse a melhorar o nosso produto”, explica Silva.
Capacitação
Membro do Núcleo de Estudos Agroecológicos (NEA) e docente do curso de Tecnologia em Agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), a professora Irinéia Rosa do Nascimento surgiu como peça-chave para a concretização dos planos dos agricultores.
Depois da elaboração de um diagnóstico sócio-produtivo do assentamento, que confirmou o interesse dos agricultores pela produção do óleo de coco, a professora coordenou nessa segunda-feira (27) uma oficina destinada ao aperfeiçoamento do produto. “Nós passamos ao grupo noções de higiene e boas práticas na fabricação do óleo, visando adequar o produto às normas e garantir a sua qualidade para comercialização e consumo”, explica Irinéia.
Além dos novos conhecimentos para o manuseio da fruta, a oficina também apresentou aos agricultores uma nova alternativa para a produção artesanal do assentamento. “Eles já trabalhavam com o óleo virgem e nós apresentamos técnicas para a produção do óleo extra-virgem, como uma nova possibilidade para o desenvolvimento do grupo”, conta a professora.
Valorizado no mercado, o óleo extra-virgem pode render aos agricultores um acréscimo considerável na renda familiar. “O coco está em baixa aqui na região. A gente hoje é obrigado a vendê-lo por R$ 0,30. Já o óleo, que é feito com oito cocos, pode ser vendido a R$ 20 meio litro. É uma diferença que vai ajudar demais na renda da gente”, analisa Silva.
Planos para o futuro
Para assegurar o desenvolvimento da produção de óleos no assentamento, os agricultores seguirão contando com o acompanhamento da equipe do IFS. “Vamos fazer todo o acompanhamento, com análises químicas, para garantir a manutenção da qualidade do óleo”, afirma Irinéia.
Com base no interesse apresentado pelo grupo de agricultores, a professora acredita no desenvolvimento do trabalho. “A recepção dos agricultores não poderia ter sido melhor. Em todas as reuniões que fizemos, contamos com participação maciça. Nós procuramos estimular esse trabalho e esse interesse vai ajudar muito nos próximos passos”, analisa a professora.
Para expandir e melhorar a produção, os agricultores já fazem planos. “Vamos transformar nossa associação em cooperativa e buscar recursos para a compra de equipamentos e a melhoria da produção. Vamos elaborar projetos para o governo do estado e também tentar a aprovação no Terra Sol, do Incra, para, quem sabe, transformar esse trabalho em uma agroindústria”, vislumbra Silva.
O assentamento Padre Nestor abriga a 16 famílias de agricultores assentados e a sua produção de coco se espalha por 300 das cerca de mil tarefas do projeto.
Assessoria de Comunicação Social do Incra/SE
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