ABSURDO: BNDES FINANCIOU O CÂNCER!
A grande notícia deste mês, sem dúvida, foi o salto do desembolso do BNDES com a cadeia do fumo, de R$ 8 milhões em 2001 para R$ 116 milhões em 2010.
É um absurdo que um banco público, comprometido com o desenvolvimento econômico e social, o respeito ao meio ambiente e a valores éticos, tenha financiado o cultivo de substâncias nocivas à saúde, geradoras de graves dependências químicas, com consequências devastadoras para o bem-estar humano e causadoras de mortes e sofrimento nas famílias; quando, pelo contrário, deveria ter financiado a migração para outros produtos do cultivo do tabaco, para o qual a presidente Dilma Rousseff concedeu subsídio de energia elétrica de até 60% em 2011, alterando a resolução 414/2010 da Anatel.
E isso num país em que, segundo o recente relatório do Movimento Todos Contra o Câncer, compilando dados de cerca de 50 entidades brasileiras, 60% dos pacientes com câncer são diagnosticados já em estágio avançado no Brasil e, no caso de câncer de pulmão, 87,9% dos casos são descobertos tardiamente.
E o mais reprovável é que o maior responsável por isso é o ex-presidente Lula (2003-2010), que na campanha de 2002 disse que não se importava em receber financiamento das tabaqueiras (respondendo à pergunta de um jornalista numa série de debates individuais promovido pela Rede Bandeirantes de Televisão), e que, diferentemente da maioria da população, pode diagnosticar com brevidade um câncer de laringe num dos melhores hospitais do país em 2011.
Segundo o INCA 200 mil brasileiros morrem por ano de doenças ligadas ao tabagismo, e em 2014 foram diagnosticados mais 27.330 novos casos de câncer de pulmão.
Se os empréstimos não foram ilegais, são imorais, ilegítimos, antieconômicos e até inconstitucionais se considerarmos que a nossa Constituição proclama o direito à vida.
E tudo isso apesar do Brasil ter aderido, em 27/10/2005, ao Tratado Internacional (Convenção Quadro) para o Controle do Tabaco, reconhecendo o tabagismo como doença e se comprometendo a envidar esforços para proteger as políticas de saúde do país dos interesses comerciais da indústria do tabaco, e promover alternativas economicamente viáveis para os cultivadores; não sendo possível, portanto, alegar ignorância.
É isso ai: "Brasil, Pátria Cancerosa!"
A boa notícia do mês fica por conta de que o Senado deve votar neste segundo semestre o projeto iniciado e aprovado na Câmara dos Deputados que proíbe a propaganda de bebida alcoólica nas emissoras de televisão e de rádio e demais meios de comunicação. A proposta também cria o Dia Nacional de Prevenção e de Combate ao Alcoolismo e às Drogas, previsto para 17 de janeiro.
Boa leitura.
Silvio ToniettoDiretor-Geral
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