sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Incra cria novo assentamento no Rio Grande do Sul

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sexta-feira, 9 Outubro, 2015 - 17:15
Fotos: Milton Jardim - Incra/RS
Cerca de 700 pessoas participaram, nesta sexta-feira (09), do ato de entrega da Fazenda São Clemente, em Esmeralda, região nordeste do Rio Grande do Sul. A ação, comandada pelo Incra/RS,  garante o assentamento de famílias de agricultores atingidas por obras de barragens no estado, assegurando acesso à terra e a políticas de reforma agrária. A área de 2.045 hectares foi adquirida em setembro passado pelo Incra/RS, por meio de contrato de compra e venda (Decreto 433/92 – área produtiva ofertada à autarquia), por R$ 25,7 milhões. O ato marca a criação do assentamento Dom Orlando Dotti, com capacidade para até 143 famílias.
A secretária executiva do MDA, Maria Fernanda Ramos Coelho, que representou o ministro Patrus Ananias na solenidade, disse que a qualidade de vida e a cidadania no campo são prioridades para o governo federal. “O objetivo é assentar famílias, proporcionando condições básicas de produção e comercialização. Incentivando o cultivo de alimentos saudáveis e a agroecologia, fortalecendo a agricultura familiar e a reforma agrária”, realçou.
Já o presidente substituto do Incra, Leonardo Góes, destacou aos presentes a importância da conquista do imóvel, observando o esforço do Instituto na aquisição de novas terras. Ele ressaltou a importância do serviço de assistência técnica, que no caso do novo assentamento, será disponibilizado imediatamente, por um aditivo no contrato atual da instituição no estado. O dirigente também afirmou, ao prefeito de Esmeralda, que a autarquia está mobilizada para dar início à implantação da infraestrutura no novo assentamento, obras que serão realizadas em parceria com o poder público municipal.
A portaria de criação do assentamento Dom Orlando Dotti foi assinada pelo superintendente regional do Incra, Roberto Ramos. O nome é uma homenagem ao bispo emérito da Diocese de Vacaria, pela dedicação à luta das famílias atingidas por barragens que reivindicavam o acesso a terra, em compensação pelo impacto causado pelas obras hidrelétricas na região. “Temos diferentes credos religiosos, divergimos na idade, mas todos nós concordamos com a importância da dignidade das pessoas. Este ato resgata a dignidade e a cidadania dos agricultores”, afirmou o bispo.
Devido às fortes chuvas, a cerimônia ocorreu no ginásio do reassentamento São Francisco de Assis, a 6 km do imóvel. As atividades tiveram início com uma carreata, partindo do centro da cidade.
Também participaram da solenidade: o prefeito de Esmeralda, Ailton de Sá Rosa e representantes de movimentos sociais.
Famílias
O município de Esmeralda está localizado em uma região que concentra a construção de hidrelétricas, como as de Machadinho e Barra Grande (em Pinhal da Serra). A localidade possui outros três reassentamentos, reconhecidos pelo Incra, que juntos abrigam 86 famílias.
Inseridos neste contexto, os lotes da fazenda São Clemente serão destinados a famílias acampadas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Os agricultores serão selecionados conforme edital público a ser lançado pelo Incra ainda este mês.
Para o jovem Andrey Fonseca, 21 anos, pode ser a oportunidade de realizar o sonho vivido desde criança. Ele pretende candidatar-se a uma parcela no novo assentamento, a fim de buscar a realização pessoal de trabalhar no campo e dele sobreviver. “A alegria de ter uma terra para dizer que é tua, é imensurável”, afirmou o rapaz, que aos oito anos viu os pais serem desapropriados da pequena propriedade que tinham às margens da barragem de Barra Grande.
Já o casal Conceição e José Vandemir de Abreu esperam recomeçar a vida aos 50 anos. Por volta de 1995, o pai de Conceição foi atingido pela construção da barragem de Machadinho e a família passou a arrendar lavouras na região para sobreviver.
“Trabalhar no terreno dos outros e pagar uma porcentagem aos donos é muito difícil. A gente paga para trabalhar. Se tivermos problemas com o clima, a gente perde tudo e ainda tem de pagar”, relatou Conceição. Segundo ela, o novo assentamento representa uma oportunidade de independência, já que a família tem conhecimento sobre o solo, o clima e a agricultura da região.
Apesar de ainda aguardarem o edital do Incra, as famílias já planejam linhas de produção, caso sejam contempladas. Uma delas é o cultivo de erva-mate, que fornece o chá para a bebida mais típica do RS - o chimarrão.
O assentamento Dom Orlando Dotti também abrigará famílias do MST. Rosa Maria da Silva, acampada há sete anos, busca um “lugar para cultivar seu próprio alimento, sem o uso de venenos”. Com a possibilidade de um lote, a expectativa dela é investir no cultivo de hortas orgânicas para alimentação da família e oferta de produtos saudáveis ao mercado local.
Mulheres 
Durante a cerimônia de criação do assentamento em Esmeralda, a agricultora Francieli Oliveira Nunes, do assentamento Três Pinheiros, em Sananduva, assinou o contrato de concessão do Crédito Instalação – Modalidade Fomento Mulher. Ela representou as 693 agricultoras gaúchas que já acessaram esses recursos.
O crédito, no valor de R$ 3 mil cada, viabiliza projetos produtivos e a inserção econômica e social das mulheres. Em 2015, a superintendência do Incra no Rio Grande do Sul já liberou R$ 2 milhões para essa modalidade.  O número representa a aplicação de quase 30% do total de créditos pagos ao público feminino, em todo o país.

Com informações Incra/RS
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