by Coleguinhas |
Os adeptos das palavras vão me perdoar, mas depois de duas semanas usufruindo das escritas pela minha irmã, é hora de voltar aos números. No caso, aos de circulação dos principais jornais do país, a começar pelos do Globo. A ideia é dar uma destrinchada maior nos dados e antecipar tendências, quando tiver uma base maior de dados (ano que vem, já vai dar), além de ampliar o leque de publicações para jornais de outros estados (vai depender de algumas negociações, mas creio que vai rolar também em 2016).
Bem, agora algumas observações técnicas - perdão, mas são meio que inevitáveis para as coisas ficarem explicadinhas (prometo, porém, tentar torná-las os mais indolor que conseguir):
1. Os dados começam em janeiro de 2014 porque este foi o primeiro mês em que o IVC pôs em prática as definições sobre edições digitais e analógicas (em papel), que eram bem confusas. Por isso, os dados para trás foram desprezados.
2. Os números se referem à circulação média mensal.
3. Os dados das edições foram divididos em três colunas: digital puro, papel puro e digital+papel, quando se trata de assinaturas que contemplam os dois tipos de edição anteriores.
4. A novidade real, em relação às tabelas e gráficos com os quais você estava acostumado, são as linhas de tendência (também chamadas de regressão porque podem voltar, o que não é nosso caso aqui). Assim, haverá explicações mais pormenorizadas sobre elas (e tristemente um tanto dolorosas):
a. Usei as linhas polinomiais, mais indicadas para casos em que há picos e vales mais acentuados nas curvas de dados, como circulação de publicações;
b. Como cada publicação apresenta curvas diferentes, com diferentes relações entre picos e vales, a potenciação foi definida não só para cada uma delas, como também para cada tipo de edição. Assim, o jornal A pode ter uma linha de tendência de polinômio 3 para a edição digital e 4 para edição analógica, enquanto o jornal B pode tê-las invertidas, ou mesmo diferentes (2 e 3, por exemplo).
c. No entanto, para possibilitar uma comparação entre os veículos, trabalhei sempre com linhas que tivessem um R² acima de 0,8. O que é R²?...Certo...R Quadrado é a indicação de quanto uma linha de tendência é aderente às linhas de determinado gráfico. Varia de 0 a 1 e quanto mais próxima a 1, melhor.
Acabou. Não foi tão ruim, foi? Então vamos à tabelas e gráficos
ANÁLISE
1. Não há a menor dúvida, os números e curvas falam por si: a circulação d’O Globo está em queda. O ritmo desta retração, porém, varia por tipo de edição e circulação.
2. A edição em papel é a que apresenta a redução mais veloz e constante. Usei a linha com polinômio 2, mas poderia ter usado a regressão linear que a curva seria praticamente igual – uma reta apontando para baixo. Não vejo razão alguma para que esta tendência mude.
3. As assinaturas digitais tiveram um crescimento espetacular de janeiro a dezembro do ano passado (de 30.964 para 67.906, mais 119,31%), mas, a partir de janeiro a curva inverteu-se: até outubro deste ano, houve queda de 10% (para 61.095). Vamos ter que aguardar um pouco – talvez uns seis meses - para ver como ela se comporta.
4. As assinaturas compostas mostram uma brusca quebra de dezembro de 2014 para janeiro deste ano, com uma queda de 32% entre estes dois meses (de 80.566 para 54.779). Houve retração também na circulação das edições “puras”, mas muito longe desse nível. Quando ocorre uma situação desta, normalmente é porque houve uma limpa de cadastro. Entre junho e julho, outra redução, mas menor (7%, de 54.124 para 50.338). Também neste caso, precisamos aguardar até o primeiro trimestre de 2016 para ver como se comportam os números.
5. No total, após um 2014 de crescimento atingindo dois dígitos, de 17,8% (de 299.822 para 353.251), capitaneado pelas assinaturas digitais, O Globo, a circulação de O Globo foi 1,3% menor em outubro passado do que em janeiro de 2014 (295.687 contra 299.822).
6. A explicação provável para a disparidade apontada acima é a de que, em 2014, houve dois grandes eventos que despertaram muita atenção – Copa e eleições presidenciais, enquanto em 2015 nada houve que merecesse atenção suficiente para um acompanhamento mais constante. Se assim tiver sido, pode-se esperar uma ligeira recuperação em 2016, já que há Jogos Olímpicos no Rio e também eleição municipal.
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