Publicado dia 10/12/2015
Crédito: Ascom Incra/SC
Cultivar morangos sem agrotóxicos é um desafio para qualquer agricultor, mas essa prática se tornou realidade no assentamento Índio Galdino, localizado em Curitibanos, a pouco mais de 300 quilômetros da capital catarinense de Florianópolis. Desde 2013, os frutos adornam o lote de Neomar Ribeiro e Joselaine de Lima a partir de novembro, garantindo um fim de ano doce e saudável para a família e seus consumidores.
“Nossa família sempre teve convicção de que a agroecologia é o caminho para a produção de alimentos saudáveis, e que este é o modelo de agricultura que deve ser utilizado como base, tanto para o desenvolvimento do lote, como para o assentamento como um todo”, conta Ribeiro. A família já trabalhava com leite e hortaliças, mas optou pelos morangos por não haver fornecedores da fruta orgânica no município. O desejo de trabalhar com uma das culturas que mais empregam agrotóxicos sem a utilização desses insumos ganhou impulso com a atuação da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), oferecida por empresas contratadas pelo Incra em Santa Catarina, que orientou toda a implantação dos canteiros.
Passo a passoO primeiro passo recomendado pelo engenheiro agrônomo Fredy Magrini, foi coletar amostras e analisar o solo a fim de detectar adubos e corretivos a serem usados conforme recomendação agroecológica. Uma área que estava em repouso, de cerca de 600 m², foi reservada para o plantio dos morangueiros. Em seguida, o técnico e os assentados realizaram visitas em propriedades produtoras para visualizar a experiência na prática e iniciar o preparo do solo, a confecção dos canteiros e as estufas do tipo túnel baixo, e encomendar as 2500 mudas da variedade Albion, vindas do Chile e isentas de vírus, que deram início à atividade.
A equipe ainda contou com Dia de Campo no assentamento para ensinar a fabricação de biofertilizante como a calda bordalesa e e calda sulfocálcica, insumos utilizados para a fertilização das culturas. Outro aprendizado para os assentados foi estimular a resistência das plantas e prevenir e controlar pragas e doenças. O biofertilizante utilizado é desenvolvido pelo Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), por meio do Laboratório de Educação do Campo e Estudos da Reforma Agrária (Lecera).
DesafiosA experiência está completando dois anos e os beneficiados se mostram satisfeitos com a produção média de 2 quilos por planta de morango a cada ciclo da cultura, apesar dos desafios. “O morangueiro te ensina a trabalhar, quase perdemos as mudas por excesso de adubações de biofertilizante, por exemplo, mas aprendemos a conviver com certas pragas”, revela o agricultor. Para ter sua produção orgânica certificada, a família se articulou com vizinhos para formar o grupo de produtores orgânicos Pingo D’água, que terá Certificação Participativa da Rede Ecovida, do Alto Vale do Rio do Peixe.
Na atualidade, os agricultores iniciaram a comercialização dos morangos orgânicos in natura e congelados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e tem nas feiras da reforma agrária mais um canal de comercialização. Mas a melhor das recompensas é poder ver o pequeno Cauá, de quatro anos, perambular pelos morangueiros dos pais e comer o fruto sem medo de contaminação. Alegria que é compartilhada com os pais da cidade que podem agora contar com morangos para festejar um natal “orgânico”.
Assessoria de Comunicação Social do Incra/SC
(48) 3733-3559
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