terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Quintal produtivo e diversidade de produção garantem renda a família assentada no Sertão da PB



Publicado dia 18/12/2015
Um oásis em meio à paisagem árida do Sertão paraibano. Assim é o quintal do casal de agricultores Joseildo da Silva e Valma de Sousa, do assentamento Fortuna, no município de Jericó, a cerca de 405 quilômetros da capital João Pessoa (PB). A diversidade encontrada no quintal produtivo da família inclui banana, tomate, mamão, abobrinha, pimenta e coentro, alimentos cultivados com a participação dos filhos de 12 e sete anos.
Apesar da escassez de água, a produção diversificada encontrada nos arredores da casa da família na agrovila do assentamento também se estende ao lote, onde são criados bovinos, caprinos, aves e suínos. “Também tínhamos uma criação de peixes, mas agora com a falta d'água não deu para continuar com os peixes. As águas são poucas e a gente não pode avançar mais em plantação porque não existe água suficiente”, contou Seu Joseildo, acrescentando que a água, usada de forma racionada pela família para manter as plantas e os animais, vem de um cacimbão (espécie de poço).
O que não é consumido pela família é vendido no próprio assentamento. Os ovos produzidos pelas cerca de 50 galinhas da família são vendidos por R$ 0,50 a unidade. “Tudo ajuda no orçamento da casa. E tem mais, compro muito pouco no supermercado, já que tiro daqui a maioria das coisas que preciso no dia a dia”, disse Valma.
A diversidade de produção da família – essencial à convivência com o Semiárido – e a transição para uma agricultura familiar saudável, livre de agrotóxicos e de transgênicos vêm sendo estimuladas pela equipe da Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano (Caaasp), entidade contratada pelo Incra para desenvolver o trabalho de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) em 33 assentamentos onde vivem 1,1 mil famílias.
O técnico agrícola da Caaasp Paulo César Elói Soares acompanha a produção de Valma e Joseildo e é o responsável por apresentar à família os princípios da agroecologia e da convivência respeitosa com o meio ambiente. “Oferecemos uma assessoria que foge do paradigma tradicional e mercantil de repasse de pacotes”, afirmou Soares. “Nossa prioridade é estimular a reflexão para uma convivência com a natureza e entre as pessoas, bem como mostrar a importância da produção para o autoconsumo, com ênfase na importância de se ter uma boa alimentação”.
Segundo o técnico, para oferecer um bom trabalho de Ater, é essencial que as equipes de assistência técnica, social e ambiental escutem o que as famílias assentadas têm a dizer. “Essa preocupação é para que a fala seja deles e não a nossa. Para isso, é fundamental que o trabalho seja contínuo e que os agricultores se sintam à vontade com o nosso trabalho, que se aproximem e confiem em nós, não como portadores do conhecimento, mas como facilitadores de um processo de diálogo em que a opinião de cada um contribui para o conjunto”, explicou Soares.
Para os agricultores assentados que também vivem em situação de escassez de água, Valma deixou um recado: “Nunca desista! Quem tem seu pedacinho de terra tem que valorizá-lo porque é bom demais plantar e comer aquilo que a gente colhe”, concluiu a assentada.
Com informações da Caaasp e do Instituto de Assessoria a Cidadania e ao Desenvolvimento Sustentável (IDS).
Assessoria de Comunicação Social do Incra/PB
(83) 3049-9259
http://www.incra.gov.br/pb

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