segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Três é demais: mais um passaralho no Globo

by Coleguinhas

Mais um passaralho no Globo, o terceiro em um ano. Para quem leu a Coleguinhas desta semana, e também aquela em que falava da chegada de Frederic Kachar á presidência do Infoglobo, não deve ter se surpreendido. Os números mostram que o Globo vem tendo tremenda dificuldade para fazer a passagem para o digital – não é um processo fácil para nenhuma publicação, mas para o jornal dos Marinho é ainda mais complicado e está fracassando estrondosamente.
A empresa não tem dinheiro – já era curto, devido ao investimento num parque gráfico num momento em que as publicações impressas já estavam agonizando, e ficou ainda mais com a pra lá de estranha negociação envolvendo o novo prédio – e, claramente, não tem capacidade gerencial para dirigir a mudança de paradigma para outro que é, deper si, muito mais dinâmico do que aquele em que o jornal foi criado e se desenvolveu. Sem contar que, recentemente, os Irmãos Marinho decidiram usar seus veículos – não apenas o jornal – integralmente como parte de sua estratégia política, fazendo deles suas pontas-de-lança na busca que visa voltar a mamar nas tetas do governo federal, via verbas publicitárias.
Num quadro como esse faz sentido colocar Kachar como principal executivo do Infoglobo. Sempre pensando em encher o bolso no próximo fiscal e não, necessariamente, na sustentabilidade do negócio no longo prazo, os Marinho transferiram o sujeito da Agência Globo para fazer o que ele sabe: promover sinergia cortando custos, a começar de salários. Assim, ele fará com que a redação do Extra se encarregue de manter o dia a dia das editorias de Rio e Esporte, talvez com repórteres especiais do Globo realizando matérias especiais mais aprofundadas para fins de semana (e/ou digital), a fim de dar uma diferenciada no produto. Também vai anexar a sucursal de São Paulo com a sede da revista Época (e, provavelmente, o contrário no Rio).
No médio prazo, esse movimento poderá atingir o Valor, uma associação com os Frias. Estes gostariam da junção da economia da Folha (e os Marinhos, a do Globo, et pour cause) com o Valor, um projeto que emularia (e até aperfeiçoaria) o que faz o Estado de São Paulo há anos om a Agência Estado e o Broadcast, o serviço em tempo real para o mercado financeiro, cujo concorrente mais direto é Valor PRO, serviço que tem apenas uns três anos de existência. Não será fácil , mas também não impossível – é caso de negociar e arrumar um desenho que permita manter pelo menos uma aparência de independência editorial de cada veículo.
Enfim, de qualquer maneira, uma coisa parece certa – este não é o último passaralho a atingir O Globo. No máximo, o próximo demorará mais de um ano para acontecer.
A lista dos demitidos que consegui apurar até o momento do fechamento (21 horas): Paulo Roberto Araújo, Clarice Spitz, Matheus Carrera, Alessandro LoBiaco, Gustavo Stefan, Iuri Totti, Thais Mendes, Carlos Ivan, Chico de Goés (BSB) e Regina Alvarez (BSB).
Há rumores de mais 15 ou 20 nomes nas redações de Globo e Extra e um total de 140 na empresa inteira.

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