quinta-feira, 10 Março, 2016 - 18:30
“Os encontros do ‘Diálogos da Terra’ têm sido uma experiência muito positiva, com conversas francas que a gente incorpora com seriedade e humildade”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Patrus Ananias ao falar durante a abertura do 3º Diálogos da Terra, nesta quinta-feira (10), em Brasília. O evento, promovido pelo ministério, reúne, nesta edição, mais de quinze movimentos sociais do campo, além de professores e pesquisadores universitários e juristas, para discutir ações de fortalecimento e de desenvolvimento da agricultura familiar.
Ao fazer um balanço de sua gestão no MDA, Patrus avaliou que as ações implementadas pelo governo federal para desenvolvimento da agricultura familiar foram positivas, com a ampliação do crédito e das compras públicas. Porém, no tema da reforma agrária, o ministro do Desenvolvimento Agrário reconheceu que as ações ficaram abaixo do esperado. “Temos uma avaliação que, em 2015, ficamos aquém do que gostaríamos em relação à reforma agrária e ao assentamento das famílias acampadas. Então este ano, em uma ação integrada com o Incra, nós criamos uma sala de situação para irmos no limite de nossas possibilidades, fazendo tudo que estiver ao nosso alcance para assentarmos, em condições dignas, as famílias acampadas”.
Para Noeli Taborda, do Movimento de Mulheres Camponesas, a oportunidade de dialogar diretamente com o governo é positiva. “A gente sente a necessidade de avançar nas políticas públicas que, de fato, fortaleçam a agricultura camponesa e a agroecologia. Para isso, precisamos reforçar estes espaços de diálogo, pois a gente entende que um movimento sozinho não tem força suficiente”.
Cenário político
Na avaliação do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Alberto Broch, a situação política atual é delicada e as crises, econômica e política, estão interligadas. “Vivemos realmente uma das maiores crises pós 1964. A geração desta grave crise econômica tem tudo a ver com a crise política, e as consequências das duas são graves, principalmente, para as conquistas que nós tivemos neste último período. Neste momento, precisamos ir para as ruas defender as conquistas, defender os direitos, e, ao mesmo tempo, pressionar o governo para que não abandone importantes políticas, especialmente o que conquistamos para o campo nos últimos anos”.
Frei Antônio Sérgio Görgen, dirigente nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), concorda que é primordial valorizar as conquistas sociais da última década e ressaltou o caráter internacional da crise. “Esta crise tem um viés político muito forte. O pouco que as classes populares avançaram no Brasil, nos últimos anos, é demais para as classes dominantes. Temos símbolos de igualdade, de respeito aos pobres e de acesso a políticas que antes eram reservadas só para os ricos; latifúndios que os pobres não entravam”, salientou ao destacar que estes avanços estão sendo colocados em cheque pelas classes dominantes.
Mateus Zimmermann
Ascom/MDA
Ascom/MDA
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