sexta-feira, 11 Março, 2016 - 15:15
As mulheres do campo têm contribuído de forma importante para a produção de alimentos saudáveis, a segurança e soberania alimentar e para o desenvolvimento rural sustentável e solidário do país. São mais de 14 milhões de mulheres no meio rural, representando 47% da população destas áreas. E no mês de março, quando se comemora o dia da mulher, não poderíamos deixar de falar do papel feminino no campo. Para levantar a bandeira da trabalhadora rural e falar da luta dessas mulheres conversamos com a coordenadora nacional do Setor de Gêneros do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST), a agricultora Atiliana Brunetto.
Qual a importância do mês de março para as mulheres do campo?
Para as mulheres do campo, a data representa um momento de luta. Temos esse mês como um momento de denúncia do que está acontecendo de grave no meio rural. A gente traz a realidade do campo, mostrando direitos que não avançam para as mulheres rurais, o que não tem avançado nos assentamentos, a questão da valorização do uso da terra, o respeito à natureza. É o momento de colocarmos mesmo como está nossa vida, seja nos assentamentos, nas aldeias, nas unidades da agricultura familiar. Porque a mulher também produz os alimentos consumidos pela maioria dos brasileiros.
Qual o papel das mulheres no campo?
Elas têm um papel importantíssimo, são responsáveis pela permanência da família no campo. As mulheres são as responsáveis pela produção do que a família vai se alimentar, essa é uma das principais funções dela. Elas são, historicamente, conhecidas como as primeiras agricultoras, fomos nós mulheres que demos início a agricultura familiar, plantando e produzindo para si mesmas. Então nós somos agricultoras e observadoras, conseguimos ver as possibilidades que vem das sementes. Desde então, somos nós que produzimos para a família. A gente vê também que elas desenvolvem a agroecologia desde muito cedo. O que faz das mulheres engajadas na luta de preservação da natureza. Hoje, temos várias conquistas das mulheres do campo, principalmente em relação aos seus direitos. Temos, por exemplo, o Pronaf Mulher. Que é o credito específico para nós e faz uma diferença enorme.
Qual a principal pauta das mulheres rurais?
Nós estamos trabalhando muito a questão dos direitos, que passa pelo crédito, pelo direito à terra e pela alimentação saudável. Também queremos focar na previdência social. São as nossas principais bandeiras para a luta este ano.
Qual o papel das mulheres no MST?
O MST é um dos movimentos que sempre incentivou a participação da mulher na luta. Então nos organizamos e trabalhamos a emancipação da mulher nos assentamentos. Ajudamos na forma de produção e estamos vencendo muitas barreiras para garantir a nossa participação não só no movimento, mas em tudo que nos cerca.
Quais são os desafios futuros?
Vamos continuar na nossa luta para garantir os nossos direitos, não só das mulheres, mas da classe trabalhadora. É um momento difícil e, não vamos abandonar a luta, para de fato fazermos uma transformação nos assentamentos. Garantir recursos para as famílias para que possam sobreviver da terra e se alimentar dela.
Tássia Navarro
Ascom/MDA
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