Presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), o ex-deputado Paulo Rubem Santiago pediu demissão por não reconhecer a legitimidade de Michel Temer (PMDB) em ocupar a presidência da República de forma interina; pedido foi encaminhado ao Ministério da Educação (MEC), comandado pelo também pernambucano Mendonça Filho (DEM); "Esse processo é um golpe, desprovido de legalidade e legitimidade", disse Santiago
15 DE MAIO DE 2016 ÀS 07:10
Do Portal Vermelho - O presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Paulo Rubem Santiago, pediu demissão por não reconhecer a legitimidade de Michel Temer (PMDB) em ocupar a presidência da República de forma interina. Seu pedido de exoneração foi encaminhado ao Ministério da Educação (MEC) na sexta-feira (13), depois de reunião com os servidores da instituição, que atua na área de educação e cultura.
No cargo há 13 meses, Paulo Rubem Santiago resolveu se antecipar a uma possível demissão, além de demonstrar publicamente discordância com o processo de impeachment de Dilma que levou Temer a ser presidente interino. "Esse processo é um golpe, desprovido de legalidade e legitimidade", disse ele ao lembrar que foi convidado para ocupar o cargo por Dilma: "Entendemos que era um dever de coerência entregar o cargo, já que é um governo que não foi eleito pela população. Eu fui chamado para o cargo pela presidenta Dilma e o ministro Aloizio Mercadante, então não havia coerência em permanecer na fundação para conviver com um governo que eu não concordo com a legitimidade dele".
Atualmente, a Fundaj passava por um redesenho institucional para fortalecer a fundação como produtora de conhecimento científico na área de Ciências Humanas. Também foi credenciada recentemente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para virar uma escola de governo para servidores públicos. Dois cinemas, o Museu do Homem do Nordeste e outras iniciativas culturais também fazem parte da instituição, que tem orçamento anual pequeno, quando comparado a outros órgãos federais: cerca de R$ 100 milhões.
Santiago teme que a crise na instituição se aprofunde, diante dos cortes anunciados pelo governo Temer. "Em 26 anos, a Fundação só fez dois concursos para a carreria de Ciência e Teconologia. Temos um número elevado de funcionários que só estão na fundação porque recebem abono de permanência, porque eles já tem idade para se aposentar", revela. "Se a lógica é corte de gasto público e a fundação já vem sofrendo com isso, há um risco de que a fundação seja mais e mais penalizada. Então o apelo que fiz hoje aos funcionários é que resistissem e consolidassem projetos em andamento".
Agora, Santiago volta para a sala de aula, já que também é professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Santiago promete continuar na oposição ao governo interino e contribuir para propor políticas públicas relacionadas ao campo da esquerda, embora descarte concorrer a um cargo nas eleições municipais deste ano.
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