quinta-feira, 2 de maio de 2013

Como o consumidor pode tentar fugir da inflação



IDEC
Instituto Brasileito de Defesa do Consumidor
Adital
Por Ione Amorim

A inflação acumulada nos últimos doze meses atingiu o patamar de 6,59% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acima do teto da meta estabelecida pelo governo que é de 6,5%. O índice que mede a variação dos preços dos alimentos e serviços aos consumidores foi impulsionado principalmente pelo aumento de preço dos alimentos, com destaque ao tomate, que acumula variação superior a 140% no preço no ultimo ano.
Além dos alimentos, outros serviços também contribuíram para que o aumento da inflação, como o reajuste dos planos de saúde, medicamentos, serviços pessoais, produtos para casa, restaurantes e moradia.
Diante de tantos reajustes o consumidor, em muitos casos, não tem como fugir dos aumentos que acabam corroendo a sua renda. A maioria dos produtos não é regulada pelo governo, os preços são estabelecidos pelo mercado de acordo com a oferta e procura. Entre as muitas variáveis que interferem na produção, a questão climática tem alto impacto na oferta, sobretudo de alimentos, sempre que ocorre uma quebra de safra provocada pelo excesso ou falta de chuvas e geadas.
Até entre os produtos que são regulados pelo governo, como medicamentos e planos de saúde, ocorrem reajustes que superam a inflação. O exemplo mais recente é o caso dos medicamentos, no dia 01/04/2013 o governo autorizou um reajuste máximo de 6,31%. O aumento atinge diretamente o preço teto (PMC - preço máximo ao consumidor) e não o preço praticado nas farmácias.
Pesquisas do Idec apontam que muitos medicamentos possuem o preço teto muito acima do preço da farmácia, gerando uma margem muito ampla entre os dois preços. Essa ocorrência permite que os reajustes nos pontos de vendas possam ocorrer em índice superior ao autorizado pelo governo desde que não ultrapasse o preço teto. Conclusão: o consumidor paga muitas vezes preços corrigidos acima da reposição da inflação, contribuindo para a elevação geral dos preços.
De maneira geral o consumidor deve ficar atento. Sempre que a demanda for maior que a oferta a tendência dos preços dos produtos e serviços será de alta com reflexo no cálculo da inflação e perda do poder aquisitivo. Para driblar uma parte considerável desses aumentos os consumidores devem pesquisar os preços em mais de um estabelecimento, nos sites de supermercados e drogarias, programar-se antes de ir às compras e conferir as promoções previamente para não ser enganado pela publicidade.
Outras dicas são: dedicar um tempo para observar a variação dos preços entre marcas e embalagens durante as compras e sempre que o preço estiver fora da média, substituir produtos, marcas, reduzir quantidades, trocar de supermercados, ficar de olho nas promoções. Este não é o momento de estocar, apenas planejar bem os gastos.
O consumidor pode avaliar onde estão disponíveis os preços mais vantajosos na soma dos produtos que irá comprar. As promoções não costumam ser feitas em todos os produtos nos supermercados, algumas promoções são realizadas para atrair o cliente e são compensadas em outros produtos, então é preciso avaliar no conjunto a melhor opção.
Além dos preços, é importante adequar as compras de acordo com os hábitos de consumo da família para evitar também o desperdício e reduzir as visitas aos supermercados. Os alimentos frescos ou in natura (exemplo: carnes, frutas, legumes e verduras) que se estragariam se não forem consumidos ou preparados rapidamente, podem ter a validade ampliada por algumas semanas se forem preparados e congelados na residência. Exemplos: sopas, panquecas, tortas, quiches, ensopados, polpa de frutas para sucos, sorvetes etc.
Para os produtos processados e de limpeza, as compras podem ser planejadas de acordo com a embalagem de menor preço por unidade de medida {link da matéria da revista}, respeitando as condições de preservação dos produtos, como prazo de validade superior a 60 dias e características depois de abertos. Ex. Material de limpeza, cereais, azeite, achocolatados, entre outros. Acompanhe as informações sobre os produtos mais afetados pelo aumento de preço e inflação e substitua por similares. Altere o cardápio de acordo com os produtos de maior disponibilidade na época.
Para comprar medicamentos é importante pesquisar o preço em várias farmácias antes de finalizar a compra. Entre as redes de farmácias os consumidores encontrarão preços muitos diferentes inclusive entre os produtos genéricos e de referência. Em pesquisa {link} recente do Idec, vários medicamentos genéricos já apresentam preços superiores aos medicamentos de marca.
Programe-se previamente, se os gastos com serviços de viagem, salão de beleza, academia, esteticistas, médicos particulares, entre outros apresentarem reajustes expressivos, avalie a possiblidade de troca ou reduza a frequência, pelo menos temporariamente para não se afundar em dívidas.
Se o orçamento ficou fora de controle e pressionado pelos aumentos dos preços com alugueis, condomínio, entre serviços com menor flexibilidade de mudança ou redução de preços, procure fazer reduções onde possui alternativas, como alimentação fora de casa e lazer, entre os restaurantes, bares e pizzarias.
Porém, não transforme o seu combate à inflação em um processo de isolamento e flagelo, aproveite o momento e explore a sua criatividade, descubra sua habilidade na cozinha, convide os amigos e familiares e promova encontros e reuniões em casa e reduza as despesas onde a pressão de alta dos preços estiver em destaque.
Alimentos vilões da inflação
No grupo dos alimentos sempre existiram os vilões da inflação, como atualmente o reajuste do tomate está no centro da questão, no passado outros produtos como o chuchu, que já viveu seus dias de glória. Há 36 anos, o então ministro da Fazenda Mario Henrique Simonsen apontou o chuchu como responsável pelo aumento da inflação, em 2011 novamente ocupou o mesmo posto, já em 2008 o vilão foi o feijão carioca.
A cada ano um alimento se destaca como vilão da inflação em função dos aumentos de preços que ocorrem anualmente impactados por problemas climáticos que interferem na oferta de produtos. O consumidor possui um papel decisivo para não acelerar a alta de preços, através da substituição de produtos, um caminho para desacelerar a procura e evitar elevação dos preços e reduzindo o risco de uma espiral inflacionária.

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