O Centro de Estudos e Debates Estratégicos da
Câmara dos Deputados, em Brasília-DF, promoveu reunião para discutir utilização
do gene de café resistente a seca em culturas, como açúcar, soja, arroz, trigo,
feijão e algodão. Na ocasião, o gerente-geral da Embrapa Café,
Gabriel Bartholo, fez exposição sobre andamento dos resultados e estudos para
adaptação genética de plantas ao semiárido, o que irá auxiliar na convivência
do homem com a seca. O presidente do Centro, Inocêncio Oliveira (PR-PE), pediu
para incluir verba específica visando a estimular mais rapidez a essa pesquisa.
O objetivo é garantir a produção, mesmo durante a estiagem, de produtos
essenciais à mesa do brasileiro e para a riqueza do País, por meio da
agregação, às suas respectivas plantas, da característica de tolerância à seca.
Sobre a pesquisa - De acordo com Bartholo, foi a partir do projeto que
traçou o genoma do café, desenvolvido pela Embrapa
Recursos Genéticos e Biotecnologia e pela Fundação de Amparo à
Pesquisa de São Paulo – Fapesp, que a pesquisa feita pela Empresa em
parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ identificou
o gene (CAHB12), presente no café arábica e altamente tolerante a seca. Em
sequência, os pesquisadores transferiram esse gene para outra planta
(Arabidopsis thaliana), que foi submetida a um regime de 40 dias sem água e
permaneceu saudável. “As ‘testemunhas’, plantas da mesma espécie que não
receberam o gene, morreram em 15 dias. Mais do que isso, as sementes ficaram
resistentes até a terceira geração”, explica.
O gene do café está sendo testado em casas de
vegetação em plantas de interesse agronômico de culturas comerciais como cana
de açúcar, soja, arroz, trigo, feijão e algodão. Depois dessa fase, passarão
pelo teste de campo. Segundo o gerente geral, as expectativas da pesquisa são promissoras,
beneficiando não só o Semiárido, mas também as demais regiões brasileiras a
médio e longo prazos. “Estima-se que em cerca de 6 a 8 anos se obtenha
cultivares tolerantes a seca. É um trabalho de parcimônia, com a realização de
muitas checagens de benefícios/malefícios, inclusive sob o ponto de vista da
saúde humana. Espera-se também que não se altere características agronômicas de
interesse nas plantas estudadas e que haja tolerância a seca nas gerações
seguintes”. Bartholo também enfatizou a importância de não se ter limitação de
recursos, o que ameaçaria a continuação do projeto e até a perda dos dados já
obtidos.
Além da expectativa de aumento ou manutenção
dos níveis de produção econômica e de desenvolvimento social, os pesquisadores
envolvidos no estudo acreditam que, com o cultivo de plantas resistentes a
seca, será possível reduzir os impactos ambientais provocados pela atividade,
uma vez que abre perspectivas de menor consumo de água.
A descoberta da Embrapa e UFRJ, já registrada
no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, agora deverá buscar
patente internacional, por meio do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes
(PCT), gerido pela Organização Mundial de Propriedade Intectual – OMPI. “Ainda
há um longo caminho pela frente para ter domínio da patente. A Embrapa está se
empenhando firmemente nisso”, garante o gerente geral da Embrapa Café.
Deputados presentes - Da Câmara dos Deputados, estavam presentes os deputados
Inocêncio Oliveira (PR-PE), presidente do Centro de Estudos e Debates
Estratégicos, e Luiz Henrique Cascelli de Azevedo, secretário executivo.
Compararecem à reunião também os deputados José Linhares (PP-CE), Waldir
Maranhão (PP-MA), Paulo César (PSD-RJ), Amauri Teixeira (PT-BA), Leopoldo Meyer
(PSB-PR), Francisco Tenório (PNB-AL), José Humberto (PHS-MG), Alexandre Toledo
(PSDB-AL), Marcelo Castro (PMDB-PI), Afonso Florence (PT-BA), Raimundo Gomes
(PSDB-CE), João Paulo Lima (PT-PE) e Luciana Santos (PCdoB-PE).
De forma geral, os deputados se mostraram
interessados em saber se o prazo de 6 a 8 anos na obtenção das cultivares
poderia ser diminuído para que a seca tenha seus efeitos minimizados mais
rapidamente. Sobre isso, Bartholo esclareceu que esse tempo pode ou não ser
encurtado, dependendo das exigências da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CNTBio, e dos progressos e time da pesquisa.
Ponderou que, do ponto de vista científico, as pesquisas precisam avançar nos
testes para que seja comprovado com segurança que as gerações seguintes tenham
longevidade e produtividade igual ou superior à original.
Origem do gene resistente a seca – É consequência do trabalho, realizado em parceria por
instituições participantes do Consórcio
Pesquisa Café e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo
–Fapesp,
de mapeamento de 200 mil sequências de DNA, dos quais mais de 30 mil genes
foram identificados como responsáveis por diversos mecanismos fisiológicos de
crescimento e desenvolvimento do cafeeiro. Desse manancial genético, saiu o
gene identificado e testado pelos pesquisadores, denominado CAHB12. A
decifração do código genético do café, o genoma café, foi pioneirismo
brasileiro e colocou o Brasil na vanguarda das pesquisas em café.
Esse banco de dados, o maior do mundo para o
grão, está à disposição das 45 instituições que compõem o Consórcio Pesquisa
Café, distribuídas em 14 estados brasileiros. As informações estão guardadas
pela Rede de Genomas Agronômicos e Ambientais da Fapesp e pela Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia.
Benefícios do genoma café - O domínio do código genético tem tornado possível o
desenvolvimento de variedades mais produtivas, tolerantes a variações
climáticas (como seca e geada) e resistentes ao ataque de pragas e doenças, com
reflexos diretos no custo de produção, na proteção ambiental e no incremento de
20 a 30% na produtividade das lavouras, em função do menor uso de defensivos
agrícolas. Além disso, os dados gerados pela pesquisa aceleram a obtenção de
cultivares de melhor qualidade, aroma, sabor e propriedades nutracêuticas do
grão, agregando qualidade ao produto e mais satisfação e saúde para o
consumidor.
Consórcio Pesquisa Café - Congrega instituições de pesquisa, ensino e extensão
localizadas nas principais regiões produtoras do País. Seu modelo de gestão
incentiva a interação das instituições e a otimização de recursos humanos,
físicos, financeiros e materiais. Foi criado por dez instituições: Empresa
Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária -Embrapa,
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig,
Instituto Agronômico - IAC, Instituto Agronômico do Paraná - Iapar,
Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural - Incaper,
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa,
Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro - Pesagro-Rio,
Universidade Federal de Lavras - Ufla e Universidade Federal de Viçosa - UFV.
Gerência de Transferência de Tecnologia da
Embrapa Café
Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF
Fone: (61) 3448-1927
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com.br
Fone: (61) 3448-1927
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