Fonte: mtv
O cancelamento de um dos melhores e mais debatidos programas da MTV, bem como a demissão arbitrária de seu apresentador Joe Maalouf, foi o assunto da última semana no Líbano. Especialmente, porque o pivô da história, certamente, foi o caso do abuso de autoridade do Prefeito do Dekwaneh, na perseguição contra os clientes da boate GLS “Ghost”, fechada no final do último mês.
Em seu último episódio do “Enta 7orr”, Joe Maalouf, criticou drasticamente a atitude do Prefeito, que violou todos os direitos dos civis detidos na porta da boate, obrigando-os a se despir dentro do escritório administrativo do município, durante um interrogatório humilhante, além de ter tirado fotos dos três civis nus, e postado na internet. Isso causou no programa, um verdadeiro escândalo gay libanês, que acabou culminando no cancelamento do prestigiado programa da MTV, alguns dias depois, pelo proprietário da emissora, Gabriel El Murr, que não gostou da postura do apresentador, diante do caso.
Murr, não admitiu que Maalouf tivesse se posicionado publicamente contra o Prefeito do Dekwaneh, e enviou-lhe uma carta de demissão humilhante, onde o proibiu inclusive, de entrar na estação de TV, juntamente com sua equipe de produtores, que também foram sumariamente demitidos. A princípio, a atitude de Murr parece não ter sido muito sensata, em cancelar um dos melhores programas da emissora, bem como demitir um dos mais prestigiados apresentadores.
Porém foi descoberto, que a causa de tanta celeuma, se deu pelo fato do Senhor Prefeito do Dekwneh, pertencer à linha política de Murr, que preferiu silenciar um de seus apresentadores, por ele ter infringido um de seus lacaios, que estava tendo sua imagem manchada por Maalouf na TV, como se o apresentador sozinho pudesse manchar a imagem de uma pessoa que sozinha se queimou violando tantos direitos civis de três seres humanos, simplesmente pelo fato deles serem homossexuais. Ou quem sabe, isso tenha sido uma prevenção política para um possível caso de reeleição, onde o Senhor Prefeito, sentiu-se ameaçado de perder eleitores.
O fato, é que com essa atitude totalmente arbitrária, a MTV, que se autointitula, uma das emissoras mais liberais e sofisticadas do Líbano, provou ser na verdade, uma emissora da vergonha, onde a verdade deve ser mascarada, para favorecer interesses políticos do proprietário da emissora, que não se intimou em cancelar um programa de ótima audiência, bem como a demitir seu apresentador e equipe, simplesmente pelo fato da opinião de Maalouf, não representar a opinião da emissora, ou pelo menos, do dono da emissora.
A decisão de Murr, certamente, chocou muito mais a opinião pública, do que a posição de Maalouf, diante do caso de abuso de autoridade do Prefeito do Dekwaneh, porque a liberdade de expressão de Maalouf foi totalmente tolhida, em favor de prestigio político.
Ficou claro, que para a MTV, o acobertamento de abuso de autoridade, homofobia, violação de privacidade e dos direitos civis e morais, por parte de um Prefeito que agiu de forma ilegal na detenção de civis, tem mais importância, do que um de seus melhores programas, bem como um de seus melhores apresentadores.
Demonstração total e explícita de falta de liberdade de expressão, confirmando a teoria de que no Líbano, não se pode criticar ou discordar, porque isso gera represálias e vinganças, por parte de uma mídia que deveria diminuir o ódio e a vingança, mas que promove e pratica o contrário daquilo que prega, aumentando assim esses sentimentos.
Claudinha Rahme
Gazeta de Beirute
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