O caminho que leva do brilhantismo à mediocridade é bem mais curto do que se
pode imaginar – e não é diferente no universo da educação
Alexandre Sayad
Alexandre Sayad
Desde que o assunto ganhou a agenda popular, está cada vez mais difícil distinguir propostas que realmente valem a pena daquelas seculares disfarçadas de novidades ou das novidades verdadeiras que servem para nada. Afinal, o mercado é especialista em colocar verniz em madeira velha e os governos não disfarçam a falta de talento para um discurso novo. Vivemos um tempo senão perigoso, muito delicado.
Como chegar nisso? Há tentativas e erros, e também acertos – não poderia ser diferente. Mas quem estagnou nesse discurso não consegue imaginar, ou projetar, uma educação formal cujo modelo se diferencie totalmente do modelo curricular que vivemos. Em outras palavras: a fórmula é uma resposta antiga para o que existe, mas não ousa transformar modelos em virtude de novas demandas que surgem diariamente nas escolas. Um exemplo simples e verdadeiro: até quando vamos estudar Matemática de forma pura, decorando fórmulas?
O mercado norte-americano de educação, que costuma passar para o aluno o alto custo da inovação, acaba de entrar num terrível dilema. O endividamento do setor já é maior que o dos cartões de crédito o que fez com que escolas e universidades puxassem o freio de mão com gastos em novidades.
Para construir o novo é preciso de um pouco do velho: da história e do olhar sistêmico. Por isso, não devemos aguardar ansiosos e nem nos deslumbrarmos com o próximo grito de “Eureka!”. Desconfiemos dele. Na educação, compartilho meus pensamentos com o personagem de “Homem Comum”, do norte americano Philip Roth: inspiração é para amadores. Vamos acordar pela manhã e trabalhar, como qualquer um.
Alexandre Sayad é jornalista especializado em direitos humanos, colaborou com O Estado de S. Paulo e Rádio Eldorado, e coordena programas de Civic Midia, com a Universidade de Harvard.
Nenhum comentário:
Postar um comentário