quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

EU VOU A BELO HORIZONTE ENCONTRAR COM OS MEUS BRIMOS LIBANESES



       De Belo Horizonte uma carta do brimo Charles Lotfi me convoca para a Assembléia Geral da Confederação Nacional das Entidades Líbano-Brasileiras, a Confelibra, que vai acontecer no Clube Atlético Monte Líbano de São Paulo. Lotfi é um batalhador incansável, quase que solitário, pela preservação das nossas raízes libanesas. O convite me faz pensar na responsabilidade individual que cada um que possui sangue libanês tem como a Pátria distante e a História e a memória da imigração. Às vezes fico me perguntando porque nós os descendentes de árabes não conseguimos nos congregar em grupos para podermos entender melhor o que fomos no passado.
A imigração dos nossos antepassados foi completamente diferente das que vieram para o Brasil. Enquanto a quase totalidade da imigração era feita de forma organizada pelo Estado, inclusive com distribuição de terras e até mesmo subsidio financeiro, os nossos antepassados vinham guiados por uma carta de um patrício que saiu um pouco antes.
        Mas não importa e nem vale a pena ficarmos medindo as diferenças e as particularidades de cada grupo étnico que veio habitar as terras brasileiras. Não importa a religião, mesmo sabendo que ela é fundamental e vital para o árabe, cristão ou mulçumano. Vieram em busca de um sonho, embora muitos tenham encontrado pesadelos. O que vale para o descendente com interesse em valorizar e conhecer a História é mudar a postura. Temos e agir e participar. Uma colônia que foi vitoriosa e soube capitalizar a sua capacidade de adaptação a nova realidade, num mundo diferente, não pode esquecer o seu passado.
            A saída do Líbano teve diversas conotações e razões. O Líbano é uma pequena faixa de terra de pouco mais de 10 mil quilômetros quadrados, quase um quinto do minúsculo Espírito Santo. O conflito religioso foi e é um fator importante e de peso na decisão de sair. A questão econômica tem significativa importância quando se deixa a sua terra natal. Apenas um destes fatores pode determinar o êxodo, imagino quando os dois aparecem e agem ao mesmo tempo.
Hoje somos um grupo que se fala em mais de seis milhões de pessoas com parte do sangue de origem libanesa. Se ampliarmos um pouco o nosso campo de visão, veremos que somados aos sírios e aos palestinos, nós os árabes somos bem mais. Mas sabemos que somos brasileiros de ascendência árabe. Somos na verdade cidadãos do Mundo.
              Às vezes chegamos até a pensar que parece que temos vergonha de nossas origens. A solidariedade e o acolhimento dos brimos e seus descendentes que vivem no Brasil, para com os recém chegados é um patrimônio nosso. As verdadeiras epopéias vividas pelos imigrantes não devem ser esquecidas. Devemos registrá-las e documentá-las.  
          A nossa fama de sermos bons de conversa e de estamos dispostos a uma boa negociação, é uma marca da nossa alma e da nossa alma e espírito fenício. Não importa muito quanto vai custar ou vai valer, é preciso antes e sempre, uma boa conversa. Não importa muito o final, às vezes vale muito mais a caminhada, porque ela nos ensina a ver, a entender novas oportunidades e novas caminhadas.
             Por estes motivos é que no dia 25 de setembro vou atender ao convite do brimo querido Charles Lotfi, um autêntico mascate que quer vender à colônia a idéia de que vale a pena cultuar o nosso passado e a memória dos bravos imigrantes. Eu vou lá.

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