segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PROPAGANDA QUE TROUXE OS SUIÇOS PARA RIO NOVO DO SUL, EM 1856

O texto desta publicação é a propaganda oficial que atraiu os suíços para Rio Novo.
Foi publicado em português, francês e alemão, datado de 14 de fevereiro de 1854. O
original ficou guardado com a família Rohr. Com a movimentação dos descendentes
dos suíços, Valdenir Rohr o descobriu no fundo de um velho baú.

Este trabalho é uma contribuição ao resgate histórico da saga e da luta que 46 suíças
e 44 suíços que deixaram sua Pátria e chegaram a Itapemirim no dia 21 de dezembro
de 1856, depois seguiram para Rio Novo. Hoje os 90 são milhares, suíços/suíças
brasileiros/brasileiras ou brasileiros/brasileiras suíços/suíças. Homenagem aos 90
pioneiros e pioneiras, aos milhares de descendentes e em especial aos que valorizam
os antepassados e mergulham na sua História.

A ação é em nome de minha esposa Eliane e nossa família que tem o sangue dos
Stauffer, Kobi, Laiber, Scheidegger e Scherrer.

Ronald Mansur

Breves reflexões a respeito das vantagens que oferece a Colônia Rio Novo pela
fertilidade do seu terreno e sua posição topográfica, e das favoráveis condições para
os colonos que nela quiserem estabelecer-se, seguida de um cálculo aproximado da
renda presumível de uma família anualmente.

Se examinarmos com atenção quanto se há escrito sobre a verdadeira fonte da
riqueza pública em todo o mundo conhecido, veremos claramente que ela provém da
agricultura; e se procurarmos indicar onde o trabalho agrícola é melhor compensado,
pela abundancia de produtos, conheceremos logo que o solo brasileiro é um dos do
Globo que oferece ao homem laborioso o maior premio de seu trabalho.

A quase constante primavera deste país em quase todo o seu litoral e centro, a sua
suave temperatura atmosférica, a sua fertilidade e constante vegetação enfim, são
condições bastante para o viver indolente de uma grande parte de sua população
que não aspira riquezas; assim como o meio mais fácil para a formação de crescidas
fortunas.

Por toda parte do Brasil vemos casas opulentíssimas, criadas pelo fruto do trabalho
pessoal de seus fundadores, ao passo que se encontra em algumas povoações
muitos habitantes que mais ou menos aspirando só ao pão de cada dia, e o humilde
vestuário, desafiados pela decência que a seu modo guardam, do que pelas
intempéries, vivem muito satisfeitos, e como que felizes porque tudo logram da
fertilidade da terra com pouco trabalho.

Vemos, entretanto, a par destes indolentes habitantes, alguns indivíduos laboriosos
que apenas com o recurso de sua própria força e vontade sustentam as famílias de
que são chefes, com o produto de sua lavoura, e todos se julgam felizes, porque
tem o necessário para viverem, e ainda lhes sobra! E em que lugar da Europa pode
conseguir-se semelhante vantagem? De certo em nenhuma parte se encontram
condições, e uma fertilidade tal, que permita a um individuo, muito embora laborioso
trabalhador, o viver com sua família em abundancia, com a decência inerente a sua

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posição social, e segundo os usos das localidades em que residem, entretanto, vemos
dar-se isto no Brasil para com todos os indivíduos honestos e amantes do trabalho.

Se visitarmos as fazendas onde se faz o plantio da cana para o fabrico de açúcar,
encontraremos pais de famílias agregados a essas fazendas, que por consentimento
dos seus proprietários das mesmas, só com os seus braços e de suas famílias,
cultivam terra para milho, feijão, arroz e mandioca: e lhe resulta deste trabalho as
quatro espécies de mantimentos mais preciosos ao sustento de uma casa em todo o
ano; e ainda vendem sobras. A mesma família cultiva também terra para cana, e deste
trabalho resulta o açúcar para o seu gasto anual, e para vender, a fim de remediar
suas precisões. Trata de uma maior ou menor porção de cafeeiros, dos quais colhe
certo numero de arrobas de café, do que podem obter dois ou três mil cruzados; e
além dessas vantagens, pode essa família criar galinhas, perus e outras aves, assim
como pode criar boi, o cavalo, porcos, carneiros, etc.

Se visitarmos as fazendas propriamente de café, aí veremos destes agregados, com
suas casas abundando de todos os mantimentos, com criações domésticas de toda
espécie e bem boa renda proveniente do café que cultivam e do que colhem a meia
dos cafezeiros do fazendeiro.

Se visitarmos outras localidades, onde não há agregados, e sim pequenos lavradores
proprietários, ai os encontraremos com bem lindas e produtivas situações das quais
podem tirar amplíssimos meios de subsistência, tendo mais que os agregados da
fazenda, o valor destas situações na porção de alguns mil cruzados. Dito isto, em
geral, consideremos o que há quanto a outras condições que concorrem na Colônia
Rio Novo; e quanto à fertilidade do seu terreno.

A Vila de Itapemirim fundada na margem Sul do rio do mesmo nome, abrange em
seu Município muitos terrenos e importantes estabelecimentos agrícolas situados
nas margens do mesmo rio, e os produtos agrícolas daquele importante e populoso
Município são exportados diretamente para o Rio de Janeiro, nas embarcações que
freqüentam o Porto da mesma Vila de Itapemirim, do qual Porto vai ao Rio de Janeiro
se vai em 36 horas tendo vento regular e favorável.

Ao Sul de Itapemirim, seis léguas, desemboca no mar o rio Itabapuama cuja margem
norte pertence ao Município de Itapemirim. As margens deste rio abundam de
excelentes terrenos e os seus produtos vão igualmente em direção para o Rio de
Janeiro nas embarcações que freqüentam o Porto de Itabapuama, nome que tem uma
povoação ali fundada, em ambas as margens daquele rio próximo a sua foz.

Ao Norte de Itapemirim. 4 léguas, deságua no mar o rio Piúma pertencente em parte
a Itapemirim, e em parte ao Município da Vila de Benevente; e nas margens deste
rio e nas de seus confluentes, há excelentes terrenos nas melhores condições para
a agricultura: os produtos dessa localidade são igualmente exportadas para o Rio
de Janeiro nas embarcações que navegam para o Porto de Piúma, nome que tem a
povoação fundada na margem sul daquele rio, muito próximo a sua foz.

Ao Norte do Piúma, duas léguas, está a Vila de Benevente, situada na margem norte
do rio do mesmo nome; o qual tem ótimos terrenos em suas margens, e tudo quanto
produzem é exportado diretamente para o Rio de Janeiro, nas embarcações que

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constantemente entram no Porto da dita vila.

Pelo que fica dito conhece-se que no espaço de doze léguas de costa de mar
existem quatro Portos exportadores que recebem continuadamente as embarcações
empregadas na condução de produtos agrícolas desses Portos para o grande
mercado do Rio de Janeiro; e por conseguinte, há sempre não só prontos meios de
comunicação por mar e terra, como transporte fácil e pouco dispendioso para os
indivíduos que pessoalmente precisam ou precisarem ir desses lugares a Cidade do
Rio de Janeiro e vice-versa arranjar seus negócios.

Tantas vantagens ao mesmo tempo, e tantos meios de viver felizmente e de adquirir
fortuna, são por certo ignorados da maior parte das populações Européias; as quais,
para viverem ali honestamente e remediar suas necessidades, trabalham sem cessar,
sujeitas as privações inauditas; e quantas misérias acometem essas populações
quando faltam cerceais e trabalho para do seu fruto se manterem? Causam horror as
narrações que a semelhante respeito nos fazem os viajantes que em tais ocasiões se
tem achado nas localidades onde se passam essas cenas de dor.

Para suavizar a misera existência de milhares de indivíduos que tanto sofrem nos
diferentes pontos da Europa, e mesmo para melhorar a fortuna dos que já possuem
algum cabedal, acha-se o Império do Brasil com os braços abertos, e pronto a
receber esses indivíduos e sua famílias, as quais com seus chefes, encontrarão a
par do melhor acolhimento dos brasileiros, o seu bem estar presente e a sua futura
prosperidade, uma vez que ponha do seu lado o amor ao trabalho, perseverança e
boa diligencia.

Com estas condições poderão todos os indivíduos laboriosos lograr muita satisfação
domestica, abundancia em suas casas e o crescimento quotidiano da sua fortuna; e
na presença de tantas circunstâncias favoráveis, porque, vós habitantes dos diferentes
pontos da Europa, que viveis com tanto trabalho sem a menor esperança de melhorar
vossa sorte e de vossas famílias: sem um presente e sem um futuro, não vindes
gozar do abençoado solo brasileiro de tantas vantagens que ele vos oferece? Falta-
vos resolução para deixardes a Pátria? Pois bem, considerais a Pátria impossibilitada
de manter tantos filhos, e que vós não podeis viver jamais do gozo necessário; que
não tereis jamais a vossa disposição os meios indispensáveis para vencer as muitas
dificuldades da vida, que por mil modos vos acometem, e obstam a que vivais, já não
digo felizes, mas regularmente; e conhecereis a necessidade de passardes pela dor,
que tantos outros têm passado, de separar-vos do lugar que vos viu nascer, a fim de
virdes gozar, durante o resto dos vossos dias, das vantagens que a todos oferece
este vasto país, onde achareis de pronto a estrada do vosso bom futuro, e de vossas
famílias. Após estas considerações estou certo que concordareis na retirada.

Faltam-vos os meios para realizar a empresa da vossa mudança? Pois bem, eu por
mim ou por intermédio de outrem, vos fornecereis estes meios para retribuirdes com
suavidade pelo fruto de vosso trabalho: eis tudo quanto agora precisais, e depois
que chegardes a mim, tereis os meio que vos hão de ser precisos para começardes
os vossos estabelecimentos de que tereis certamente uma renda superior a vossa
despesa bem regulada; e tereis sobras para satisfazerdes os vossos compromissos, e
acrescentardes cada vez mais as vossas nascentes fortunas.

Nas margens dos rios Itapemirim, Novo, Itapoama, Iconha e seus confluentes ribeiros,

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acha-se fundada uma Colônia sob os auspícios da Associação Colonial do Rio Novo;
e tal Colônia esta disposta para receber em seu seio, todos os indivíduos de ambos os
sexos que da Europa, indistintamente, Ilhas da Madeira, Canárias e outras, quiserem
fazer parte da população da mesma Colônia.

As vantagens que a Colônia oferece quanto a sua localidade e quanto a fertilidade dos
seus terrenos são:

1ª Estarem os terrenos onde se acha fundada a Colônia Rio Novo, distante do Porto
da Vila de Itapemirim apenas 3 léguas, e poderem os produtos da mesma Colônia
levar-se ao dito Porto; embarcando em canoas ou em pequenas barcas no rio
Itapemirim, onde chega a Colônia, ou no Rio Novo que cruza por dentro dela; e, em
qualquer dos casos há a grande vantagem de conduzir-se grande números de arrobas
com o emprego da força de dois homens: se o produto agrícola for para o Porto de
Itapemirim, os seus condutores farão, como fazem, a viagem de ida e volta em um só
dia; e se forem para Piúma, em alguns casos, gastarão o mesmo tempo, e n’outros um
dia e meio.

2ª Estar o Porto de Piúma a duas léguas do começo da Colônia, e ai, como no de
Itapemirim se realizar a importação de gêneros e fazendas necessárias a Colônia,
podendo seus habitantes ir aqueles pontos arranjar seus negócios e voltar para suas
casas em poucas horas: mais ou menos segundo as distancias a que residem.

3ª Está o Porto da Vila de Benevente, a 3 léguas de distancia e a ele podem concorrer
os habitantes da Colônia para seus arranjos, e voltar para as suas casas no mesmo
dia. Estas três condições muito concorrerão para o aumento de prosperidade dos
habitantes da Colônia Rio Novo, colocada tão vantajosamente no centro dos três
Portos de mar que ficam mencionados, e esse aumento de prosperidade é bem
palpável, se atendermos a circunstancia de poderem os habitantes laboriosos poupar
os muitos dias de trabalho que perderiam se lhes fossem necessário ir a maiores
distancias arranjar o que necessitassem em suas casas; assim como se atendermos a
grande economia no transporte de seus gêneros que neste caso só basta embarcá-los
nas proximidades dos seus estabelecimentos, em pequenas canoas ou barcas, e os
conduzirem pelo rio até o Porto de Piúma, para o que terão toda facilidade.

Ainda outra comodidade para todos os habitantes da Colônia se faz muito palpável,
e é que todo o individuo que necessitar ir ao Rio de Janeiro, para onde se exportam
todos os produtos da Colônia, terão sempre, em qualquer dos Portos mencionados, as
embarcações empregadas na condução desses produtos; e deste modo farão sempre
a viagem a Corte com pouco dispêndio e sem trabalho; e ainda esta comodidade de
se tornará mais saliente, logo que de Piúma para o Rio de Janeiro se estabeleça a
navegação a vapor, como se pretende.

4ª Serem os terrenos banhados pelos rios que ficam especificados e seus confluentes
ribeiros da maior força produtiva, e oferecem ao lavrador, correndo boa a estação, por
um alqueire de milho de semeadura, de cento e vinte a cento e cinqüenta, e as vezes
mais, que regularmente se vende de mil e seiscentos a dois mil.

Por um alqueire de feijão de semeadura, de oitenta e cem alqueires, que se vende de
dois a três mil réis, e é de notar que estes dois produtos se obtém duas vezes por ano;
pois que se semeiam em Março para colher em junho e julho; e em setembro, para

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colher em dezembro.

Por um alqueire de arroz de semeadura de cento e cinqüenta a duzentos alqueires,
que se vende a duzentos a mil seiscentos reis.

5ª Presta-se a mandioca de que se faz a farinha (chamada de pão) ao uso cotidiano,
no fim de seis meses depois de plantada. Esta importante e salutar planta, não se
colhe toda ao mesmo tempo; mas sim uma certa quantidade cada semana que chegue
para o gasto ordinário. Dura ela na terra superficialmente, até 3 anos, e ali esta
sempre as ordens do lavrador, que nesse caso bem considera a terra o seu celeiro
que abre quando necessita, a qualquer hora. A raiz desta planta vai-se extraindo na
porção precisa, e logo plantando-se outra no lugar da extraída; de forma que quando
se acaba de extrair a mandioca que primeiro se plantou, já a da segunda plantação
começa a suprir; ela produz em muita abundancia e cultiva-se com grande facilidade.
Em terra boa como a da Colônia, vê-se muitas vezes uma raiz de mandioca produzir
uma quarta de farinha; e o pé de mandioca que oferece esta raiz, quase sempre tem
três ou quatro, outras mais pequenas; e quereis saber o que foi necessário fazer
para obter esta fartura? Um golpe na terra bruta com o canto de uma enxada, e um
pedacinho do pau da mandioca, de duas polegadas de extensão depositado na cisura
que na terra se fez, coberto com a mesma terra levantada pela enxada.

6ª Produzem dez mil cafeeiros, no seu estado florescente que começa no 5º ano de
idade, de oitocentos a mil e duzentos arrobas de café, que se está vendendo de três
a quatro mil réis cada arroba. Esta porção de café pode ser colhida por cinco pessoas
diligentes nos meses de abril, maio, junho e julho.

7ª Produzir regularmente um carro de cana, plantado em boa terra como é o da
Colônia, de quarenta a cinqüenta arrobas de açúcar, e quase dois terços de pipa de
aguardente; vendendo-se aquele de dois a três mil réis, e esta de quarenta a sessenta
mil réis; atualmente vende-se a cento e vinte mil réis.

8ª Dar-se excelentemente o fumo, o anil, o algodão; assim como muitos outros objetos
alimentícios, além do milho, feijão, arroz e mandioca; sendo de notar que desta ultima
planta se tira além da farinha de que já se tratou, o bom polvilho, e boa tapioca que
como a farinha servem para consumo diário e mesmo para vender: a farinha regula
de mil e seiscentos a dois mil réis o alqueire, e o polvilho e tapioca de três a três e
quinhentos réis.

9ª A vantagem de se colher, além destes frutos do trabalho, os que oferecem
as majestosas bananeiras de muitas espécies, as viçosas laranjeiras de muitas
qualidades, as limeiras e limoeiros doces, os melões e melancias, as abóboras e
muitas espécies de batatas de excelente gosto.

10ª Dar-se com muita rapidez e em grande quantidade a baga de mamona; e isto
com muito pouco trabalho, e produzir um alqueire de seus grãos, dezesseis garrafas
de óleo para luz, que se vende a duzentos e quarenta réis cada garrafa. Uma mulher
cuidadosa, em sua casa, apronta cinco ou seis garrafas diárias; e extraindo-se este
óleo por meio de máquinas apropriadas, pode obter-se uma pipa ou mais por dia, que
se vende por duzentos mil réis.

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Das favoráveis condições para os colonos oferecidas pela Associação

1º Dar-se-á por adiantamento, por intermédio de casas comerciais das cidades
marítimas da Europa, o dinheiro necessário para o embarque das famílias e outros
indivíduos que quiserem fazer parte da Colônia Rio Novo, sempre que o engajamento
for feito por conta imediata ou intervenção de qualquer forma da Associação Colonial
de Rio Novo; e o importe das passagens até a mesma Colônia: no caso porém de ser
o engajamento contratado em qualquer dos Portos do Brasil, com qualquer importador,
adiantar-se-á a importância porque se contratar, e a passagem de qualquer de tais
Portos para a Colônia; assim como as mais despesas indispensáveis.

2º Entregar-se-á a cada família que for chegando a Colônia, logo, ou no menor espaço
de tempo que for possível uma área de terra que contenha de quarenta a cinqüenta
mil braças quadradas, a qual lhe ficará pertencente logo por título de foro perpétuo que
se lhe passara.

3º Nesta área de terra achará a família:

1- de dez a vinte mil braças quadradas de mato derrubado, por ser serviço difícil de
fazem a quem chega desde logo;

2- uma casa cômoda para habitação da mesma família;

3- os indispensáveis utensílios;

4- as possíveis plantações de cafezeiros, mandioca, milho, feijão, etc.

4º Fornecer-se-lhe-á o preciso milho, feijão e arroz, enquanto não colherem estes
mantimentos da primeira sementeira ou plantação que fizerem, que deverá ser na
primeira estação apropriada depois que chegarem; e no caso de acharem feitas as
plantações regular-se-á o fornecimento até a colheita delas: a farinha de mandioca
também se lhe fornecerá nos primeiros quatro meses.

5º Fornecer-se-lhe-ão outros indispensáveis até chegarem os seus primeiros produtos,
de que tiram o necessário para pagamento dos débitos que por tais avanços tiverem
contraído.

6º Além das vantagens que ficam enumeradas, ficará à disposição das famílias:

1º o preciso terreno junto ao engenho ou engenhos que a Associação há de ter, para
que plantem cana de que tirem o açúcar e aguardente que puderem:

2º o moinho, ou moinhos que existirem para que reduzam a farinha, o milho e arroz
que quiserem;

3º os engenhos de preparar o café que tiver de transportar, ou vender preparado na
Colônia;

4º as conduções que necessitarem para conduzir seus produtos dos seus
estabelecimentos para o Porto exportador;

5º o engenho de serrar taboas para que se tenham este gênero sem o comprar, e
aproveitem as muitas madeiras que existem nas terras que se lhe destinam;

6º o engenho de fazer óleo de baga de mamona, para que aproveitem este importante

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produto que com tanta abundancia se dá;

7º a fábrica de farinha de mandioca; e

8º Outras quaisquer oficina da Associação para utilizarem o que delas lhes for preciso.

7º Estabelecidas as primeiras famílias em número suficiente, diligenciar-se-á a
existência de um pastor católico para celebrar o Santo Sacrifício da Missa todos os
domingos e dias santos.

8º Será garantido o culto religioso seguido pelos colonos que não forem católicos,
facilitando-lhes o serem acompanhados por seus respectivos pastores.

9º A todas as famílias que se estabelecem na Colônia, se fornecerão aves e porcos
para o começo da criação de tais espécies.

10º De todas estas vantagens poderão gozar as pessoas solteiras que na Colônia se
casarem em formarem família.

11º A todas as famílias estabelecidas na Colônia, em torno dos centros coloniais, será
permitido o trabalho a meia com a Associação no tratamento de cafezais que tomarão
a seu cuidado, e na colheita dos seus frutos; e assim também no plantio de cana para
o fabrico do açúcar e da aguardente, enquanto que as terras que tomarem por foro
perpétuo não lhes fornecerem produtos com que possam remir suas precisões e pagar
seus débitos: desse modo lhes pertencerá metade do café que colherem nos cafezais
que se puserem a seu cargo para tratar; e metade do açúcar que se fizer das canas
que plantarem e tratarem, devendo no serviço de moagem da cana observar-se o
respectivo regulamento da Colônia.

12º As pessoas que não fizerem parte das famílias terão trabalho certo da Associação,
para ganhar subsistência, percebendo na atualidade, os adultos capazes de todo
o serviço, de oito a doze mil réis por mês útil e dias isolados na mesma proporção:
e os menores que poderem trabalhar perceberão de quatro a oito mil réis por mês
útil, e dias isolados na mesma proporção; uns e outros deixarão um terço dos seus
ganhos para pagamento dos seus débitos; a tais pessoas se concederá a vantagem
da condição antecedente logo que possam residir sobre si, em casa própria.

13º Todos os indivíduos da Colônia pertencentes às famílias estabelecidas que se
empregarem nos serviços da Associação ganharão o mesmo ordenado ou jornada dos
estipulados na condição antecedente.

14º Os indivíduos solteiros, que se mostrem dignos de atenção de bons costumes, que
forem trabalhadores diligentes e econômicos; e se acharem com ânimo de cultivar por
si, e por meio de engajamentos que façam uma área de terra igual as que se destinam
as famílias e de que tratam as concessões 1ª e 3ª, ser-lhe-á ela concedida com os
mesmos ônus e vantagens a que ficarem sujeitas as famílias.

Das retribuições dos colonos à Associação Colonial Rio Novo

1ª Pela primeira condição será levada ao débito de cada família ou individuo
isoladamente, a importância que se dispuser, a qual começará a vencer juro de seis

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por cento ao ano, seis meses depois da chegada da mesma família ou indivíduo.

2ª Pela segunda condição ficarão os possuidores de áreas de terra, de que ali se trata,
obrigados a um módico foro anual, o qual será perpétuo.

3ª Pela terceira condição serão os possuidores das ditas áreas, obrigados aos
módicos valores das benfeitorias que existem feitas por conta e a expensas da
Associação para mais facilmente se estabelecerem os mesmos possuidores; tais
valores serão embolsados à proporção que se fizerem as colheitas, na porção que se
estipular; e nesse ajuste se permite a possível equidade.

4ª Pela quarta condição nada a Associação perceberá até a época da primeira colheita
de mantimentos; mas dessa época por diante será debitada a família o indivíduos que
viverem sobre si isoladamente o importe dos mantimentos que se lhes fornecer de
qualquer espécie.

5ª Pela quinta condição se lhe debitarão os suprimentos que se lhes fizerem desde
logo.

6ª Pela sexta condição ficará para a Associação:

1º Um terço do açúcar e aguardente que fizerem no engenho da Associação quando
não se der o caso da condição 11ª.

2º Um décimo da farinha que fizerem, de milho ou de outros grãos, nos moinhos da
Associação.

3º O preço que regularmente se pagar no país pelo preparo de cada arroba de café
nos engenhos da Associação.

4º As conduções que necessitarem para levar seus produtos ao Porto de Piúma serão
compensados por um módico dispêndio que se convencionar.

5º A metade do taboado que serrarem nos engenhos da Associação.

6º Um décimo do óleo de mamona que fizerem no engenho da Associação.

7º Um décimo da farinha de mandioca, polvilho e tapioca que fizerem na fábrica da
Associação.

8º Os preços que regularmente se pagarem no País por outras quaisquer coisas que
necessitarem de quaisquer oficinas que a Associação possuir.

7ª Pela sétima condição nada se exige porque a Associação esta certa de que o
Governo do Brasil, como primeiro interessado na mantensa ilesa da Santa religião de
Jesus Cristo, concorrerá para que a Colônia Rio Novo não sofra falta por este lado.

8ª Pela oitava condição, nada se exige igualmente pelos mesmos princípios inerentes
ao Governo Brasileiro, no que toca a respeitar as crenças dos colonos que correrem
ao Brasil, para um dia serem os seus súditos de assim desejarem.

9ª Pela nona condição nada se exigirá das famílias e pessoas solteiras, que viverem
em economia separada.

10ª Por todas as mais condições, ficam estabelecidos os ônus que nelas se declara;
e para que não ajam dúvidas em contas e ajustes de objetos, haverá um livro cuja
guarda ficará a cargo de cada família e dos mais habitantes, onde se lançarão

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todos os débitos e créditos das mesmas famílias, e indivíduos; e neste livro (cada
família terá um) se ajustará sempre as contas. Cada família ou seu Chefe, e cada
indivíduo com economia separada saldará o seu débito no menor espaço de tempo
possível, e em cada ajuste de contas, assinarão documentos em forma, como for mais
conveniente dos saldos que ficarem devendo.

Cálculo do rendimento que provavelmente terá uma família anualmente

Postos estes pormenores, vantagens, condições e retribuições, passo a demonstrar
a renda que uma família poderá obter anualmente, sempre que uma boa estação, e
diligencia do lavrador concorram.

Suponhamos que uma família habitante da Colônia conte com 5 pessoas úteis, e que
possuindo uma área de terra das de que se trata nas condições 2ª e 3ª plantam como
é possível dois alqueires de milho: por este lado terão segundo a experiência tem
mostrado, cento e trinta e cinco alqueires termo médio, por cada um de semeadura, e
por ambos duzentos e setenta ditos.

Destes 270 alqueires, suponhamos que guarda para gastos 70 alqueires, e que vende
200 alqueires a 1.600 réis: terá neste caso 320.000 réis

Suponhamos que na mesma terra ocupada pelo milho, semeie 3 alqueires de feijão, e
que estes produzem termo médio, 80 alqueires por cada um de semeadura: teremos
240 alqueires por todos. Destes 240 alqueires, tirando 40 para o gasto e vendendo
200 a 2.000 réis: teremos 400.000 réis.

Suponhamos que na mesma área semeia-se um alqueire de arroz e que colhendo 200
alqueires, tiram 30 para o gasto, e vende 170 ao preço de 1.000 réis: teremos em tal
caso 170 000 réis.

Suponhamos que 10.000 cafeeiros colhem seiscentas arrobas (pode colher-se 1.200)
e que destas tiram 20 para gasto e vendem 580 arrobas a 3.000 réis (vende-se
atualmente de 3 a 4.500 réis) teremos: 1:740.000 réis.

Como o milho e o feijão se colhem duas vezes por ano, supondo que os produtos
acima são plantação de março, teremos pelo milho da plantação de setembro 320.000
réis.

Teremos mais pela plantação do feijão de setembro, que sempre é mais inferior por
causa das chuvas 180.000 réis.

Soma tudo, sem falar em outras coisas que se pode acumular, no caso de ocorrer boa
estação, e haver boa diligencia do lavrador. 3.130.000 réis.

Por este cálculo, vê-se, que mediante uma boa estação, e atividade do lavrador,
poderá lograr-se a importância de 5:130.000 réis: e descontando-se dessa soma
a quantia de 530.000 réis para preparo do café e conduções, ainda ficará líquida a
quantia de 2:600.000 réis.

A maior parte das despesas ordinárias de uma tal família será satisfeita com o
produto de outros frutos acessórios; como sejam o de alguns alqueires de farinha,

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polvilho e tapioca, que sobra do gasto ordinário, o de criações que também se
vendem, os de algumas garrafas de óleo de mamona que sobra da luz, o de alguma
madeira que sempre se aproveita (há muitas árvores que com bem pouco trabalho
dão 40, 50 e 60 000 réis), o de algum dia que sempre se ganha da Associação que
continuadamente fornecerá trabalho; o de algum algodão que as mulheres podem
fiar a noite e nos dias chuvosos, o de algum açúcar e aguardente se poderá obter, e
finalmente o de outros objetos que será fastigioso enumerar; mas supondo ainda que
a família querendo melhor tratar-se, gasta-se mais de 600 000 réis; vê-se que ainda
lhe fica a quantia de 2:000 000 réis para aumento de sua fortuna, além do aumento de
valor que sua propriedade terá de ano a ano.

Em quanto os cafezais plantados nas áreas de terras pertencentes às famílias
coloniais, não produzirem, poderá suprir os cafezais da Associação onde os colonos
poderão colher a meia, e também poderão suprir o fabrico do açúcar em maior escala;
mas quando assim não fosse, ainda assim, a renda produzida pelos outros objetos
da lavoura será muito superior a despesa, e dará sobra para socorrer a parte dos
compromissos dos mesmos colonos: em todo caso ver-se-ão os mesmos colonos
no meio da abundancia em todo ano, e salvos das necessidades que os flagelam
na Europa. E se alguma família tiver lá alguma fortuna, mas que não tenha meios
de fazê-la aumentar terá toda possibilidade de prosperar na Colônia Rio Novo onde
poderá obter por aforamento perpétuo os terrenos que necessitar para cultivá-los
por si, e por meio dos seus engajados. Por semelhante modo uma família apenas
remediada na Europa, tornar-se-á proprietária, mais ou menos importante na Colônia,
em muito pouco tempo. O que deste modo avaliamos, poderíamos provar com grande
numero de exemplos.

À vista pois de todo expendido, fica demonstrado e é indubitável, que as vantagens
especificadas, convidam as populações a procurá-las, e as que quiserem fazer parte
da Colônia Rio Novo acharão exato tudo quanto aqui fica exarado.

Rio de Janeiro, 14 de Fevereiro de 1855.

O Diretor da Associação Colonial do Rio Novo.

Caetano Dias da Silva.

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Abaixo a listagem das famílias que acreditaram na propaganda do Major Caetano Dias
da Silva e vieram para a Colônia de Rio Novo. A fonte é o Arquivo Público Estadual.

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HOFFMANN

HOFFMANN

HOFFMANN

HOFFMANN

HOFFMANN

HOFFMANN

HOFFMANN

HOFFMANN

JAPPERT

JAPPERT

JAPPERT

JAPPERT

JAPPERT

14

Carl

Agatha

Johanna

Marie

Rud

Emma

Bonhi

Francisco

Frederike

Friedrich

Rosa

Johann

Margaretha

Anne

Jacob

Johann

Marie

Bertha

Heinrich

Verena

Joseph

Helene

Etienne

Catterine

Joseph

-

-

-

Louise

Bertrand

-

-

Xavier

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

41

Chefe

33

Esposa

7

Filha

5

Filha

6

Filho

3

Filha

46

Cunhada

16

Sobrinho

14

Sobrinha

13

Sobrinho

11

Sobrinha

44

Chefe

43

Esposa

18

Filha

17

Filho

16

Filho

14

Filha

11

Filha

9

Filho

7

Filha

58

Chefe

57

Esposa

29

Filho

26

Filha

24

Filho

JAPPERT

JAPPERT

JAPPERT

OESGER

KOBI

KOBI

KOBI

KOBI

KOBI

LÄBER

MULLER

LÄBER

LÄBER

LÄBER

LÄBER

LÄBER

LÄBER

LÄBER

OBRIST

OBRIST

OBRIST

OBRIST

OBRIST

OBRIST

SENN

SENN

ROHR

ROHR

ROHR

ROHR

ROHR

ROHR

14

Caroline

Ignace

Maddalene

Rimigius

Christian

Marie

Benedet

Jacob

Nicolau

Joseph

Johanna

Marie

Joseph

Johann

Anton

Johanna

Elisabetha

Caroline

Georg

Anne

Johann

Crescencia

Friedrich

Anne

Bernhard

Georg

Daniel

Marie

Barbara

Anne

Marie

Johann

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Verena

-

Baptiste

-

-

-

-

-

Marie

-

-

-

Marie

-

-

-

-

-

-

-

-

22

Filha

31

Filho

35

Nora

58

Cunhado

58

Chefe

56

Esposa

20

Filho

17

Filho

14

Filho

51

Chefe

39

Esposa

19

Filha

17

Filho

15

Filho

13

Filho

9

Filha

6

Filha

3

Filha

60

Chefe

60

Esposa

30

Filho

28

Filha

27

Filho

46

Irmã

17

Sobrinho

43

Cunhado

52

Chefe

48

Esposa

22

Filha

21

Filha

20

Filha

19

Filho

ROHR

ROHR

ROHR

ROHR

ROHR

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHEIDEGGER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

SCHERRER

STAUFFER

KOBI

WETTLER

WETTLER

WETTLER

WETTLER

WETTLER

WETTLER

WETTLER

14

Susane

Conrad

Elisabetha

Abrahan

Daniel

Johann

Anna

Johann

Anna

Elisabetha

Friedrich

Ulrick

Christian

Barbara

Jacob

Elisabetha

Elisabetha

Jacob

Amalie

Barbara

Carl

Catharina

Gottlieb

Friedrich

Anna

Johann

Margaretha

Auguste

Friedrich

Albert

Mathilde

Gottlieb

-

-

-

-

-

-

Barbara

-

Barbara

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

Marie

Friedrich

-

-

-

-

-

-

18

Filha

13

Filho

11

Filha

8

Filho

6

Filho

42

Chefe

36

Esposa

14

Filho

12

Filha

11

Filha

7

Filho

6

Filho

3

Filho

36

Irmã

42

Chefe

47

Esposa

17

Filha

15

Filho

14

Filha

11

Filha

9

Filho

7

Filha

6

Filho

22

Chefe

22

Esposa

58

Chefe

52

Esposa

17

Filha

15

Filho

13

Filho

11

Filha

10

Filho

WETTLER

Julie

-

8

Filha

Quem não conhece a sua História, certamente deixou o seu Futuro no Passado.
Nunca será tarde para sabermos sobre os nossos antepassados e valorizá-los. Se
você tem interesse em conhecer ou possui algum documento sobre a História dos
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Avenida Hugo Musso 658/601

Praia da Costa

29101 280

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Espírito Santo

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(27) 3229 7690

8822 0210

14

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