Um dia é festa. Logo no dia seguinte é a realidade. A ilusão da festa é passageira, mas a dureza da realidade parece não acabar nunca. Do anúncio da realização da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas de 2016, até o confronto policial nos morros do Rio de Janeiro, o Brasil real entra em cena.
A derrubada do helicóptero da polícia carioca e as incursões policiais e o aparato bélico nas ruas, quase sempre nas áreas onde reside o grupo social que está no final da escala, nos dá a pista de que será preciso retornar na História para ver o presente e tentar enxergar o nosso futuro.
Devemos viajar, não no sentido de distancia medida em quilômetros. O ideal seria uma visita utópica às nossas florestas da época do Descobrimento. Os portugueses seriam ocupantes ou invasores? Eles tentaram ‘’domesticar e civilizar’’ os índios, os donos do Brasil. Tocar os empreendimentos com mão de obra escrava era o caminho. Eles foram em busca da mão de obra gratuita do indígena. Os brasileiros não se curvaram e por isto sofrem até hoje, estão em extinção...
Uma passada por um tempo mais próximo de nós, o tempo dos navios negreiros. Toda selvageria foi cometida pelos que queriam tocar seus empreendimentos coloniais com base na força dos braços dos negros e capacidade de reprodução dos ventres das mulheres africanas. Mais um capítulo profético da nossa curta História. Aqui a gente começa a entender de onde veio o Brasil do ano 2009 e dos anos passados. Para onde iremos nos anos que virão?
Andando no tempo veremos o Brasil dos caminhões de paus de arara que traziam do Nordeste levas e levas de pessoas em busca do sonho do Brasil do futuro nos grandes centros urbanos. Tem aqui também o exército de bóias frias ou safristas que ainda descem o Brasil no sentido Norte-Sul em busca do dinheiro para sustentar as famílias. Junte-se a estes grupos citados, os projetos milagrosos que foram anunciados como salvadores da Pátria, e acabaram contribuíram para desorganizar comunidades e as suas atividades econômicas.
Acrescentemos ainda o tempo de ocupação da região amazônica com milhares de brasileiros já no caminho Sul-Norte, que na época aparecia como a grande solução de ocupação territorial. Mas hoje o que na maioria dos casos o que se vê é a floresta colocada abaixo.
No quadro de hoje vemos uma realidade mais homogênea em termos raciais, mas a predominância dos negros é real, que continuam a ser o segmento que mais sofre. Do grupamento indígena pouco sobra do contingente inicial. O grupamento dito branco, da imigração européia, é o que mais resiste. Normalmente eles vieram em grupos familiares e com uma certa organização. Alguns países dos imigrantes não perderam contato com os seus filhos que vieram em busca de um futuro melhor. Por mais que tenham tido problemas, nada se compara ao sofrimento dos negros africanos.
Quando a violência urbana se agrava, muitos imaginam como sendo ela a causa de alguma coisa diabólica e que deve ser contida com mais violência. É uma enorme utopia imaginar que viveremos em paz quando falta perspectiva de futuro para milhões de brasileiros. Até aqui a concentração das populações nos centros urbanos é cenário ideal para a ação do crime organizado das drogas. Mas é necessário dizer que a droga que leva à ilusão é a que leva trabalho a muitos jovens que estão na base de pirâmide econômica e social, e é a mesma que vem trazendo transtornos para as famílias melhor posicionados nesta mesma pirâmide.
A GAZETA 02-11-2009
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