COMO RECEBER O
TURISTA E O QUE ELE QUER SABER.
Parte
do sucesso do agroturismo é porque percebemos desde o início que, atender bem e
com personalidade era o segredo. No início ninguém fez curso para atender.
Fomos recebendo e aprendendo.
Outro
fato importante foi todos falarem o que as outras propriedades ofereciam. Isso
fez crescer o verdadeiro associativismo. Quando todos divulgam os produtos,
todos ganham e crescem juntos.
Na
propriedade quem recebe o turista é o
dono, é com ele que querem conversar. Para isso é preciso que ele more e
trabalhe na propriedade. O agroturismo é uma atividade da família rural.
Tudo
o que temos pode ser um atrativo. O visitante gosta de saber o que você faz.
Quer até saber de sua família. Não precisamos ter receio, faz parte de sua
curiosidade, é o momento de estar a vontade.
Devemos
passar informações sobre: história da família, de que país imigrou e ano,
quanto tempo mora na propriedade, quantas famílias trabalham na terra e onde
seus filhos estudam. Irá vê-los e conversar com eles, que se não estiverem bem
irão passar uma imagem ruim, mostrando justamente o oposto daquilo que o dono
está dizendo.
A FAZENDA E A
FAMÍLIA.
Posso
citar agora os membros da minha família. Meu pai, Domingos Carnielli e minha
mãe, Enedina Zorzal Carnielli tiveram dez filhos, cinco dos quais residem na
propriedade e os demais em outras cidades. Nossa atividade é essencialmente
agrícola, vivemos da agricultura.
Distribuir
as responsabilidades foi fator decisivo no desempenho das atividades. Tivemos
de descobrir o que cada um gostava de fazer e a ele confiar a tarefa. Dos cinco
irmãos que residem na propriedade, o Camilo ocupa uma posição muito especial
junto a todos. Por portar uma deficiência mental é muito querido por todos e
traz muitas alegrias aos turistas. Danilo, o caçula, é o responsável pela
fábrica de queijos, o atendimento diário aos turistas e a venda dos produtos na
propriedade.
O
Antonio acompanha os funcionários que trabalham no campo e é responsável pelo
estábulo, na lida com os animais. Pedro é agrônomo e está diretamente ligado às
técnicas de plantio, de produção e administração da propriedade. Eu, Leandro,
por ser o filho que primeiro ficou na propriedade, sempre gostei de mexer com
construções, ocupo-me na administração e seus números. Montei um banco de dados
e com ajuda de Pedro colocamos tudo no computador. A mim coube a divulgaççao e
a venda dos produtos na capital.
Está
divisão de tarefas foi acontecendo aos poucos e ajudou muito, pois cada um se
aprofunda na sua área. Percebe-se que cada um já tem uma boa bagagem de
informação onde colabora em muito para o gerenciamento da propriedade. Uma
irmã, a Inês, está na Itália, outras duas, Vera Lúcia e Gloriete, juntamente
com o irmão Aloisio, residem em Vitória. O mais velho dos irmãos, Francisco
Joel, infelizmente não está mais entre nós. Partiu para a eternidade deixando
em Franca (SP) três filhas e esposa. Todos quando estão na propriedade, ajudam
no atendimento e afazeres, principalmente nos finais de semana.
Na
propriedade residem em torno de 100 pessoas. Temos um número de funcionários em
torno de 35 pessoas, todos com vínculo empregatício. Nos tornamos uma pequena
empresa e é assim que a tratamos.
Nossas
propriedade tem 260 hectares, dos quais 40 por cento estão em reservas. Nas
áreas agricultáveis, trabalhamos com as culturas de café, abacate, milho,
feijão, reflorestamento e o confinamento de animais de leite da raça holandesa.
Estes últimos são um atrativo para os turistas por serem animais muito dóceis.
Cada
atividade é por si só um tema que podemos desenvolver e que os turistas
acompanham todo processo. E é disto que falamos aos turistas, falamos o que
fazemos. Neste hora que temos de mostrar que somos bons no que fazemos. Cada
propriedade deve preocupar-se em ter um atrativo diferente da outra.
O PRODUTO A SER
COMERCIALIZADO
No
meio rural normalmente não descobrimos nossas potencialidades, achamos que não
somos capazes de fazer nada além de preparar a terra, plantar e colher. O
agroturismo nasceu da nescessidade de fazer um produto de qualidade. Por isso
que temos de mudar a forma de pensar, de ver e de agir. Já encontrei
agricultores em vários lugares do Brasil que tem vergonha de dizer aquilo que
fazem e não têm coragem de dizer que aquele produto é seu. Isto não deve e não
pode acontecer, o primeiro a dizer que o produto é bom, é quem o fez. Dizer de
forma empolgante, com satisfação, com alegria, deixando transparecer a de
didcação e o carinho que teve no seu preparo.
Tem
gente que tem vergonha de vender o que produz. Fica revestido de uma modéstia
desnecessária. As grandes marcas não têm um produto peculiar como o nosso, mas
investem fortunas em divulgação. Desta forma eles crescem ganhando espaço no
mercado. Eles não se acanham em falar para os outros o que possuem para
oferecer. Temos que mudar nosso comportamento. O que produzimos é fruto do
trabalho, portanto, devemos buscar espaço e ocupá-lo. Ele existe, devemos
conquistá-lo.
Quando
colocamos o que fazemos para os outros é preciso que estejamos cobertos de
conhecimentos, que a qualidade do produto seja incontestável e garantirmos a
continuidade da produção. Este último é um dos problemas da agroindústria. Quem
compra quer ter a certeza da continuidade. Para isso funcionar temos de ir
produzindo aos poucos, de acordo com a nossa capacidade. É preferível ir
devagar e sempre, sem precipitação, conquistando espaço. Se acontecer uma queda
ela será menor.
O
agroturismo é uma escola para quem quer entrar no mundo dos negócios. O bom
vendedor deve saber o que o seu cliente deseja antes que ele pergunte. Estar
atendo a detalhes é um bom passo.
Não
devemos esperar o cliente no meio rural. Um jeito bom de divulgação é levar o
produto até o consumidor, em pontos de venda onde ele poderá comprá-los
diariamente. Não vendemos só para turista, mas para quem passa na propriedade.
Temos uma localização privilegiada, bem como as demais propreidades do
agroturismo. Estamos situados à margem da Rodovia Pedro Cola, que liga a BR
262 Castelo.
Nos
pontos de vendas deve existir parceria e conhecimento entre o comerciante e o
produtor, de tal modo que ao comprar o cliente sinta uma continuidade do que
ele presenciou na fazenda. Ocorre uma diferença quando os produtos são postos
em estabelecimentos que não têm parceria. Ele passa a fazer parte do rol das
mercadorias, confundindo com as demais embalagens, perde identidade. Ali
certamente não terá uma pessoa como na propriedade para falar do produto. A
agroindústria pode ser a solução para pequenas propriedades que trabalham no
regime de economia familiar.
A IMPRENSA
Por
ser um assunto novo é importante a participação dos meios de comunicação no que
toca ao conceito, com funciona, que regiões trabalham com esta modalidade do
turismo e que produtos são explorados.
No
início tivemos equívocos por parte de alguns meios de comunicação, mas poucos
em relação ao grande número de reportagens feitas. Depois passamos a falar a
mesma língua, tornando o agroturismo conceituado e conhecido. O sucesso chegou
mais rápido que esperávamos. Tivemos espaços na imprensa estadual. A
repercussão foi ótima. Viramos notícia. Valorizou-se o simples, o natural, a
união da comunidade e o trabalho familiar.
As
matérias devem acontecer com a imprensa no local. Isso faz com que a notícia
retrate a realidade. Lutamos para que isso acontecesse. Quando procurados
levamos o jornalista para sentir e conhecer a vida, as tradições, a natureza
preservada, o manuseio com os animasi e até a fabricação dos quitutes.
Destaco
a disponibilidade das pessoas com a imprensa. Receber virou marca e rotina.
Aconteceu de matérias para a televisão gastarem horas, mas todos colaboravam.
Descobrimos
que nossos atrativos eram bons e fortes. Mas o registro da imprensa aumenta a
credibilidade e mostra o que temos de verdade. Faço registro com relação à Rede
Gazeta que sempre nos apoiou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário