sexta-feira, 1 de junho de 2012

EMPOÇADO, AFONSO CLAUDIO, ONDE O MEIO AMBIENE E TEMA DO DIA A DIA.


A comunidade do Empoçado, Afonso Claudio, tomou para si os erros cometidos no passado. Assumiu como responsabilidade coletiva a degradação das nascentes que antes forneciam águas em abundancia para todos. Mas ao invés de ficar fazendo lamurias com relação ao que seus antepassados fizeram com o meio ambiente, ela resolveu reagir e mais do que isto, resolveu agir.
A comunidade do Empoçado tem 100 pequenas propriedades, 150 famílias e 800 habitantes.
Tudo tem como base o ano de 2003, quando uma grande seca levou prejuízo a toda coletividade, atingindo diretamente os seus bolsos. A falta de chuvas minguou os reservatórios ,  as plantas não evoluíram e como resposta não puderam dar frutos. A safra de café foi pequena. As pastagens secaram e o gado passou fome, emagreceu e o leite, que era uma boa fonte de renda, diminuiu. Os plantios de milho, feijão e verduras ficaram esperando pela água, bem como os animais e até mesmo a população.
A comunidade diminuiu, não no número de habitantes, mas na sua auto estima.
O ano de 2004 foi marcado pelas ações concretas, centrada e centralizada na Escola Municipal. Também o ano de 2005 foi de debate e de discussão, ir ao fundo do problema que era de todos, mas que antes não era de ninguém, quando muito era do vizinho.
Os alunos da escola ganharam um concurso ao fazerem uma cartilha onde mostravam os problemas do meio ambiente.
Um mutirão foi criado e denominado os caçadores de nascentes, percorrendo toda região que tem altitude de 300 a 1.000 metros. Localizaram mais de 200 nascentes e olhos de água.
Já no ano de 2006, com apoio direto e decisivo do Ministério Público Estadual, cercaram e fizeram o plantio de essências nativas em nove nascentes. Estava dado o primeiro passo concreto no sentido de corrigir a rota e os caminhos que seus antepassados tomaram não havia muitos anos.
Um freio na devastação e na desfiguração do meio ambiente foi a opção encontrada e adotada, talvez a única que eles tinham. Ou agem ou morrem de sede.
Ainda em 2006 apareceu o Instituto Terra, uma idéia do fotografo Sebastião Salgado que em Aimorés, Minas Gerais, começou um trabalho de recuperação das terras devastadas de sua família. Um novo parceiro apareceu e uma ação foi programada para 2007, quando as primeiras tradicionais chuvas começassem a chegar. Assim vinha acontecendo sempre. Isto mesmo, assim vinha acontecendo. O final de 2007 foi marcado por chuvas em menor intensidade, o que fez prorrogar o início da recuperação de mais 15 nascentes.
O plantio de sicupira, peroba e demais plantas teve de esperar. A Natureza estava mandando mais um recado e sentindo as ações deletérias do homem, que sempre se considerou o Senhor absoluto do Universo e que dele poderia dispor quando bem interessasse. Assim tem sido até os nossos dias. Assim agiremos até quando?
Mas não é este o problema que vai fazer com que a comunidade pare no tempo, ela sabe que mais na frente, aquilo que chamamos de futuro, depende fundamentalmente da ação do agora.
Texto publicado em A GAZETA em 5-04-2008

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