A derrubada de árvores na floresta amazônica por exploração convencional, legal ou ilegal, e sua transformação em tábuas, vigas, pranchas e outros formatos de madeiras serradas utilizadas na construção civil é responsável por algo entre 6,5 e 24,9 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por metro cúbico de madeira serrada. Essa estimativa é uma das conclusões da dissertação de mestrado Emissão de CO2 da madeira serrada da Amazônia: o caso da exploração convencional, que foi realizada pela arquiteta Érica Ferraz de Campos na Escola Politécnica (Poli) da USP, sob orientação do professor Vanderley John.
Da Acadêmica, Agência de Comunicação
Da Acadêmica, Agência de Comunicação
Pesquisadora analisou o processo produtivo da madeira serrada na Amazônia
Outras fontes de CO2
Na segunda etapa do processo, que ocorre nas serrarias, devido ao baixo aproveitamento delas, pelo menos 54% da biomassa das toras são transformados em resíduos, como pedaços de madeira, cascas, aparas e pó de serragem, que são queimados ou se degradam, transformando-se em outra fonte de CO2. Além disso, em toda a cadeia produtiva, é consumida energia fóssil, principalmente óleo diesel, para funcionamento de equipamentos, como motosserras, tratores, maquinário de processamento das toras e veículos de transporte, que levam as toras da floresta até as serrarias. É a terceira etapa, na qual também é liberado CO2, resultante da demanda energética.
Na segunda etapa do processo, que ocorre nas serrarias, devido ao baixo aproveitamento delas, pelo menos 54% da biomassa das toras são transformados em resíduos, como pedaços de madeira, cascas, aparas e pó de serragem, que são queimados ou se degradam, transformando-se em outra fonte de CO2. Além disso, em toda a cadeia produtiva, é consumida energia fóssil, principalmente óleo diesel, para funcionamento de equipamentos, como motosserras, tratores, maquinário de processamento das toras e veículos de transporte, que levam as toras da floresta até as serrarias. É a terceira etapa, na qual também é liberado CO2, resultante da demanda energética.
Somando tudo, Érica estimou que, no total, esse processo produtivo libera entre 7,5 e 28,4 toneladas de dióxido de carbono por tonelada seca de madeira serrada. A esse valor, deve-se acrescentar o que é liberado na quarta etapa, que é transporte do produto entre a serraria e o mercado consumidor. Considerando-se a distância média percorrida legalmente com a madeira amazônica no Brasil, que foi estimada em 1.956 km, essa etapa libera mais algo entre 0,03 e 0,12 tonelada de CO2 por tonelada de tora processada.
Diante desses dados, Érica diz que o impacto da madeira amazônica serrada não pode ser desprezado, mesmo em casos de exploração legal. Extrapolando os dados de emissão unitária de CO2 para a quantidade de madeira consumida, estimamos que essa atividade pode ter representado entre 3,5% e 13,1% do total das emissões brasileiras de dióxido carbono (CO2) em 2005.
Para ela, o modelo convencional de exploração tem que ser revisto. “Políticas públicas, incentivos de mercado e iniciativas de mitigação precisam ser criadas com urgência, tanto para minimizar a liberação de CO2, como para promover a conservação da floresta”, defende. “Mas para isso são necessários mais estudos, principalmente que levantem dados da exploração manejada da floresta Amazônica, com o objetivo de medir e detalhar a contribuição de cada etapa do processo produtivo com maior exatidão, além de caracterizar a madeira de áreas com diferentes composições de vegetação e para diferentes modelos de exploração.” Na sua avaliação, informações sobre o impacto dos diversos materiais de construção são fundamentais para profissionais e consumidores gerenciarem a sustentabilidade no setor. “No caso do CO2, os dados podem ser incorporados em inventários de carbono de edifícios”, finaliza.
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