Terminou no último sábado (13), o sequestro de Hussein Kamel Jaafar, um dos membros do clã Jaafar, o que desencadeou uma onda de sequestros e desestabilizou a região de Baalbek-Hermel no último mês. Jaafar foi sequestrado por rebeldes islâmicos anti-Síria em 23 de Março, e desde então, o clã estava negociando sua libertação, que ocorreu nas primeiras horas de sábado. Jaafar relatou tudo o que passou em poder dos sequestradores da brigada islamita Al-Farouq, e disse que ele não acreditava que sairia de lá vivo.
Ele afirmou que seus sequestradores foram ajudados por homens de Arsal, mas que eles não eram muçulmanos verdadeiros, e não praticavam o islã, passavam o dia todo ouvindo música. Um dia antes do sequestro, quando ele esteve em Arsal, Jaafar disse que sentiu que estava sendo vigiado, e à noite ele foi abordado por homens estranhos, que estavam acompanhados de homens de Arsal.
Os homens lhe pediram a identidade, e sentindo que estava em perigo, em virtude de sua seita xiita, ele disse aos homens que era sunita. Porem, os homens deram um telefonema onde confirmaram que ele era xiita e da família Jaafar; neste momento ele tentou fugir, mas não conseguiu.
Jaafar contou que foi amarrado, vendado e levado de carro para um local distante que levou duas horas para chegar. Jaafar foi mantido cativo numa casa velha e fétida, que não servia nem para abrigar animais, e era vigiado por homens armados e de longas barbas.
Junto com ele, havia outro prisioneiro, um alauíta sírio, que ficou com ele no mesmo cativeiro por três dias e depois levado para um destino desconhecido. Ele relatou que era frequentemente espancado, e foi alimentado com pão velho e batatas, durante os primeiros seis dias, tendo uma sutil melhora alguns dias depois; mas continuou a ser espancado e torturado fisicamente e psicologicamente, além de ter passado por repetitivos interrogatórios sobre sua ligação com o Hezbollah, e com o movimento do partido no conflito contra a Síria, até o dia de sua libertação.
De acordo com seu testemunho, ele ainda acreditou ter sido sequestrado simplesmente por pertencer a uma seita diferente, porque os homens puderam averiguar e comprovar que ele realmente era um homem simples e trabalhador, sem nenhuma ligação com política de guerrilha alguma, mas que tudo o que ele passou foi simplesmente pelo prazer de torturar e humilhar uma pessoa da seita oposta.
O resgate de US$140 mil foi pago por comerciantes de Arsal, vários empresários, e também pelo ex-ministro Solh Hamade. Na noite de sexta-feira (12) os reféns, de ambos os lados, foram levados até o posto de controle do exército de Labweh, próximo a Arsal. Toda a negociação de libertação foi feita na presença de representantes da inteligência do exército, familiares de Jaafar, familiares do outro sequestrado e figuras notáveis de Arsal, no intuito de facilitar a execução do término do sequestro, que terminou com tiros de comemoração.
Claudinha Rahme
Gazeta de Beirute
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