Os produtores rurais do interior de São Paulo estão enfrentando um problema: está faltando mão de obra pra colher as safras. Quem apostou na mecanização vai ter que desembolsar mais para atrair trabalhadores.
No Vale do Paranapanema, no interior de São Paulo, o problema é a falta de mão de obra. Está difícil encontrar trabalhadores rurais dispostos a fazer a colheita da mandioca. "Não está tendo mais, é nós mesmos aí, tudo com cinquenta anos. Acho que, na hora que acabar ‘nós’, acabou. Os jovens não querem saber disso não", diz o trabalhador rural Audivino Madeira.
O problema não é a remuneração. Nos últimos cinco anos, o salário dobrou em relação à inflação e aumentou mais do que o próprio salário mínimo, que teve uma alta expressiva.
As colheitas da laranja e do café devem começar nas próximas semanas, e os produtores vão ter que fazer uma boa oferta para conseguir mão de obra. Até mesmo os trabalhadores rurais que vieram do Norte e do Nordeste do país nos últimos anos começam a buscar outras oportunidades.
"O pessoal está saindo do campo, isso em todo o país. Gente com menos de 30 anos, 20 anos, você não encontra mais. Como eles estão localizados na área urbana, e estão ganhando bem, retornar para a área rural, eles não vão. Só mediante um aumento substancial de salário. É um fenômeno irreversível, dentro da economia brasileira”, diz Maurício Lima Verde, vice-presidente da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo.
Os produtores de macadâmia tiveram que investir na compra de uma colheitadeira para driblar a falta de mão de obra. O engenheiro agrônomo Leonardo Moriya visitou fazendas na Austrália, terra de origem da noz, para encontrar o equipamento que vai garantir a colheita. A máquina custou R$ 200 mil. "Em virtude da falta de mão de obra, uma colheita mecanizada vai fazer com que essa operação de colheita seja agilizada com ganho de eficiência, com ganho operacional e um ganho financeiro", diz.
Jornal da Globo
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