Adital
Nestes dias 27 e 28 de maio, São Paulo será o ponto de encontro de militantes, defensores públicos, jovens, gestores e interessados para o Seminário Latino-americano de Saúde Mental e Justiça Juvenil, que busca dialogar sobre a construção de estratégias voltadas à saúde mental de adolescentes no Sistema de Justiça Juvenil, de forma a criar um ambiente favorável, em nível latino-americano, para garantia dos direitos fundamentais e uma relação mais humanizada entre profissionais de saúde e pacientes.
A ideia do seminário se deu por conta da saúde mental no sistema socioeducativo, que possui como características básicas a intensa medicalização e o confinamento involuntário de pacientes, que têm seus direitos violados e sofrem preconceito na vida cotidiana. Também motivou o evento o surgimento de uma unidade experimental de saúde em São Paulo, que está acolhendo jovens que clínicas tradicionais consideram como casos sem solução e que a polícia não liberta, por serem considerados de alta periculosidade.
Por isso, estão programadas mesas temáticas que discutirão o panorama internacional de direitos humanos de crianças e adolescentes e saúde mental, infância e juventude medicalizada, saúde mental e sistema de justiça juvenil na América Latina, dentre outros assuntos.
ADITAL Jovem conversou com Djalma Costa, diretor do Centro de Defesa do Direito da Criança e do Adolescente de Interlagos (Cedeca Interlagos), situado em São Paulo, que explicou melhor sobre a atual situação dos jovens internados na região: "A violação dos direitos dos adolescentes internados é maior na América Latina do que em outros continentes, especialmente no Brasil, em que as doenças relacionadas à saúde mental são vistas à parte em relação a outras doenças. Assim, se tem como única alternativa a internação. Se levarmos em conta países como o Canadá e Estados Unidos a coisa é bem diferente. A relação entre médico e paciente é mais humana, eles usam métodos que asseguram a socialização com a família, com taxas menores de internação”.
Mônica Brito, do Cedeca Tocantins, acrescentou: "A atual situação da saúde mental e Sistema de Justiça Juvenil no Brasil sofre com a falta de políticas públicas que gerem ações para a verdadeira ressocialização e autonomia dos pacientes. O que existe são profissionais sem formação, geralmente indicados por políticos, e os que possuem alguma especialização não recebem uma formação continuada e medidas de ressocialização que envolvem medicalização, internamento forçado e, em alguns casos, tortura. E como nos países da América Latina o tema e os casos têm sido parecidos resolvemos fazer o seminário abrangendo toda a região”.
O evento é uma realização da Rede Nacional de Defesa do Adolescente em Conflito com a Lei (Renade), do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Glória de Ivone (Cedeca Tocantins), da Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente (Anced/ Seção DCI Brasil) e com apoio do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente de Interlagos (Cedeca Interlagos), do Grupo Interinstitucional de São Paulo, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente da presidência da República (SDH/ PR).
Para saber mais informações sobre o Seminário Latino-americano de Saúde Mental e Justiça Juvenil acesse: http://www.renade.org.br/.
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