segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Angela Merkel e o triunfo do centrismo na política


Angela Merkel conquistou um triunfo. Uma maioria de alemães a elegeu, no domingo (22). Aos 59 anos, ela cumprirá um terceiro mandato à frente da quarta maior economia do mundo. Mais do que continuidade política, é um imenso reconhecimento pessoal que está lhe sendo concedido. A Alemanha de Angela Merkel dominará a Europa dos quatro próximos anos.

Le Monde
A chanceler Angela Merkel celebra com correligionários seu triunfo no pleito de domingo (22)
A chanceler Angela Merkel celebra com correligionários seu triunfo no pleito de domingo (22)
A chanceler encarna seu país melhor do que qualquer um da classe política alemã neste início de século 21. Prudente, pragmática, continuamente em busca de consenso, ela está em sintonia com os alemães. Ela é a quintessência do centrismo em uma Alemanha que não se atormenta com nenhuma tendência extremista – nem à esquerda, nem à direita. Que país feliz e que singular exceção europeia!
A chanceler alemã, Angela Merkel, eleita para um terceiro mandato naseleições gerais desse domingo (22), sorri durante encontro de seu partido União Democrática Cristã (CDU), em Berlim, na Alemanha. Seu partido conservador obteve o melhor resultado eleitoral em mais de duas décadas, mas sem alcançar a maioria absoluta
Com 41,5% dos votos, seu partido, a CDU (União Democrata-Cristã), se aproxima da maioria absoluta no Bundestag, o parlamento. Por não conseguir atingir a marca dos 5%, seu aliado liberal do FDP pela primeira vez foi despejado dessa assembleia. Pelo mesmo motivo, os anti-União Europeia do partido Alternativa para a Alemanha tampouco estarão presentes.
Provável aliado da CDU em uma futura coalizão, o SPD (Partido Social-Democrata) quase chegou a seu pior nível da história, com 25,7% dos votos. O resto da esquerda, sejam eles os Verdes (8,4%) ou a Die Linke (8,6%), também está perdendo terreno.
Para a Europa, uma Merkel 3ª, mesmo com o SPD como sócio minoritário, lembrará a Merkel 2ª. A chanceler não tem ambições para a União Europeia no cenário internacional além deste: reconquistar uma competitividade sem a qual o destino da Europa se conjugará com seu declínio, nesses tempos de globalização econômica.

As fotografias reunidas por Menner incluem diversas imagens de agentes da Stasi recebendo bigodes e barbas falsas. Estima-se que a Stasi mantivesse uma forte vigilância sobre seus próprios agentes ? mais do que qualquer outra polícia secreta da História
Ela não está errada. Não se tem peso no cenário internacional, não se defendem seus interesses nem seus valores quando não se conta economicamente. Mas a chanceler flerta com o declínio estratégico quando rejeita tudo que poderia dar corpo a uma política externa e de defesa conjunta.
Como decidiu que a continuidade do euro era de interesse da Alemanha, ela aceitará o mínimo de federalismo necessário ao funcionamento da união monetária: reforço da coordenação orçamentária, manutenção do Fundo de Solidariedade que é o Mecanismo Europeu de Estabilidade, mas não as euro-obrigações; progressão lenta na direção da união bancária; adaptação prudente das políticas de austeridade impostas ao sul da Europa etc.
Essa mudança não será feita com novas delegações de soberania em Bruxelas. A Alemanha de hoje não quer isso. Isso será feito, no que diz respeito a ela, no ritmo lento de um país onde os parlamentares e os juízes constitucionais contam. Para a Europa, isso é de se lamentar. É de se comemorar, também: é o ritmo de uma democracia em plena maturidade, como poucas no Velho Continente.
Tradutor: Lana Lim

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