Entretanto, políticas agrícolas que garantam o preço mínimo devem ser vistas com cautela, uma vez que podem refletir mais na preocupação dos reguladores com a expansão e controle da produção de café em detrimento a sua melhoria na qualidade; ainda que na atual conjuntura o ágio no preço para quem produz café com qualidade seja pequeno, desmotivando mais o cafeicultor.
Alguns caminhos estratégicos são muito comentados e entre eles o mais discutido é a falta ou ainda incipiente coordenação político-econômica com soluções que possam ser bem sucedidas a cafeicultura. Alguns tem seguido um caminho mais promissor, como associar a identidade com a qualidade dos cafés, ao explorar a grande variedade de tipos de cafés, resultante de diversas micro-regiões produtoras, atrelando a sustentabilidade social, ambiental e econômica, não deixando de lado a rentabilidade com altas produtividades, apenas possíveis com investimento em tecnologia e conhecimento humano para adotar boas práticas agronômicas.
Do mesmo modo, seria pertinente considerar a adoção de uma política estratégica no marketing dos cafés brasileiros, de maneira a dar visibilidade ao produto e estimular o consumo, já que produzir cafés de qualidade não necessariamente remete ao fato de comercializá-los.
E como momento de reflexão histórica, é de conhecimento que a cafeicultura ao longo de quase três séculos no Brasil passou por memoráveis momentos de baixa e de alta, resultante dos mais diversos fatores, como clima, pragas, doenças e economia. No entanto, isso são ciclos inerentes a cultura e ao processo da conjuntura do sistema capitalista, em que os impactos podem ser atenuados com o tempo e adequados mecanismos de reestruturação do setor cafeicultor. Este, por sua vez, se confunde em muito com a História do Brasil, ao servir de instrumento importantíssimo ao crescimento deste país, constituindo-se como um catalisador de investimentos, infra-estrutura e todas as divisas necessárias para o processo de industrialização e profundos reflexos nas mudanças sociais, políticas e econômicas.
William de Brino Silva
Engenheiro Agrônomo
williamdebrino@hotmail.com
Fonte: http://falacampo.wordpress.com/2013/12/14/as-idas-e-vindas-do-cafe/
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