publicado em 2 de junho de 2014 às 13:16
Experiência própria: na Globo nada vai ao ar sem autorização de cima
Faustão ataca a Copa e esquece a Globo
Por Altamiro Borges, em seu blog
O apresentador Fausto Silva anda muito revoltado. Não deve ser por causa do salário, já que ele recebe uma fortuna da TV Globo e ainda tira uns “trocados” dos bilionários anunciantes. Nos últimos tempos, ele transformou o seu programa Domingão do Faustão num verdadeiro palanque, com duros ataques ao governo Dilma.
Neste domingo (1), segundo o site UOL, ele aproveitou para “criticar a incompetência e a corrupção no Brasil”, reforçando o complexo de vira-latas das elites tão em moda nas vésperas da abertura da Copa do Mundo. Vale conferir alguns trechos da reportagem:
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“País da Copa do Mundo, mas que não conserta enchente, que dá serviço péssimo de saúde, escola de quinta categoria, que não oferece segurança. Esse é o país que quer fazer Copa do Mundo com 17 [12] cidades, mas que não faz nem com cinco”, entrou no assunto Fausto Silva, durante o ‘Domingão’, deste domingo (1). O apresentador prosseguiu com as críticas, mas pediu uma trégua à população brasileira em relação às manifestações. “O Brasil convidou mais de 600 mil estrangeiros para virem aqui. Os nossos problemas temos de resolver entre nós. Passa a Copa do Mundo e depois o pau come de novo para a gente resolver”, desabafou.
“Já que vai começar dentro dessa bagunça toda, desses estádios caros, vamos tentar fazer o melhor possível, até porque a minha avó já dizia ‘roupa suja se lava em casa’. Não dá para mostrar para o mundo inteiro que somos o país da corrupção e da incompetência. Muita gente já sabe”, completou Fausto Silva… Minutos depois, o apresentador voltou a tocar no assunto. “O Brasil dentro de campo é uma coisa. O Brasil fora é outro. O povo já percebeu. O Brasil precisa ganhar a Copa da educação, da saúde, contra o preconceito”, avaliou. “A nossa Copa do Mundo é em outubro, época das eleições”, decretou.
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Já que anda tão revoltado, tão rebelde, Faustão podia aproveitar para criticar o império midiático em que trabalha. A TV Globo é uma das maiores culpadas pelas mazelas históricas do Brasil.
Ela sempre apoiou as forças conservadoras que emperram o desenvolvimento do país. Para montar sua rede nacional de televisão, através das afiliadas, ela firmou parceria com as velhas oligarquias, montando um sistema de coronelismo eletrônico.
Em todos os momentos decisivos da história, a famiglia Marinho se colocou contra o progresso social, a soberania nacional e a democracia. Foi contra as leis trabalhistas de Getúlio Vargas, fez campanha contra a Petrobras e sabotou os governos progressistas.
Recentemente, acuada pelos protestos de rua e os gritos de “A realidade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, o poderoso império global inclusive reconheceu oficialmente que apoiou o golpe de 1964 e a sanguinária ditadura militar, numa autocrítica meia-sola.
Faustão, tão rebelde e corajoso, poderia aproveitar esta confissão para criticar seus patrões, que fizeram fortunas exatamente neste período. Como forma de resolver os graves problemas sociais, o milionário apresentador poderia até defender a urgência de uma reforma tributária no Brasil, que retire um pouco de grana dos muitos ricos para investir em programas de superação das injustiças crônicas do país.
No mês passado, a revista Forbes publicou a lista das 15 famílias mais ricas do Brasil, que juntas possuem uma fortuna de US$ 122 bilhões – o equivalente a 5% de todas as riquezas produzidas no país (PIB). No topo do ranking aparece a famiglia Marinho, dona das Organizações Globo, com uma fortuna estimada de US$ 28,9 bilhões.
No próximo “Domingão do Faustão”, o indignado apresentador bem que poderia citar os nomes dos bilionários nativos, maiores responsáveis pelas mazelas nacionais. Como forma de ajuda a Fausto Silva, publico abaixo a lista da Forbes:
As 15 famílias mais ricas do Brasil
1 — Marinho (Mídia):
Os três irmãos que controlam as Organizações Globo são bilionários: Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto Marinho. Juntos, eles têm uma fortuna estimada em US$ 28,9 bilhões
2 — Safra (Banco)
São três parentes, todos bilionários graças ao império do banco Safra: Joseph Safra, Moise Safra e Lily Safra. Eles têm a fortuna estimada em US$ 20,1 bilhões quando somada
3 — Ermírio de Moraes (Conglomerado Votorantim)
São seis parentes, todos bilionários –Antonio Ermírio de Moraes, Ermírio Pereira de Moraes, Maria Helena Moraes Scripilliti, José Roberto Ermírio de Moraes, José Ermírio de Moraes Neto e Neide Helena de Moraes–, com fortuna estimada em US$ 15,4 bilhões. A riqueza veio do grupo Votorantim, fundado por José Ermírio de Moraes Juntos em 1918, e que hoje inclui de banco a siderúrgica
4 — Moreira Salles (Banco)
Reúne quarto irmãos, todos bilionários: Fernando Roberto Moreira Salles, João Moreira Salles, Pedro Moreira Salles e Walter Moreira Salles Junior. A fortuna deles vem da herança do Unibanco, incorporado ao Itaú, e de uma empresa de mineração de nióbio. Somando tudo, dá US$ 12,4 bilhões
5 — Camargo (Conglomerado Camargo Corrêa)
São três irmãs, todas bilionárias: Rossana Camargo de Arruda Botelho, Renata de Camargo Nascimento e Regina de Camargo Pires Oliveira Dias. Juntas, elas têm um fortuna avaliada em US$ 8 bilhões, vinda do império Camargo Corrêa, que têm negócios de engenharia, construção, energia e transportes, entre outros
6 — Villela (Itaúsa)
São cinco parentes, dois deles bilionários graças à herança do banco Itaú: Alfredo Egydio de Arruda Villela Filho e Ana Lucia de Mattos Barretto Villela. Juntos, eles têm US$ 5 bilhões
7 — Maggi (Soja)
São cinco parentes, quatro deles bilionários graças a uma das maiores produções de soja do mundo: Lucia Borges Maggi, Blairo Borges Maggi, Marli Maggi Pissollo, Itamar Locks e Hugo de Carvalho Ribeiro. A fortuna em conjunto é estimada em US$ 4,9 bilhões
8 — Aguiar (Banco)
São três irmãs, todas bilionárias graças à herança do banco Bradesco: Lina Maria Aguiar, Lia Maria Aguiar e Maria Angela Aguiar Bellizia. As três juntas têm uma fortuna estimada em US$ 4,5 bilhões
9 — Batista (Carnes)
São dez parentes herdeiros da fortuna de José Batista Sobrinho, fundador da produtora de carne JBS –hoje uma das maiores empresas de alimentos do mundo. Nenhum deles é bilionário, mas juntos somam US$ 4,3 bilhões
10 — Odebrecht (Vários setores)
São 15 parentes herdeiros da empresa fundada pelo engenheiro pernambucano Norberto Odebrecht. O grupo atua em diversos setores, entre eles engenharia, construção, produtos petroquímicos e químicos. Sozinho, nenhum dos parentes é bilionários, mas juntos eles reúnem US$ 3,9 bilhões
11 — Civita (Mídia)
São três irmãos (Giancarlo Francesco Civita, Anamaria Roberta Civita e Victor Civita Neto) herdeiros da editora Abril. Juntos, têm fortuna avaliada em US$ 3,3 bilhões
12 — Setubal (Banco)
São 25 parentes de uma das famílias fundadoras do banco Itaú (foram os Villela junto com os Setubal). Nenhum dos Setubal é bilionário, mas juntos eles têm uma fortuna estimada em US$ 3,3 bilhões
13 — Igel (Petróleo e petroquímicos)
São sete parentes herdeiros do grupo Ultra, dono de marcas como Ipiranga e Ultragás, com fortuna avaliada em US$ 3,2 bilhões. Dos sete, um deles é bilionário: Daisy Igel
14 — Marcondes Penido (Rodovias pedagiadas)
São duas irmãs herdeiras da CCR, maior operadora brasileira de rodovias pedagiadas por valor de mercado, com fortuna estimada em US$ 2,8 bilhões. Uma delas é bilionária: Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna
15 — Feffer (Celulose e papel)
São cinco irmãos, herdeiros da Suzano. Nenhum deles é bilionário, mas, juntos, eles têm uma fortuna estimada em US$ 2,3 bilhões.
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