Cepea, 28 – Mesmo com o aumento na produção, o preço do leite pago ao produtor seguiu estável no mercado nacional pelo terceiro mês consecutivo. O valor médio do leite em agosto, de R$ 1,0119/litro (líquido – sem frete e impostos), foi apenas 0,08% inferior ao de julho, mas 6,11% abaixo do de agosto/13, em termos reais (descontando-se a inflação – IPCA de julho/14), na “média Brasil”. O preço bruto (inclui frete e impostos) foi de R$ 1,0978/litro em agosto, pequeno recuo de 0,14% em relação a julho e 4,9% inferior ao de agosto/13, em termos reais. Estas médias são calculadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e ponderadas pelo volume captado nos estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP, em julho/14. No geral, a estabilidade nos valores ainda é reflexo da demanda pouco aquecida pelos derivados lácteos em grande parte das regiões acompanhadas pelo Cepea.
Quanto à produção de leite, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve alta de 3,8% de junho para julho/14 e de expressivos 12,77% em relação a julho/13. De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, as condições climáticas favoráveis nas regiões Sul e Nordeste, o período de safra sulista e investimentos realizados por produtores no correr do ano influenciaram esse aumento na produção.
Com exceção de Goiás, que teve redução de 0,62% na captação em julho/14, todos os demais registraram alta na produção. Na Bahia, houve a elevação mais expressiva, de 10,07%, seguida pelo Rio Grande do Sul, com 9,87%, Santa Catarina, com 7,66%, São Paulo, com 2,5%, Minas Gerais, com 2,4%, e o Paraná, com ligeiro 0,06%.
Por outro lado, o aumento da oferta no campo tem resultado em enfraquecimento dos preços na região Sul do País. Além disso, notícias de adulteração no leite sulista também prejudicaram as vendas de derivados, principalmente no Rio Grande do Sul e em algumas regiões de Santa Catarina. Colaboradores do Sul do Brasil afirmaram que a produção pode aumentar ainda mais nos próximos meses, já que estão no início do período de safra, além de haver previsões de condições climáticas favoráveis e também queda nas cotações do concentrado.
Para setembro, as expectativas apontadas pelos laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea são, principalmente, de estabilidade nos preços do leite captado em agosto. Dentre as empresas consultadas, 62,4%, que representam 51,2% do leite amostrado, acreditam em estabilidade. Outros 24,7% (34,3% do volume captado) esperam queda, enquanto os 12,9% restantes apontam alta nas cotações.
No mercado de derivados, houve alta nos preços médios de agosto (até o dia 27) frente aos do mês anterior. O leite UHT se valorizou 3,03% e a muçarela, 1,97% – ambos negociados no atacado do estado de São Paulo. O UHT teve média de R$ 2,37/litro e a muçarela, de R$ 12,96/kg. De acordo com colaboradores, a valorização destes derivados esteve atrelada principalmente à redução dos estoques de derivados em julho e à dificuldade no transporte dos produtos vindos do Sul do País, devido às chuvas. Este levantamento de preços de derivados do Cepea é realizado diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).
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