247 - O ano de 2014, como todos sabem, foi aquele em que o Partido dos Trabalhadores venceu, pela quarta vez consecutiva, uma eleição presidencial.
Por uma margem apertada, mas venceu.
O PT conquistou ainda territórios importantes, com as vitórias inéditas em Minas Gerais, com Fernando Pimentel, e no Ceará, com Camilo Santana. No Acre, Tião Viana garantiu ao partido a quinta conquista. Na Bahia, Rui Costa deu o tri ao PT, depois de dois governos de Jaques Wagner. E, no Piauí, garantiu-se a volta do senador Wellington Dias.
Se isso não bastasse, uma pesquisa realizada neste ano apontou que, apesar de todos os escândalos, o PT ainda é o partido político mais admirado do País, com 16% das preferências – o PSDB vem em segundo lugar com 4%. Além disso, uma pesquisa do Datafolha indicou que a presidente Dilma Rousseff é a governante que, na visão dos brasileiros, mais enfrenta a chaga da corrupção – os ex-presidentes Lula e FHC aparecem em segundo e em último lugares, respectivamente.
O declínio da Abril
Corte, agora, para a Editora Abril. 2014 foi o ano em que seu carro-chefe, a revista Veja, pagou o maior mico da história do jornalismo brasileiro. Em pleno dia das eleições, foi condenada a publicar um direito de resposta, por tentar fraudar a vontade popular com sua famosa capa 'Eles sabiam de tudo', que teve milhares de exemplares rodados como panfletos de campanha.
Depois disso, a casa dos Civita anunciou só notícias ruins. Cortes de pessoal, fechamentos de revistas, como a Info Exame, que migrou da plataforma impressa para o digital, e enxugamentos de custo. As publicações que, agora, parecem estar pela bola sete são a Men's Health e a Playboy.
'O ano em que pagamos mico'
É nesse contexto, de surpreendente resiliência do PT e franco declínio da Abril, que o jornalista José Roberto Guzzo, colunista de Veja e integrante do conselho editorial da empresa dos Civita, decidiu publicar um texto extremamente bizarro.
No texto 'O fim da história', ela afirma: 'É possível que 2014 acabe entrando para a memória política brasileira como o ano em que o Partido dos Trabalhadores morreu'.
Segundo Guzzo, o PT morreu por 'suicídio involuntário' ou 'por ter inoculado em si próprio uma doença prolongada, progressiva e incurável chamada corrupção'.
'Como um partido pode sobreviver se perdeu a honra?', questiona o jornalista, afirmando ainda que, nos 12 anos de poder, o PT não pariu uma única ideia útil ao país, ignorando programas como o Bolsa-Família, o ProUni e tantos outros.
Guzzo parece incapar de olhar ao redor e enxergar as ruínas não do PT, mas da própria Editora Abril, que substituiu o jornalismo pela panfletagem política.
Ironicamente, a capa de Veja sobre 2014 não poderia ter um título mais apropriado: 'O ano em que pagamos mico'. Com a ressalva, claro, de que se encaixa para a Abril, não para o Brasil como um todo.
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