19/03/2015 17:50
Estudo da UnB aponta que quem recebe a transferência de renda tem 5,4 pontos
percentuais a mais de chance de melhorar da doença
Brasília, 19 – Combater a pobreza também é investir na saúde da população. Este é o
resultado da pesquisa inédita da mestranda em epidemiologia das doenças infecciosas
e parasitárias da Universidade de Brasília (UnB), Ana Wieczorek Torrens.
A tese de mestrado O impacto do Bolsa Família na cura da tuberculose comparou um grupo
formado por pessoas diagnosticadas com a doença e beneficiárias do Bolsa Família com outro
composto de beneficiários incluídos no programa após o encerramento do tratamento.
“A proporção de cura entre os beneficiários do Bolsa Família foi 86%, 5,4 pontos percentuais
acima do grupo não exposto ao benefício durante o tratamento”, destacou Ana, que trabalha
como fisioterapeuta epidemiologista no Ministério da Saúde.
“Essa melhoria é estatisticamente significativa”, explicou a pesquisadora. Segundo a mestranda,
a nova estratégia de controle da tuberculose recomenda a proteção social para os pacientes
com tuberculose. O estudo é o primeiro achado da efetividade da transferência de renda
condicionada na cura da doença. “A tuberculose é uma doença relacionada à pobreza, os
casos se concentram em populações mais vulneráveis. E a transferência de renda condicionada
se torna uma possibilidade para melhorar a adesão ao tratamento”, explicou.
O estudo cruzou dados entre o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinane), o
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e a folha de pagamento do Bolsa
Família da Caixa Econômica Federal, durante o ano de 2010. Segundo o Ministério da Saúde,
a tuberculose é sério problema da saúde pública no Brasil. São notificados aproximadamente
70 mil novos casos a cada ano e 4,6 mil pessoas morrem em decorrência da doença. O Brasil
ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose
no mundo. Nos últimos 17 anos, a doença apresentou queda de 38,7% na taxa de incidência
e 33,6% na taxa de mortalidade.
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